Os Açores na TV nacional
Os canais nacionais transmitem poucos programas dos Açores e sobre os Açores, o que para Mário Mesquita se deve a uma questão de “mentalidades”. Segundo o professor, jornalista e ex-director do Diário de Notícias, “é de facto insuficiente o que aparece tanto no noticiário geral, como no político e acho que há um aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”.
São poucas as vezes em que ouvimos falar nos Açores, quando assistimos aos canais nacionais. E apesar de ter estreado há pouco tempo um programa sobre a Região, transmitido na RTP-N, não é o suficiente, pois são diversas as áreas em que há acontecimentos regionais de relevo a nível nacional.
Mário Mesquita, professor, jornalista e ex-director do Diário de Noticias, como cidadão açoriano a título individual, defende ser de facto “insuficiente” o que é transmitido “tanto no noticiário geral, como no político”, acrescentando haver, na sua opinião, um “aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”, o que é mais notório, sublinha, a nível da televisão.
“Há um aproveitamento insuficiente dos recursos humanos e técnicos que as várias televisões possuem e em primeiro lugar do serviço público, naturalmente, que tem responsabilidades especiais”- acentua, avançando ter estreado recentemente um noticiário de cerca de “quinze minutos”, transmitido pela RTP-N. O professor aproveita também para dizer, com todo o respeito pela RTP e pela RTP-N e sem deixar de “registar positivamente um progresso”, que ainda “não basta, mas já é um passo”. Resta esperar, que no seguimento desta mudança, “muitas outras coisas” se transformem. Mário Mesquita aproveita ainda para lembrar que na perspectiva do comentário político, por exemplo, houve uma época em que havia jornalistas, alguns deles até continentais, de alguma maneira “especializados nas questões açorianas”, o que se tem vindo a “diluir” e a surgir, apenas, em “momentos eleitorais”. Fora desses períodos especiais, fica tudo “reduzido ao silêncio”.
Quanto às razões que conduzem a esta realidade, Mário Mesquita aponta ser “fundamentalmente” uma questão de “critérios editoriais” das respectivas chefias. “Naturalmente, é legítimo que as pessoas tenham estes critérios, da mesma maneira que há histórias de Portugal que falam na Primeira Guerra Mundial e não referem que houve uma Base Naval Americana nos Açores, que teve um papel importante”- salienta, contrapondo que, no entanto, concedem muitas páginas às “intervenções dos corpos expedicionários” portugueses.
Referindo-se ao que pode ser feito para mudar esta situação, afirma que a mudança deve ser assumida, por quem está nos lugares de “decisão”. Em relação ao sector público, sobre o qual argumenta ser mais fácil responder, cada um deve “assumir as suas responsabilidades”, havendo do lado regional “alguma pressão” em relação a isso.
Sem querer definir o que é da competência dos jornalistas e editores, alerta, o jornalista defende que “nas várias áreas, há fenómenos e questões regionais que interessam ao todo nacional e que merecem” ser também transmitidos. Lembra, ainda, que há uns anos, houve em São Miguel um “debate regional” em período de campanha eleitoral, entre os vários líderes dos partidos, programa que considerou de “tão bom nível” como os nacionais. Este, salienta, “durou cerca de 50 minutos ou mais, e nem dois ou três minutos passou nos principais noticiários nacionais”- enfatiza, lamentando uma situação que sob o soeu ponto de vista está relacionada com a “mentalidade” das pessoas.
BIOGRAFIA
Nascido em Ponta Delgada no ano de 1950, Mário Mesquita tem a sua vida marcada pela política, pelo jornalismo e pela universidade. Fundador do Partido Socialista, deputado constituinte, jornalista no velho "República", director de dois grandes diários portugueses (DN e DL), esta personalidade respeitada pelo rigor, determinação e independência, é actualmente docente e investigador universitário na área da comunicação social, além de autor de vários livros e numerosos artigos científicos. No plano pessoal, sempre pretendeu fazer jornalismo, mas só por volta de 1971 entrou, juntamente com Jaime Gama, para o "República". Tinha 21 anos e começou como estagiário não remunerado, estando já inscrito na Faculdade de Direito.
