Stream nas Portas do Mar
“Existe uma predilecção de que o que é de fora é que é bom”, mas há que “valorizar” a música, e não só, feita nos Açores e a nível do país. Segundo Toni, vocalista e guitarrista dos Stream, os músicos têm de ser “responsáveis” e “é muito importante credibilizar o rock”, que actualmente não é considerado como “cultura açoriana”. Caso contrário, admite, as pessoas dizem que estes são apenas uns “guedelhudos que andam a ai abanar a cabeça e mais nada”.
“Existe uma predilecção de que o que é de fora é que é bom”, mas há que “valorizar” a música, e não só, feita nos Açores e a nível do país. Segundo Toni, vocalista e guitarrista dos Stream, os músicos têm de ser “responsáveis” e “é muito importante credibilizar o rock”, que actualmente não é considerado como “cultura açoriana”. Caso contrário, admite, as pessoas dizem que estes são apenas uns “guedelhudos que andam a ai abanar a cabeça e mais nada”.
Nasceram em 2002 e, em 2007, ganharam o Angra Rock com “Another Story”, tema que faz parte da banda sonora do filme (de Tom Green) "Shred - Rider or be ridden". O objectivo dos Stream é editar um álbum. A banda de Rock define-se como tendo influências Punk e Pop.
Edie, baixista dos Stream, conta que a banda nasceu de um grupo de “amigos que gostavam de tocar e gostavam muito de rock”. No início começaram por tocar alguns ‘covers’ de alguns temas que gostávamos de ouvir, mas depois sentiram a “necessidade” de tocar “originais”.
Composta por Toni (vocalista/guitarrista), Nuno (baterista), Edie (baixista) e John (guitarrista), a banda nasceu em 2002 e foi “catapultada” por ter ganho o concurso Angra Rock, o que ajudou à sua promoção. O grupo fez o uso “racional” do prémio monetário do Angra Rock, aproveitando-o para lançar o primeiro EP, enquanto, ressalva, a “maior parte” das bandas divide o dinheiro pelos membros. “Não tínhamos muito dinheiro e era uma forma de ter um financiamento”.
Os quatro amigos são todos terceirenses e têm em comum o “gosto” pela música. A sensação de terem ganho o Angra Rock foi “muito boa”, pois é muito “gratificante e é sempre bom vermos o nosso trabalho reconhecido”.
Do Porto, à Austrália e a Nova York, tudo passou um pouco pelo trabalho de “promoção” da agência. Quando tiveram o “Another Story” nas mãos, recorda, o objectivo foi “lançá-lo para todos os canais e mostrá-lo ao maior número possível de pessoas”, o que teve alguma “repercussão”. Na Austrália, por exemplo, as rádios independentes apostaram e passaram o Another Story, que “entrou para o Top 10 das músicas mais passadas” na rádio. Nos Estados Unidos, sublinha, a Outsource Records apostou no “Another Story” para a compilação do grupo Tronics, revertendo os lucros para a “Cruz Vermelha americana”, pois segundo o grupo é bom estarem ligados a uma causa tão “nobre”. Além disso, foi “muito bom”, reconhece, terem escolhido este tema para um filme do Tom Green, que tem grande repercussão. “Lançamos a música para todo o lado e esperamos que algo acontecesse”. Mas quando souberam que a música ia fazer parte do filme, confessa que a primeira reacção foi de “desconfiança”, do tipo “só acredito quando vir”, mas depois que ficaram “muito felizes”.
O primeiro álbum do grupo sai, em princípio, no último trimestre deste ano, revela e chamar-se-á “Folow the Stream”. O álbum tem alguns temas mais antigos, outros novos e no geral é uma “chamada de atenção” para as pessoas saberem que “os Stream estão cá, que se faz boa musica rock nos Açores”.
“Queremos mostrar-nos ao mundo”- acentua. Referindo-se aos temas do grupo, o músico avança que no início se preocupavam em que as letras falassem de “desgostos de amor e das contrariedades das relações amorosas”, mas à medida que amadureceram sentiram a necessidade de abordar outros temas, como as dificuldades com a “guerra ou a hegemonia dos Estados Unidos no mundo” e outras questões que lhes “preocupam”.
Tony, vocalista e guitarrista, falou sobre o “Another Story”, avançando que o tema conseguiu pô-los nas “bocas do mundo, ou pelo menos nos ouvidos”, afirma, satisfeito, avançando que este chegou já a várias rádios da “Austrália, Japão e Estados Unidos. A canção, esclarece, fala basicamente das “confusões que existem no mundo” e aborda o “conflito pessoal” das pessoas.
Outro aspecto importante do grupo é o facto de só serem editadas músicas das quais os membros gostam. “Estamos primeiro e aí o produto torna-se mais genuíno e mais sincero”- salienta, acrescentando não terem uma mensagem “específica”. Pretendem apenas “transmitir energia”.
Em termos de projectos, a única preocupação é “editar o álbum”, que começou a ser gravado em Fevereiro, mas normalmente as coisas “nunca” correm como o planeado. “Há sempre uns atrasos, mas a paciência é uma virtude”.
Os músicos aproveitam ainda para dizer aos açorianos que “apoiem a música açoriana e tudo o que se faz na Região”, pois há muita ‘coisa’ de “qualidade”.
“Notamos que existe uma predilecção, quase um mecanismo de que o que é de fora é que é bom”- lamenta, acrescentando que já tiveram situações em que as pessoas ouviram a música do grupo “sem saberem” de quem era. “Perguntaram se a banda era americana e disseram ser a nossa, açoriana. E as pessoas não sabiam, não faziam ideia”. Tem que se tentar dar “mais valor” ao que é nosso, “não só na música”, mas “aos artistas açorianos e mesmo nacionais”.
“É muito importante credibilizar o rock”, sublinha, que actualmente não é considerado como “cultura açoriana”. Apesar de o rock ser algo que veio de fora, “o rock feito nos Açores é cultura açoriana e cabe às bandas açorianas credibilizarem-no e tornarem-no o mais profissional possível”. Os grupos têm de “dar o salto da pequena garagem” onde ensaiam para fazerem algo com “cabeça, tronco e membros e com responsabilidade” para “chamar a atenção”. Caso contrário, admite, as pessoas dizem que são só uns “guedelhudos que andam a ai abanar a cabeça e mais nada”. Os músicos têm de ser “responsáveis e íntegros”. Para saber mais sobre a banda, basta visitar http://www.followthestream.net/ ou o “My Space”.
Biografia
Em 2006, editaram o single “An other Story”, com uma campanha de promoção a nível mundial, que alcançou o 16.º lugar do Top 40 da World Indie Countsown da Austrália. Em Portugal, a SIC dava destaque à banda com uma reportagem em horário nobre, no Telejornal Nacional.
A tentativa de consolidação da presença da banda no mercado norte-americano está assegurada, graças ao acordo com a editora de Nova Iorque Cutiepop records Co., que ficará encarregue pela promoção dos "Stream" e pelo agendamento de concertos nos EUA.
Raquel Moreira
Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.
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