O Rallye “Lisboa Dakar” contará coma presença de Carlos Martins e de Nuno Rosado em representação da Região.Os esforços foram muitos, mas…vale sempre a pena concretizar um sonho!
AM- Nome Completo
CM- Carlos Alberto Rodrigues Martins de Medeiros.
AM- Como e quando surgiu a oportunidade de participar no “Lisboa Dakar”?
CM- A ideia já existe há cerca de dez anos. É um sonho, um desejo, uma quimera de querer participar numa prova Todo o Terreno, a mais importante do mundo. Julgo que é um desejo comum a todos aqueles que gostam de automobilismo e de Todo o Terreno. Em Janeiro de 2004 estava sentado na minha poltrona de pantufas e decidi que tinha chegado a hora. Era agora ou nunca! Comecei a trabalhar nesse sentido em diversas vertentes, nomeadamente num projecto de angariação de fundos e na própria concepção do projecto para saber até onde podia ir. E as coisas foram evoluindo.
AM- Como conseguiram angariar fundos para participar numa prova desta amplitude?
CM- Para além dos patrocínios que conseguíamos, realizamos também durante estes dois anos provas desportivas motorizadas, cujos lucros iam directamente para uma conta à parte destinada a este projecto. Foi uma possibilidade que se construiu aos poucos.
AM- Foi também responsável pela escolha da viatura e do co-piloto?
CM-Sim, pelo caminho foram várias as decisões, entre elas a da viatura a utilizar no Rallye. Optei por um Land Rover. Primeiro pela minha experiência com este automóvel, que tem sido boa. Além disso, a aquisição e preparação da viatura eram muito em conta.Quanto à pessoa que me iria acompanhar, a escolha, após ponderar várias hipóteses, recaiu sobre Nuno Rosado. Trata-se de um jovem praticante de Todo o Terreno de motos, que teve recentemente uma experiência a nível de África e que, para além das suas características pessoais e técnicas, inclusivamente até como navegador - porque já o provou, foi campeão Todo o Terreno Regional por três anos consecutivos - tem também qualidades de mecânico profissional, algo indispensável em situações desta dimensão.
AM- Como se tem desenrolado este projecto?CM- Relativamente bem, mas com muito trabalho e algumas dificuldades. Neste momento estamos já listados com o número 423, a dois terços da lista de partida.Na primeira semana de Dezembro estivemos em Lisboa nos últimos preparativos da viatura e para tratar de questões ligadas às licenças desportivas junto da Federação Portuguesa de Automobilismo e Kart. Agora é ter fé em Deus e esperar para ver o que acontece.
AM- De quanto foi o investimento?
CM- O investimento rondará os 76 ou 77 mil e 500 Euros considerando todas as despesas.
AM- Fale-nos mais um pouco sobre o “Lisboa Dakar”
CM- O “Lisboa Dakar” surgiu há mais de vinte anos. Começou em Paris, o mítico “Paris Dakar”, e já passou por várias cidades como Barcelona. Chegou a vez de Lisboa ganhar a candidatura e já tem a prova prevista até 2008.Estamos perante um Rallye raid, pois a velocidade é preponderante na classificação. E é também uma prova de resistência. São 9040 Kilómetros para fazer em pistas praticamente sem caminhos, em areias, dunas, pistas de pedra e, inclusivamente, em lama depois de passar Dakar, na Guiné.Esta prova testa não só a fiabilidade dos carros, como também a resistência dos pilotos, tanto a nível físico como psicológico. É um desafio à capacidade de cada um para ultrapassar esta barreira, que é realmente bastante grande. Isto, em condições que podem ir desde os 0º graus à noite a mais de 40º à sombra durante o dia.É para quem gosta e é preciso ter uma certa dose de loucura!
AM- Quais as expectativas?
CM- As expectativas são, pura e simplesmente, chegar ao fim. Não temos qualquer pretensão qualificativa, porque não temos experiência suficiente nem uma viatura rápida. É uma aventura que se concretiza uma vez na vida, – pelo menos espero que assim seja! - pois é a única maneira de limpar isto do meu “cadastro”, para evitar ficar mais dois anos a juntar dinheiro para repetir a experiência.A prova começa a 31 de Dezembro e termina a 15 de Janeiro. Mas neste último dia é já uma etapa pró-forma. Percorremos apenas 100 Kilómetros na praia no Senegal.É uma apoteose, o desfecho dos que lá conseguem chegar e eu espero lá chegar!
AM- Qual o percurso da prova?
CM- De Portugal vamos para Marrocos, Mauritânia, Mali, Senegal e Guiné. É a maior maratona que se faz no desporto automóvel no mundo. Depois de participar num Dakar resta-nos repeti-lo ou partir para outro género de aventura.
AM- É também professor de Educação Física e Director da Casa da Cultura de São Miguel. Como conjuga estas diferentes actividades?
CM- O Dakar é um projecto não profissional. Naturalmente que, para fazer face a esta disponibilidade de tempo meti férias. Em Janeiro estarei, eventualmente, ao abrigo do previsto em termos regionais de representação da Região e com despensa de Saúde.“Não temos qualquer pretensãoqualificativa (…)É para quem gosta e é preciso teruma certa dose de loucura ! ”
Raquel Moreira
Public in "Açores Mundo", Dez. 2005.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
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