Fórum Eurodisseia 2008
"Reforçar" a identidade regional numa Europa unida, para uma maior "empregabilidade" dos jovens, que adquirem assim novas competências no espaço comunitário, foi o objectivo principal do Fórum Eurodisseia 2008, realizado em Ponta Delgada. Segundo Michele Sabban, presidente da Assembleia das Regiões, o Eurodisseia visa "melhorar" as oportunidades dos jovens europeus, dando-lhes uma experiência de trabalho no estrangeiro e a possibilidade de conhecerem a cultura sócio-económica destas Regiões.
"Reforçar" a identidade regional numa Europa unida, para uma maior "empregabilidade" dos jovens, que adquirem assim novas competências no espaço comunitário, foi o objectivo principal do Fórum Eurodisseia 2008, realizado em Ponta Delgada. Segundo Michele Sabban, presidente da Assembleia das Regiões, o Eurodisseia visa "melhorar" as oportunidades dos jovens europeus, dando-lhes uma experiência de trabalho no estrangeiro e a possibilidade de conhecerem a cultura sócio-económica destas Regiões.
"O Eurodisseia é um programa de mobilidade e formação juvenil da Assembleia das Regiões da Europa dirigido pelos Açores, que pretende reforçar a identidade regional numa Europa unida e visa a empregabilidade dos jovens, que adquirem assim novas competências no espaço comunitário"- foram palavras de Rui Bettencourt, director regional do Trabalho e Qualificação Profissional, na Sessão de Abertura do Fórum Eurodisseia, realizado em Ponta Delgada, na passada semana.
O director avançou ainda que esta ligação tem de ser mantida, sendo a sua presença um "sinal" político neste quadro.
Álamo Meneses, secretário regional da Educação e Ciência, defendeu que a Assembleia das Regiões da Europa (ARA) deve ser um dos pilares da própria construção europeia e alegou ser essencial que a Europa se construa a partir das bases, das regiões e, dos que se encontram mais próximos dos europeus e das suas necessidades e anseios.
O governante açoriano defendeu também que a construção europeia deve assentar num alicerce regional, podendo fortalecer-se, caso os europeus conheçam melhor as diversas regiões da Europa e se conheçam entre si.
O secretário regional acrescentou que esse objectivo só poderá ser alcançado através de bons programas de mobilidade, permitindo aos jovens participantes criarem laços que materializem a construção europeia.
"A construção europeia não pode ser apenas um fenómeno de normas e cúpulas, devendo assentar nas bases, nas pessoas"- advertiu Álamo Meneses.
O governante realçou ainda a importância do Eurodisseia, criado em 1985, e sublinhou as vantagens do funcionamento dos programas operados no âmbito da Assembleia das Regiões da Europa, que permitem uma mobilidade na área profissional e uma troca de experiências profissionais extremamente interessante e valiosa para todos.
Preconizou, igualmente, uma maior proximidade entre as regiões da Europa e as suas respectivas estruturas políticas, de modo a que a força das ultraperiferias possa materializar-se na própria Assembleia das Regiões da Europa.
Na sua opinião, é importante que a Assembleia das Regiões da Europa assuma uma visão de união entre povos que partilham um destino comum. Referindo-se ao alargamento a Leste, Álamo Meneses adiantou ser vantajoso que isso ocorra, no pressuposto de uma unidade que abranja todos os povos e regiões da Europa.
Para Michèle Sabban, presidente da Assembleia das Regiões (ARA), os Açores são um arquipélago "mítico" pela sua beleza natural e seduzem drasticamente" os mais aventureiros. "O Eurodisseia dá a cada jovem todas estas experiências"- salienta, avançando que o objectivo é "consolidar" o programa e "reforçar parcerias" entre as Regiões, pois a Região pode ter um papel "fundamental" nas politicas de emprego.
O Eurodisseia, acentua, visa "melhorar" as oportunidades dos jovens europeus, dando-lhes uma experiência de trabalho no estrangeiro e a possibilidade de conhecerem a cultura sócio-económica destas Regiões, "alargando" a sua experiência profissional e os seus "horizontes".
