Pólo Norte
Aborrece-o "muito" haver músicos que conseguem "captar a atenção" de centenas e milhares de pessoas e que não fazem "nada" com isso. Ter esta força, esta forma de poder do nosso lado e não a utilizarmos é um bocadinho "redutor". Há que tentar utilizar isso como forma de "intervenção social", de modo a "mudar" alguma coisa e "alertar". Segundo Miguel Gameiro, vocalista dos Pólo Norte, o mundo está "maluco e um pouco desorientado", pois há "muita guerra e muitos conflitos". Na sua opinião, está na altura de começar a "trazer as mulheres para o poder", pois tudo seria, "pelo menos, muito menos hormonal e haveria muito menos violência".
Aborrece-o "muito" haver músicos que conseguem "captar a atenção" de centenas e milhares de pessoas e que não fazem "nada" com isso. Ter esta força, esta forma de poder do nosso lado e não a utilizarmos é um bocadinho "redutor". Há que tentar utilizar isso como forma de "intervenção social", de modo a "mudar" alguma coisa e "alertar". Segundo Miguel Gameiro, vocalista dos Pólo Norte, o mundo está "maluco e um pouco desorientado", pois há "muita guerra e muitos conflitos". Na sua opinião, está na altura de começar a "trazer as mulheres para o poder", pois tudo seria, "pelo menos, muito menos hormonal e haveria muito menos violência".
"Aprender a Ser Feliz" e "Um Caso Raro" são alguns exemplos de sucesso desta banda, que visitou Ponta Delgada mais uma vez, para encantar os micaelenses com os seus êxitos.
Miguel Gameiro, vocalista dos Pólo Norte, começa por contar que o grupo nasceu "há 15 anos", de um grupo de amigos que se juntava para "conviver e para tocar". Tudo começa assim, salienta, avançando que depois tiveram a "oportunidade" de gravar um disco, e correu "bem". Surgiram alguns concertos e, enfatiza, quando damos conta, já lá vão 15 anos.
Estava no 12º Ano quando o pai lhe ofereceu uma guitarra e Miguel começou a tocar, a escrever e a compor. "Levava a guitarra para a escola e tocava com os meus amigos nos intervalos. Foi tudo muito natural, pois éramos todos vizinhos e colegas de escola".
Referindo-se ao nome do grupo, conta que na altura pensaram em "Expedição", que acaba por ser utilizado no primeiro álbum do grupo e que seria o fim de uma viagem que fariam, em termos de "aventura". Mas depois decidiram-se por Pólo Norte como um objectivo dessa viagem e como meio de "orientação".
O grupo, constituído, em 2007, por Miguel Gameiro (voz), Tó Almeida (guitarra), Marco Vieira (baixo) e Luís Varatojo (Bateria), já editou "Expedição" (1995), "Aprender a ser feliz" (1996), "Longe" (1999), "Pólo Norte ao vivo" (2000), "Jogo da Vida" (2002), "Deixa o mundo girar" (2005) e "Quinze anos", lançado no início deste ano e que comemora a existência da banda. Cada álbum, revela, conta a história dos Pólo Norte em determinada altura e retracta um pouco também a vivencia dos seus membros, enquanto músicos, "marcando a história" do grupo, na altura em que foi gravado e composto.
As músicas têm como base de inspiração "as pessoas", a sociedade em que vivemos e, de uma forma geral, o mundo que nos rodeia e falam de tudo um pouco, como de "experiências amorosas". Lembra sermos seres "pensantes" e com sentimentos "às vezes mais à flor da pele", do que era "desejável" em determinadas ocasiões. "O que fazemos é também apanhar um bocadinho do que se vai passando à nossa volta e connosco também e retratar isso nas músicas e nas letras"- salienta, avançando que essencialmente passam para os discos aquilo que "vivenciam e experienciam " no seu dia-a-dia.
Uma das músicas mais populares do grupo é, sem dúvida, "Um Caso Raro", que fala de alguém que não é "entendido" na sua forma de ser e estar. Não por ser diferente dos outros, alerta, mas pura e simplesmente a própria pessoa "não sabe se se faz entender da melhor maneira e se o problema é dela ou dos outros". É um "confronto de sentimentos".
Internacionalizar a música portuguesa numa vertente talvez mais de Pop Rock é "difícil", o que, sublinha, não quer dizer que não aconteça. Apenas se torna mais complicado, para um país como o nosso, chegar ao mundo através de uma linguagem universal. Na área do 'Heavy', o cantor dá o exemplo dos Moon Spell, que considera um grupo com uma "grande força e uma grande pujança", num segmento que tem um público "muito fiel e muito específico". Na World Music, salienta, temos a Marisa, os Madredeus e a Dulce Pontes, que, reconhece, consegue chegar lá fora com "outro tipo de sonoridade", algo de "cariz" mais português e de influências portuguesas. Mas, numa vertente de Pop Rock reconhece ser um pouco "mais difícil", pois a cultura Pop Rock portuguesa é relativamente "recente" e há grupos que já o fazem há muito mais tempo. Lembra ainda que, mesmo que não pareça, Portugal é um país "muito pequenino" e o mundo lá fora é "imenso".
