As cores, vestes, padrões e tamanhos são variados. Mas, como se costuma dizer,todos os caminhos vão dar a Roma.Neste caso, a Belém! Falamos de Ana Maria Viveiros que dispõede uma colecção de, imaginem, mais de 100 anjinhos e meninos Jesus! E o objectivo é continuar...
AM- Nome completo?
AV- Ana Maria Neto Viveiros
AM- Como surgiu a ideia de coleccionar Meninos Jesus?
AV- Tudo começou há cerca de vinte e cinco anos, mais ou menos em 1980-81, com uma imagem de família, que já vem do tempo dos meus avós e padrinhos. Sempre tive um carinho muito especial pela noite do Natal, que, para mim, é tudo o que de há de mais bonito. Sou assim desde pequena, talvez fosse pelos brinquedos ou, porque a minha mãe dava sempre muito relevo a esta data. E os meninos Jesus, para mim, são a noite de Natal.A certa altura, vi-me com quatro ou cinco meninos Jesus e foi este o primeiro grupinho. Toda a colecção é fruto da minha procura em todo o lado por onde passo, ou de amigos que até em viajem se lembram de mim e trazem-me exemplares das localidades por onde passam.
AM- No momento dispõe de quantos exemplares?
AV- Tenho à volta de 130 Meninos Jesus e cerca de 150 anjos, pois estão ambos relacionados.
AM- Alguns provém de outros países. Quais?
AV- México, Espanha, Angola, Polónia, Praga e Norte de África… e já aí vão uns tantos.
AM- Falou há pouco também na Casa dos Espíritos. De que se trata?
AV- A Casa dos Espíritos é uma recordação da minha viagem à Tailândia. Todas as pessoas têm à saída da sua casa um pequeno monumento, de cimento ou de madeira, para alimentar os espíritos, no qual deixam ovos cosidos e chá, para que quando o espírito vier tenha aquilo a que está habituado.Estavam em festa, a celebração de uma grande efeméride, feita a uma antiga Imperatriz, e havia fotos da senhora por toda a parte. Até no Aeroporto tinham dedicado um local enorme a esta figura. Era uma alegoria à dita senhora, que tinha ajudado muito o povo tailandês e trabalhado em inúmeras obras de beneficência.Ela fazia muita malha, e incutia isso nas pessoas, com o intuito de ajudar as crianças, o que fez com que até as agulhas e várias lãs estivessem lá representadas para quando esta viesse. Achei uma história muito interessante e resolvi trazer uma, porque é algo realmente muito bonito - como tudo na Tailândia. Os próprios gestos do povo, as danças e a maneira como nos cumprimentam sempre com um sorriso. É uma maravilha! Trouxe um pouco da alma da Tailândia, que é, para mim, uma companhia muito grande.
AM- Há algum menino Jesus de que goste especialmente ou que tenha sido mais difícil de conseguir?
AV- Não tenho nenhum que tenha sido particularmente difícil de conseguir. Gostava, sim, de obter mais exemplares. Por exemplo da Rússia, mas ainda não foi possível. O menino Jesus que deu origem a tudo isto e que me deu a ideia da colecção que me acompanha nos dias de Natal, é uma imagem de família. Coloco-a habitualmente num trono de ervilhaca, pois já vem do tempo da minha mãe e dos meus avós.
AM- Pensa continuar a colecção? Até quantos exemplares?
AV- Sem dúvida! Pretendo continuar a colecção até estar viva. Afeiçoei-me a eles! Normalmente tenho-os comigo de Dezembro a Fevereiro e guardo-os no dia das estrelas. Além disso, alguns dos berços foram feitos com vestidos e pérolas dos baptizados das minhas netas e tenho outros feitos em taças de champanhe.Este menino, que é o maior do mundo, tem direito a tudo o que há de bom e de melhor do que nós temos, pois esta seria a sua infância!
AM- Tem outras colecções?
AV- Não, Não. Só alguns pratinhos e jarrinhas, mas não são significativos.Tenho também umas redomas feitas de flores de açúcar. A ideia surgiu com um livro de receitas que os meus sogros me trouxeram há muitos anos do Brasil. Trata-se de um tipo de massa que serve para bolos e que imita a porcelana. O material é muito trabalhado, mas depois não se estraga. É algo que faço para a família e amigos e que não pode ser comercializado, pois o processo é moroso. Vou guardando as flores dos bolos, pinto-as com verniz e faço as redomas. Algumas delas têm à volta de 20 anos.“Tudo começou há cerca de vinte e cinco anos, mais ou menos em 1980-81. Sempre tive um carinho muito especial pela noite do Natal (…)”
Raquel Moreira
Public, Dez. 2005 "Açores Mundo".
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