Interessou-se pelo jornalismo ainda muito jovem, pois aos 14-15 anos já gostava de literatura e também pela intervenção cívica e política. Como Ponta Delgada era uma cidade pequena, com três diários e que permitia uma grande proximidade, começou a frequentar as redacções e a conviver com os jornalistas locais, que na altura eram semi-profissionais.
No jornalismo, para além de manter há 12 anos uma crónica semanal - primeiro no "Diário de Noticias" e depois no "Público", foi ainda vice-presidente do Conselho de Imprensa (84-85), membro do Conselho de Comunicação Social (86-87) e provedor dos leitores do "Diário de Notícias" (97-98).
Houve três jornalistas que o marcaram na sua juventude, Manuel Ferreira, autor d’ "O Barco e o Sonho", que foi adaptada por Zeca Medeiros para a RTP; Rui Guilherme de Morais, também ficcionista de novelas e contos e; o Gustavo de Moura, que chegou a director do "Açoriano Oriental", o mais antigo jornal português da actualidade.
Na área da educação, é professor coordenador na Escola Superior de Comunicação Social, professor convidado da Universidade Lusófona, membro da Comissão de Redacção da revista "Comunicação e Linguagens" (Universidade Nova) e do Comité Científico da revista "Recherches en Communication" (Universidade Católica de Lovaina).
"Portugal sem Salazar" foi o primeiro livro que publicou, em 1973. Onze anos depois, veio a público um livro de crónicas intitulado "Deve e Haver". A obra que se seguiu foi "A Regra da Instabilidade", publicada em 1987 pela Imprensa Nacional. Em 1998 deu à estampa "O Jornalismo em Análise - A coluna do Provedor de Leitores" e em 2003 "O Quarto Equívoco - o poder dos Media na sociedade contemporânea".
Obteve também vários prémios de prestígio, como o Prémio Reportagem do Clube Português de Imprensa (1986), Prémio Artur Portela, concedido pela Casa de Imprensa pela carreira profissional (1987), Prémio Gazeta de Mérito, do Clube de Jornalistas, pela actividade desenvolvida na qualidade de provedor de leitores (1998) e Prémio Nacional Manuel Pinto de Azevedo Jr, na modalidade de Investigação, atribuído pelo Primeiro de Janeiro (1999). Em 2000-2001 ainda foi bolseiro de honra da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Vigo.
Raquel Moreira
Os Açores na TV nacional
Poucos programas sobre os Açores
Os canais nacionais transmitem poucos programas dos Açores e sobre os Açores, o que para Mário Mesquita se deve a uma questão de “mentalidades”. Segundo o professor, jornalista e ex-director do Diário de Notícias, “é de facto insuficiente o que aparece tanto no noticiário geral, como no político e acho que há um aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”.
São poucas as vezes em que ouvimos falar nos Açores, quando assistimos aos canais nacionais. E apesar de ter estreado há pouco tempo um programa sobre a Região, transmitido na RTP-N, não é o suficiente, pois são diversas as áreas em que há acontecimentos regionais de relevo a nível nacional.
Mário Mesquita, professor, jornalista e ex-director do Diário de Noticias, como cidadão açoriano a título individual, defende ser de facto “insuficiente” o que é transmitido “tanto no noticiário geral, como no político”, acrescentando haver, na sua opinião, um “aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”, o que é mais notório, sublinha, a nível da televisão.
“Há um aproveitamento insuficiente dos recursos humanos e técnicos que as várias televisões possuem e em primeiro lugar do serviço público, naturalmente, que tem responsabilidades especiais”- acentua, avançando ter estreado recentemente um noticiário de cerca de “quinze minutos”, transmitido pela RTP-N. O professor aproveita também para dizer, com todo o respeito pela RTP e pela RTP-N e sem deixar de “registar positivamente um progresso”, que ainda “não basta, mas já é um passo”. Resta esperar, que no seguimento desta mudança, “muitas outras coisas” se transformem. Mário Mesquita aproveita ainda para lembrar que na perspectiva do comentário político, por exemplo, houve uma época em que havia jornalistas, alguns deles até continentais, de alguma maneira “especializados nas questões açorianas”, o que se tem vindo a “diluir” e a surgir, apenas, em “momentos eleitorais”. Fora desses períodos especiais, fica tudo “reduzido ao silêncio”.
Quanto às razões que conduzem a esta realidade, Mário Mesquita aponta ser “fundamentalmente” uma questão de “critérios editoriais” das respectivas chefias. “Naturalmente, é legítimo que as pessoas tenham estes critérios, da mesma maneira que há histórias de Portugal que falam na Primeira Guerra Mundial e não referem que houve uma Base Naval Americana nos Açores, que teve um papel importante”- salienta, contrapondo que, no entanto, concedem muitas páginas às “intervenções dos corpos expedicionários” portugueses.
Referindo-se ao que pode ser feito para mudar esta situação, afirma que a mudança deve ser assumida, por quem está nos lugares de “decisão”. Em relação ao sector público, sobre o qual argumenta ser mais fácil responder, cada um deve “assumir as suas responsabilidades”, havendo do lado regional “alguma pressão” em relação a isso.
Sem querer definir o que é da competência dos jornalistas e editores, alerta, o jornalista defende que “nas várias áreas, há fenómenos e questões regionais que interessam ao todo nacional e que merecem” ser também transmitidos. Lembra, ainda, que há uns anos, houve em São Miguel um “debate regional” em período de campanha eleitoral, entre os vários líderes dos partidos, programa que considerou de “tão bom nível” como os nacionais. Este, salienta, “durou cerca de 50 minutos ou mais, e nem dois ou três minutos passou nos principais noticiários nacionais”- enfatiza, lamentando uma situação que sob o soeu ponto de vista está relacionada com a “mentalidade” das pessoas.
BIOGRAFIA
Nascido em Ponta Delgada no ano de 1950, Mário Mesquita tem a sua vida marcada pela política, pelo jornalismo e pela universidade. Fundador do Partido Socialista, deputado constituinte, jornalista no velho "República", director de dois grandes diários portugueses (DN e DL), esta personalidade respeitada pelo rigor, determinação e independência, é actualmente docente e investigador universitário na área da comunicação social, além de autor de vários livros e numerosos artigos científicos. No plano pessoal, sempre pretendeu fazer jornalismo, mas só por volta de 1971 entrou, juntamente com Jaime Gama, para o "República". Tinha 21 anos e começou como estagiário não remunerado, estando já inscrito na Faculdade de Direito.
Interessou-se pelo jornalismo ainda muito jovem, pois aos 14-15 anos já gostava de literatura e também pela intervenção cívica e política. Como Ponta Delgada era uma cidade pequena, com três diários e que permitia uma grande proximidade, começou a frequentar as redacções e a conviver com os jornalistas locais, que na altura eram semi-profissionais.
No jornalismo, para além de manter há 12 anos uma crónica semanal - primeiro no "Diário de Noticias" e depois no "Público", foi ainda vice-presidente do Conselho de Imprensa (84-85), membro do Conselho de Comunicação Social (86-87) e provedor dos leitores do "Diário de Notícias" (97-98).
Houve três jornalistas que o marcaram na sua juventude, Manuel Ferreira, autor d’ "O Barco e o Sonho", que foi adaptada por Zeca Medeiros para a RTP; Rui Guilherme de Morais, também ficcionista de novelas e contos e; o Gustavo de Moura, que chegou a director do "Açoriano Oriental", o mais antigo jornal português da actualidade.
Na área da educação, é professor coordenador na Escola Superior de Comunicação Social, professor convidado da Universidade Lusófona, membro da Comissão de Redacção da revista "Comunicação e Linguagens" (Universidade Nova) e do Comité Científico da revista "Recherches en Communication" (Universidade Católica de Lovaina).
"Portugal sem Salazar" foi o primeiro livro que publicou, em 1973. Onze anos depois, veio a público um livro de crónicas intitulado "Deve e Haver". A obra que se seguiu foi "A Regra da Instabilidade", publicada em 1987 pela Imprensa Nacional. Em 1998 deu à estampa "O Jornalismo em Análise - A coluna do Provedor de Leitores" e em 2003 "O Quarto Equívoco - o poder dos Media na sociedade contemporânea".
Obteve também vários prémios de prestígio, como o Prémio Reportagem do Clube Português de Imprensa (1986), Prémio Artur Portela, concedido pela Casa de Imprensa pela carreira profissional (1987), Prémio Gazeta de Mérito, do Clube de Jornalistas, pela actividade desenvolvida na qualidade de provedor de leitores (1998) e Prémio Nacional Manuel Pinto de Azevedo Jr, na modalidade de Investigação, atribuído pelo Primeiro de Janeiro (1999). Em 2000-2001 ainda foi bolseiro de honra da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Vigo.
Raquel Moreira
Os canais nacionais transmitem poucos programas dos Açores e sobre os Açores, o que para Mário Mesquita se deve a uma questão de “mentalidades”. Segundo o professor, jornalista e ex-director do Diário de Notícias, “é de facto insuficiente o que aparece tanto no noticiário geral, como no político e acho que há um aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”.
São poucas as vezes em que ouvimos falar nos Açores, quando assistimos aos canais nacionais. E apesar de ter estreado há pouco tempo um programa sobre a Região, transmitido na RTP-N, não é o suficiente, pois são diversas as áreas em que há acontecimentos regionais de relevo a nível nacional.
Mário Mesquita, professor, jornalista e ex-director do Diário de Noticias, como cidadão açoriano a título individual, defende ser de facto “insuficiente” o que é transmitido “tanto no noticiário geral, como no político”, acrescentando haver, na sua opinião, um “aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”, o que é mais notório, sublinha, a nível da televisão.
“Há um aproveitamento insuficiente dos recursos humanos e técnicos que as várias televisões possuem e em primeiro lugar do serviço público, naturalmente, que tem responsabilidades especiais”- acentua, avançando ter estreado recentemente um noticiário de cerca de “quinze minutos”, transmitido pela RTP-N. O professor aproveita também para dizer, com todo o respeito pela RTP e pela RTP-N e sem deixar de “registar positivamente um progresso”, que ainda “não basta, mas já é um passo”. Resta esperar, que no seguimento desta mudança, “muitas outras coisas” se transformem. Mário Mesquita aproveita ainda para lembrar que na perspectiva do comentário político, por exemplo, houve uma época em que havia jornalistas, alguns deles até continentais, de alguma maneira “especializados nas questões açorianas”, o que se tem vindo a “diluir” e a surgir, apenas, em “momentos eleitorais”. Fora desses períodos especiais, fica tudo “reduzido ao silêncio”.
Quanto às razões que conduzem a esta realidade, Mário Mesquita aponta ser “fundamentalmente” uma questão de “critérios editoriais” das respectivas chefias. “Naturalmente, é legítimo que as pessoas tenham estes critérios, da mesma maneira que há histórias de Portugal que falam na Primeira Guerra Mundial e não referem que houve uma Base Naval Americana nos Açores, que teve um papel importante”- salienta, contrapondo que, no entanto, concedem muitas páginas às “intervenções dos corpos expedicionários” portugueses.
Referindo-se ao que pode ser feito para mudar esta situação, afirma que a mudança deve ser assumida, por quem está nos lugares de “decisão”. Em relação ao sector público, sobre o qual argumenta ser mais fácil responder, cada um deve “assumir as suas responsabilidades”, havendo do lado regional “alguma pressão” em relação a isso.
Sem querer definir o que é da competência dos jornalistas e editores, alerta, o jornalista defende que “nas várias áreas, há fenómenos e questões regionais que interessam ao todo nacional e que merecem” ser também transmitidos. Lembra, ainda, que há uns anos, houve em São Miguel um “debate regional” em período de campanha eleitoral, entre os vários líderes dos partidos, programa que considerou de “tão bom nível” como os nacionais. Este, salienta, “durou cerca de 50 minutos ou mais, e nem dois ou três minutos passou nos principais noticiários nacionais”- enfatiza, lamentando uma situação que sob o soeu ponto de vista está relacionada com a “mentalidade” das pessoas.
