terça-feira, 16 de setembro de 2008

É essencial uma "análise rigorosa do rendimento das familias"


Sociedades Financeiras

Actualmente, não são apenas as instituições bancárias tradicionais a disponibilizarem ao cliente créditos pessoais. Surgiram no mercado de há uns anos a esta parte, um vasto grupo de sociedades financeiras que o fazem, proporcionando "mais qualidade de vida" às famílias e permitindo-lhes comprar um novo automóvel ou viajar, por exemplo. Segundo Marta Guerreiro, directora financeira do BANIF, resta saber, se estas têm "rendimentos suficientes", para suportar o "fardo difícil" da prestação mensal. E, para isso, é fundamental haver uma "Análise rigorosa" do caso em concreto, que é "sempre" feita na banca tradicional.


Hoje não são apenas as instituições bancárias tradicionais a disponibilizarem ao cliente créditos pessoais. Surgiram no mercado de há uns anos a esta parte, um vasto grupo de sociedades financeiras que o fazem, proporcionando "mais qualidade de vida" às famílias e permitindo-lhes comprar um novo automóvel ou viajar, por exemplo. Segundo Marta Guerreiro, directora financeira do BANIF, resta saber, se estas têm "rendimentos suficientes" para suportar o "fardo difícil" da prestação mensal.
Marta Guerreiro, directora financeira do BANIF, começa por explicar que a actuação das sociedades financeiras de aquisição a crédito (SFAC) começou por se desenvolver junto de um segmento de clientes que, genericamente, encontrava algumas "dificuldades de financiamento junto da banca tradicional". Aí, estas sociedades optaram por "compensar" uma maior probabilidade de incumprimento com taxas de juro "mais onerosas". Este segmento de clientes, alerta, não era "explorado" directamente pela banca dita tradicional e começou a ser desenvolvido pelas SFAC, no início, "maioritariamente, em parceria com o comércio automóvel". Isto, embora hoje com uma oferta presente nas mais "variadas" actividades comerciais. Por isso, esclarece, não faz sentido falar em "lesão à banca", mas antes em "exploração de um nicho de mercado, até então, pouco trabalhado".
Quanto à veracidade destas agências, que muitas vezes não possuem qualquer sede ou delegação na Região, a directora aponta que o estado de desenvolvimento em que a economia de mercado se encontra, permite que sejam disponibilizados aos clientes produtos e serviços "sem um contacto directo" com as empresas, o que em nada deverá colocar em causa a "legalidade" dos negócios envolvidos.
Mas "os clientes deverão dar sempre preferência às empresas com maior notoriedade e familiaridade"- aconselha, reconhecendo que no que respeita à "gestão do património financeiro", é "natural que os clientes privilegiem a banca tradicional", onde encontram um rosto familiar disponível para lhes indicar e "aconselhar" sobre as várias soluções actualmente disponíveis, quer a nível do crédito (pessoal, imobiliário, cartões, leasing, renting, etc), quer a nível da aplicação de riqueza (depósitos a prazo, contas poupança, obrigações, fundos, ppr, mercado de capitais, etc.) que mais se adequam aos seus interesses. Mara Guerreiro aproveita também para dizer que é, efectivamente, como "banco de relação", que o Banif Açores faz questão de estar no mercado.
Algumas SFAC pertencem a grupos económicos onde também se incluem bancos comerciais, ou seja trabalham em parceria com a banca. "A não associação entre empresas ao nível publicitário dever-se-á a estratégias de marketing com vista à autonomização de marcas"- justifica.
Referindo-se ao facto deste novo conceito de dinheiro fácil (em alguns casos basta um telefone), ser, ou não, um meio correcto de abordagem ao cliente e questionada sobre o carácter ético, ou não, da insistência e percepção, em que este pode ser facilmente induzido a realizar um crédito, Marta Guerreiro avança que a regulamentação existente a nível do crédito ao consumo procura "proteger os clientes" de diversas formas. Por sua vez, enfatiza, também a banca tem, "tradicionalmente", a preocupação de "analisar criteriosamente" a concessão de crédito, o que vai de encontro, quer ao interesse do cliente, e ao da própria instituição. Por outro lado, a directora admite também que, em última instância, o cliente deverá "sempre procurar esclarecimentos e informação", sobre as condições inerentes aos contratos que formaliza, pois "sempre que um cliente é devidamente esclarecido, julgamos não se poder falar em falta de ética".
Quanto ao efeito destes créditos na vida das famílias, a empresária acrescenta que a concessão de crédito ao consumo permite às famílias a "antecipação" da realização de vários objectivos, como a aquisição de equipamentos, a compra de um automóvel, a realização de tratamentos médicos mais dispendiosos ou a concretização de uma viagem, entre outros. Nesta medida, esta pratica "melhora a qualidade de vida" das famílias, que de outra forma estariam"privadas" destes bens ou serviços. Por outro lado, estes créditos, alerta, podem representar um "fardo difícil de suportar quando as responsabilidades inerentes não são comportáveis pelos rendimentos" das mesmas. Dai a necessidade de e a importância de uma "análise rigorosa à capacidade de endividamento dos clientes", que, em regra, está "sempre presente" na banca tradicional.


Raquel Moreira

Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.

Sem comentários: