Caros leitores, infelizmente, não é por um motivo muito nobre que lhes dirijo a palavra. Isto, à excepção do simples facto de que as verdades têm que ser ditas, doa a quem doer! E foi o que resolvi fazer agora, após um período de alguma observação e consequente constatação de certas realidades menos agradáveis, que ocorrem na nossa sociedade. Sim, porque, logicamente, em altura nenhuma, o faria de ânimo leve!Indo directos ao ponto: Quem não se recorda de saborear, à luz da lua, um delicioso crepe com gelado (e tudo o mais que lhe apetecesse, obviamente!) na nossa marginal, antes de “Roma” chegar a Ponta Delgada? Pois é! Ainda no verão passado, esta era uma realidade plausível até ás 00h00!Actualmente, para mal da nossa gulodice, se não fosse o país da Lasanha a emprestar-nos, “de certa maneira”, um dos seus pontos fortes, isto já não seria possível! Sim, porque ao contrário do que acontecia há alguns meses, ainda no passado Sábado, como já aconteceu outras vezes, deparei-me novamente com um determinado estabelecimento a , um pouco antes das 23h00, “ delicadamente” desligar as luzes da sua tão agradável esplanada, para proceder ao seu encerramento. Isto, enquanto alguns estrangeiros se preparavam para lá entrar! O que não puderam fazer, pois o que mais se via eram já cadeiras e mesas empilhadas, tanto dentro como fora da loja, para além, claro, de algum cliente que, por ser um pouco mais lento, ainda lá estava terminando o seu repasto!Claro que, como todos sabemos, o mal vem de cima! Ninguém no seu perfeito juízo, trabalharia uma ou duas horas a mais, diariamente, sem receber o que lhe é devido! Enquanto, como já referi, no verão passado, eram três as pessoas a prestar um atendimento, que não levaria certamente à realização deste artigo, perante o sol de 2006 tivemos que subtrair duas! Ora, se a loja em questão, apresenta ao cliente uma variedade aliciante de guloseimas (de qualidade, isso não podemos negar. Ao mesmo tempo, tendo consciência de que nada é insubstituível!), estas estão devidamente expostas para que o cliente as adquira! Ou trata-se apenas de colorir o espaço com várias figuras apetitosas, que passando à realidade não chegam a existir, por uma pura questão de logística?!!Claro que é humanamente impossível, uma só pessoa “dar conta do recado”, como se costuma dizer: Preparar os tão famosos crepes, tratar dos pagamentos e ainda distribuir os respectivos sabores, conforme os gostos particulares de cada cliente. Tudo em horário nocturno e, ainda por cima, em época de verão, na qual o movimento no centro da cidade é muito maior, pois o clima assim o permite!Uns encerram ás 23h00, outros à 01h00 da madrugada! Fica ao vosso critério! Perguntemo-nos, se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha? Ás vezes! Resta saber, se não haverá outros “Maomés” um pouco mais dedicados ao seu negócio e com vistas mais “largas, para “acolherem” todas as montanhas que surjam à sua frente! Quem sabe, assim, não nos tornaríamos numa Região bem mais “montanhosa” e com”Maomés” dinâmicos, sempre dispostos a receber e a mostrar, de todas as maneiras possíveis, que vieram a uma terra que vale a pena conhecer e visitar?!!Mas, enfim, a verdade é que, em questão de horários, é cada um por si e Deus por todos (ou melhor por alguns(!), pois para ganhar a lotaria há que comprar bilhete, não é verdade?! E, por vezes, nem todos estão dispostos a fazê-lo! ).Livros de reclamações? Por vexes até existem, mas serão lidos?!! Quiçá?Turismo e um maior desenvolvimento para os Açores? Penso ser um caminho muito longo a percorrer, ainda por cima enquanto existirem Maomés com pouco entusiasmo por passeios pedestres!Esperemos que “Roma” tenha vindo para ficar. Caso contrário, já não haverá crepes ao luar!
Raquel Moreira
Public in “Açoriano Oriental”, Set 2006.
Sem comentários:
Enviar um comentário