Referindo-se ao papel das rádios e à nova lei que as obriga a passar uma certa quota de música portuguesa, o simpático cantor reconhece que estas são a "voz" dos músicos. Além disso, lamenta, quase não se faz televisão, "quase não" há espaços televisivos, onde o grupo possa mostrar o seu trabalho. "A rádio é realmente o nosso veículo", salienta, avançando ser lamentável que seja preciso "obrigar" as rádios fazer algo, que deveria ser do senso comum, como "passar a música da nossa língua". Devia ser algo "natural, em que não é necessária nenhuma imposição, como tomar o pequeno-almoço ou almoçar", pois tal como precisamos das nossas "rotinas diárias", também precisamos de ouvir a nossa música nas rádios. "Deveria ser algo natural e espontâneo, pois estarmos a obrigar a que isso aconteça é estranho"- acentua, acrescentando que tudo parece estar um pouco diferente, "para melhor". Também tem acontecido muito as rádios passarem grupos portugueses a cantarem em inglês, mas "as pessoas são livres de ouvirem aquilo que gostam e se se identificam mais com a língua inglesa e se expressam de melhor forma em inglês, porque não o fazer?"- questiona-se.
Quanto ao que leva as rádios a passarem mais música estrangeira do que portuguesa, o cantor aponta que apesar das pessoas gostarem de música portuguesa, o facto é que continua a existir uma certa "mentalidade", de que "o que vem de fora é sempre melhor". E continua, dizendo que temos alguma música sem qualidade em Portugal, mas no estrangeiro "também há muita musica má", a que não damos importância em absoluto. "Temos sempre um bocadinho a tendência de nos menosprezar", lamenta, acrescentando que mesmo sendo um país "pequeno", já andamos pelos quatro cantos do mundo, pois os portugueses são um povo de cariz "aventureiro e de descobridores". Por isso, sublinha, "não se percebe" a razão de ser desta mentalidade, às vezes, "tão pequena e tão reduzida". Determinados países podem estar à nossa frente, a maior parte deles em questões sociais e culturais, devido à sua própria história, mas apesar de tudo ainda temos uma "democracia relativamente jovem" e muitas coisas boas "mesmo", em termos "culturais e de valores, muito à frente de outros países" também. Importa é "aproveitá-las, saber explorá-las e saber acreditar" nelas.
É difícil seleccionar um concerto ou álbum do grupo de que goste particularmente, mas, sublinha, há sempre concertos que "marcam de uma forma diferente", como os primeiros do grupo, recorda. Concertos, que deram por serem "realmente diferentes" e em que vivenciaram pela "primeira vez" o que é pisar um palco.
"Nos Açores já demos grandes concertos que nos marcaram sempre"- enfatiza, acrescentando que o público também é "bastante caloroso" e recebe-os "sempre muito bem". O álbum afirma não conseguir eleger o se favorito, pois gosta de "todos", são a "história" da banda. "Obviamente", há canções que considera estarem mais bem "conseguidas", do que outras, como o "Ser Feliz", "Lisboa" ou "Longe" e que marcam mais as pessoas, mas "não" sabe porquê.
Miguel Gameiro aproveita também para dizer que o artista tem uma certa "responsabilidade social e deve usá-la", acrescentando que o "aborrece muito", haver músicos, e não só, que conseguem "captar a atenção" de centenas e milhares de pessoas e que não fazem "nada" com isso. Ter esta força, esta forma de poder (no bom sentido, alerta) do nosso lado e não a utilizarmos para coisas boas, só em nosso benefício e para o nosso trabalho, é um bocadinho redutor". Há que tentar utilizar isso como forma de "intervenção social", de modo a "mudar" alguma coisa e "alertar".
A nível mundial, Miguel Gameiro reconhece que o mundo está todo "maluco e um pouco desorientado", pois há "muita guerra, muitos conflitos e muitas hormonas". Na sua opinião, está na altura de começar a "trazer as mulheres para o poder". O cantor confessa ainda que gostava de ver, mais vezes, as "mulheres à frente dos governos", pois acredita que tudo seria, "pelo menos, muito menos hormonal e haveria muito menos violência", o que era importante. "Felizmente, já há alguns países em que isto acontece e está na hora das mulheres assumirem o seu papel, para ver se conseguem acalmar um bocadinho este mundo, que está a atravessar um momento de uma certa insegurança e instabilidade"- argumenta.