"A Assembleia acredita neste programa e para bem da juventude temos de concretizar todos os nossos objectivos e de trabalhar para aperfeiçoar este programa"- acentua, acrescentando que o Eurodisseia tem muitas "vantagens".
Houve lugar ainda para um testemunho de Patrícia Navarro, uma espanhola da zona de Valência, que veio estagiar para o Instituto de Meteorologia de Portugal e está em São Miguel há oito anos. Patrícia conta-nos a sua experiência, começando por dizer que "procurava um estágio e encontrou um emprego". O Eurodisseia, salienta, fez de "tudo" para integrar os jovens nas sociedades que os receberam. A ex estagiária aproveita ainda para recomendar o programa a todos por ser uma experiência "muito enriquecedora" passar alguns meses com pessoas de culturas "diferentes".
Alfred Pilon, director da Mobilidade Profissional e representante do Governo do Quebec, explica que graças a factores como o desenvolvimento do Quebec que conta actualmente com oito milhões de pessoas; a forte emigração europeia; o facto deste ser o maior estado do Canadá; ter uma economia "forte" e uma taxa de desemprego de apenas 6%, levaram a que este estado fizesse parte da Assembleia das Regiões. A previsão para 2011, no Quebec, é de "1,2 milhões" de empregos disponíveis.
O director da mobilidade revela também que será celebrado um acordo com o Quebec, que permitirá aos jovens verem as suas competências "reconhecidas".
A juventude é uma "prioridade", pois são os jovens que formam o conselho da juventude e dão o seu parecer. O Quebec dispõe ainda de uma nova entidade para a juventude, o Logic. "Já 3600 jovens viajaram pelo Eurodisseia entre a França e o Quebec"- sublinha.
Referindo-se às perspectivas do Eurodisseia, Alfred Pilon avança que gostariam de estar em "toda a Europa".
No encontro participaram cerca de 170 representantes das regiões da Europa, nomeadamente, da Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Noruega, Croácia, Rússia, Itália, Roménia, Bulgária, Bélgica, Suíça e Polónia que debateram, com vários especialistas, as questões da identidade regional numa Europa unida.
O Eurodisseia foi o primeiro programa de mobilidade na Europa e é dirigido, desde Janeiro, por Carlos César, presidente do Governo dos Açores, que preside ao programa, e por Rui Bettencourt, director regional do Trabalho e Qualificação Profissional, investido nas funções de secretário-geral.
Alfred Pilon, director da Mobilidade Profissional e representante do Governo do Quebec, e Michèle Sabban, presidente da Assembleia das Regiões da Europa e vice-presidente da Região Parisiense, participaram pela primeira vez no Fórum Eurodisseia 2008, a convite dos Açores e por iniciativa de Carlos César, chefe do executivo açoriano. A presidente da ARA veio acompanhada do secretário-geral da organização, Klaus Klipp, que proferiu uma conferência sobre os desafios do regionalismo na Europa.
Carlos César foi reeleito por unanimidade para presidir ao programa de mobilidade e formação juvenil da Assembleia das Regiões da Europa (ARE), o Eurodisseia, em 2009 e 2010. Decisão que foi aplaudida por Michele Sabban, presidente da ARE.
Os Açores detêm a Presidência e o Secretariado-geral do programa europeu de mobilidade profissional desde Janeiro de 2007, mantendo a liderança e a sede do Eurodisseia até Dezembro de 2010.
A presidência açoriana do Eurodisseia constituirá um dos pontos da agenda da reunião do Bureau Político da Assembleia das Regiões da Europa, a 9 e 10 de Outubro em Paris, sendo validada pela Assembleia Geral da ARE em Tempere, na Finlândia, a 13 e 14 de Novembro.
Da equipa de direcção do programa da qual os Açores fizeram parte estiveram presentes a região belga da Valónia, as regiões francesas de Franco-Condado, Rhone-Alpes e Poitou-Charente (liderada por Segolène Royal), a região romena de Hunedoara e a região croata de Istria.
À margem do evento, Rui Bettencourt avançou que o Eurodisseia conta já com 23 anos e foi o "primeiro" programa de mobilidade profissional da Europa, tendo acabado depois por influenciar vários programas europeus como o Erasmus e o Leonardo da Vinci.
O programa teve início no âmbito da Assembleia das Regiões da Europa, é tutelado pela mesma e promove essa "mobilidade profissional", levando centenas de jovens por ano a fazerem o seu estágio profissional de seis meses, numa empresa situada noutra Região, que não a de origem. Este programa é emblemático e permite "adquirir competências" e também a cultura própria do regionalismo. "Fazemos intercâmbios e essa mobilidade é feita entre regiões e não entre Estados-Membros"- enfatiza, lembrando que a Assembleia das Regiões da Europa engloba "250 regiões europeias" e também Regiões russas, turcas e ucranianas. Trata-se de um programa "farol e exemplar" nesta área. Os Açores, sublinha, estão implicados a “vários” níveis, pois detêm a presidência e o cargo de secretário-geral. “Ousamos há dois anos atrás candidatarmo-nos à presidência deste programa e conseguimos, pois este tinha sido sempre dirigido por regiões muito centrais”- enfatiza, acrescentando que os Açores são uma “pequena” região de 250 mil habitantes e reconhecendo ainda que foi algo “ousado” pretender assumir a presidência e o secretário-geral de um programa deste género, que tem de ser gerido para “toda” a Europa. Ainda por cima, a nível geográfico a Região está numa ponta da Europa, numa zona periférica e dispersa, um palco europeu de “decisões”. Os Açores são ouvidos, têm “crédito” e torna-se interessante ver que os Açores estão implicados para além da gestão directa deste programa. “Surgem problemas como a gestão informatizada entre os gestores do programa e estamos implicados, porque como defendemos muito o regionalismo e a Europa das Regiões”- salienta, lembrando que demonstramos com esse programa a “eficácia” de uma Região, do regionalismo. O interesse é também demonstrar que uma região pequena como os Açores, pode “liderar” um programa como este, ressalva, o que está a acontecer.
Enquanto o Leonardo da Vinci está subjugado a uma burocracia muito “pesada”, o Eurodisseia é um programa muito “flexível”, que integra uma componente interessante, pois integra no estágio, um mês de “língua e cultura da região de acolhimento”, que funciona numa rede de coordenadores muito flexível. “Não enviamos jovens para região nenhuma sem uma garantia de que as pessoas que os vão receber são pessoas de um acolhimento bom e de qualidade, um alojamento bom e uma bolsa capaz”- evidencia.
Rui Bettencourt aproveita ainda para dizer que dos jovens açorianos que fizeram o Eurodisseia, 3 a 4 jovens por ano (cerca de 8 a 10%) deles “ficam a residir no país de acolhimento”, dando o exemplo de uma arquitecta da Ribeira Grande que está na Bélgica, outra de Ponta Delgada que está em Paris e, de uma jovem que “fez o curso de Design de Moda e foi convidada por uma estilista parisiense para fazer parte da equipa” dela. Isto além, de vários casos de estagiários europeus, que “ficam” nos Açores.
Este evento demonstra sobretudo que os Açores são capazes de “liderar” um programa destes, acentua, e de demonstrar às outras regiões europeias que o regionalismo e a Europa são factores “muito importantes para o desenvolvimento”. O regionalismo, porque dá uma “proximidade” muito grande aos cidadãos. “A dimensão região é a ideal para fazer essa proximidade com os cidadãos, o que se procura muito neste momento na globalização”. A segunda dimensão deste fórum é que a Europa, a UE no seu todo é muito “importante” para os Açores, pois não podemos pretender “desenvolvimento” sem implicar regionalismo e a Europa, a Europa das Regiões. O investimento neste Fórum foi de cerca de 20 mil euros.
Raquel Moreira
Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.
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