A crise que se vive a nível nacional, afirma dever-se a uma série de factores, mas essencialmente a um "conjunto de governantes que por ali passaram e nunca fizeram nada pelo país"-avança sem querer mencionar partidos ou políticos, visto não ter "cor partidária". A seu ver, a crise está relacionada com uma serie de "erros que vêm do passado, não só deste governo". Isto acontece, porque nunca houve realmente uma "consciencialização" de que estar na política e ser político é para "fazer o bem" às pessoas, salienta, acrescentando que dá "sempre" a sensação de haver um "segundo interesse" em estar na política. "Eu não conheço políticos que existam para servir as pessoas. Poderá haver alguns, peço imensa desculpa aos que possam ler isto e achar que estou a ser injusto, mas eu não conheço"- acentua.
Referindo-se à fome que existe no mundo, o cantor reconhece que, infelizmente, "sempre" haverá gente que esteja a passar fome e, países que vão ter muito e outros não vão poder ter nada. Podia haver, argumenta, uma "distribuição igualitária dos recursos", se as pessoas quisessem, mas realmente "não há vontade de fazer esta mudança". É simples: para alguns países continuarem muito ricos, outros terão necessariamente de continuar muito pobres e nesse sentido "acho que as coisas nunca vão mudar".
O cantor aproveita ainda para desejar um "grande abraço" a todos os açorianos, pois o grupo é "sempre muito bem recebido" quando visita a Região. Os açorianos, considera-os um povo "muito acolhedor e muito caloroso". As pessoas de um modo geral são "muito quentes e recebem muito bem as bandas", avança, dando o seu "obrigado".
Os Açores são uma Região "extraordinária", ressalva, lembrando ter ficado "deliciado" quando visitou São Miguel pela primeira vez. Abordando o progresso das ilhas, o cantor defende que "infelizmente" este sempre o seu lado "negro". Claro que é "bom em termos de turismo e do crescimento das ilhas, embora haja coisas que se vão "perdendo". Mas é algo necessário, reconhece, mesmo porque os locais "necessitam" mesmo deste progresso e desta evolução. Consegue-se ter coisas "lindíssimas" nas ilhas e "em São Miguel, particularmente, há muitos pontos de atracção", que se podem visitar, conhecer e onde se pode estar.
O último álbum, salienta, "marca a carreira e a história" do grupo. São 15 anos de canções, 15 temas que escolheram para representar o disco, que no fundo "retracta" um pouco o que são os Pólo Norte. Deste ultimo álbum, o cantor selecciona "Grito" como o tema, a seu ver, mais bem conseguido.
Em termos de projectos, ainda não têm ideias definidas para um próximo álbum, mas brevemente, revela, terão "novidades". O essencial, é "continuar a fazer estrada e a estar e contactar com as pessoas", a compor e a escrever.
Biografia
Ao longo de dez anos, os portugueses foram-se habituando a viver com a música de uma das mais contagiantes bandas portuguesas.
Com o primeiro álbum «Expedição», que foi disco de ouro, produzido por Fernando Cunha e editado em 1995, os Pólo Norte conquistaram um lugar de destaque no panorama da música nacional. Volvidos dois anos, o grupo regressa com um novo disco de originais, «Aprender a ser Feliz», desta feita produzido por Fernando Júdice, que atingiu também o galardão de disco de ouro.
O ano de 1999 vê o grupo editar mais um álbum "Longe" produzido por Jony Galvão, de onde se extraíram canções como, "Longe" "Como uma onda" e "Se eu voltasse atrás". Um ano mais tarde, o grupo sente-se preparado para a gravação de um álbum ao vivo que regista em concerto, na mítica Aula Magna.
No dia 29 de Abril de 2002, rumam a Espanha e entram num dos mais prestigiados estúdios de Madrid, o Eurosonic (onde já se fizeram discos de Alejandro Sanz, Compay Segundo ou Manu Chao), para darem início às gravações do seu novo álbum, «Jogo Da Vida». O disco foi produzido por Bori Alarcón, um dos mais reputados produtores do país vizinho, que já trabalhou com artistas espanhóis como Vicente Amigo (com quem ganhou um Grammy), M-Clan e Quique Gonzalez.
3 anos depois, a banda apresenta-se no seu melhor com "Deixa o Mundo Girar". Produzido por Steve Lyon (produtor britânico consagrado pelos trabalhos que realizou com The Cure, Raemon), "Deixa o Mundo Girar" é considerado pelo grupo o seu melhor e mais ambicioso disco. Não sendo gravado ao vivo, é um disco que reflecte a força e energia do grupo, onde o grupo se sente melhor… no palco.
Raquel Moreira
Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.
1 comentário:
Feel good......
Enviar um comentário