BIOGRAFIA
Nascido em Ponta Delgada no ano de 1950, Mário Mesquita tem a sua vida marcada pela política, pelo jornalismo e pela universidade. Fundador do Partido Socialista, deputado constituinte, jornalista no velho "República", director de dois grandes diários portugueses (DN e DL), esta personalidade respeitada pelo rigor, determinação e independência, é actualmente docente e investigador universitário na área da comunicação social, além de autor de vários livros e numerosos artigos científicos. No plano pessoal, sempre pretendeu fazer jornalismo, mas só por volta de 1971 entrou, juntamente com Jaime Gama, para o "República". Tinha 21 anos e começou como estagiário não remunerado, estando já inscrito na Faculdade de Direito.
Interessou-se pelo jornalismo ainda muito jovem, pois aos 14-15 anos já gostava de literatura e também pela intervenção cívica e política. Como Ponta Delgada era uma cidade pequena, com três diários e que permitia uma grande proximidade, começou a frequentar as redacções e a conviver com os jornalistas locais, que na altura eram semi-profissionais.
No jornalismo, para além de manter há 12 anos uma crónica semanal - primeiro no "Diário de Noticias" e depois no "Público", foi ainda vice-presidente do Conselho de Imprensa (84-85), membro do Conselho de Comunicação Social (86-87) e provedor dos leitores do "Diário de Notícias" (97-98).
Houve três jornalistas que o marcaram na sua juventude, Manuel Ferreira, autor d’ "O Barco e o Sonho", que foi adaptada por Zeca Medeiros para a RTP; Rui Guilherme de Morais, também ficcionista de novelas e contos e; o Gustavo de Moura, que chegou a director do "Açoriano Oriental", o mais antigo jornal português da actualidade.
Na área da educação, é professor coordenador na Escola Superior de Comunicação Social, professor convidado da Universidade Lusófona, membro da Comissão de Redacção da revista "Comunicação e Linguagens" (Universidade Nova) e do Comité Científico da revista "Recherches en Communication" (Universidade Católica de Lovaina).
"Portugal sem Salazar" foi o primeiro livro que publicou, em 1973. Onze anos depois, veio a público um livro de crónicas intitulado "Deve e Haver". A obra que se seguiu foi "A Regra da Instabilidade", publicada em 1987 pela Imprensa Nacional. Em 1998 deu à estampa "O Jornalismo em Análise - A coluna do Provedor de Leitores" e em 2003 "O Quarto Equívoco - o poder dos Media na sociedade contemporânea".
Obteve também vários prémios de prestígio, como o Prémio Reportagem do Clube Português de Imprensa (1986), Prémio Artur Portela, concedido pela Casa de Imprensa pela carreira profissional (1987), Prémio Gazeta de Mérito, do Clube de Jornalistas, pela actividade desenvolvida na qualidade de provedor de leitores (1998) e Prémio Nacional Manuel Pinto de Azevedo Jr, na modalidade de Investigação, atribuído pelo Primeiro de Janeiro (1999). Em 2000-2001 ainda foi bolseiro de honra da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Vigo.
Raquel Moreira
Os Açores na TV nacional
Poucos programas sobre os Açores
Os canais nacionais transmitem poucos programas dos Açores e sobre os Açores, o que para Mário Mesquita se deve a uma questão de “mentalidades”. Segundo o professor, jornalista e ex-director do Diário de Notícias, “é de facto insuficiente o que aparece tanto no noticiário geral, como no político e acho que há um aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”.
São poucas as vezes em que ouvimos falar nos Açores, quando assistimos aos canais nacionais. E apesar de ter estreado há pouco tempo um programa sobre a Região, transmitido na RTP-N, não é o suficiente, pois são diversas as áreas em que há acontecimentos regionais de relevo a nível nacional.
Mário Mesquita, professor, jornalista e ex-director do Diário de Noticias, como cidadão açoriano a título individual, defende ser de facto “insuficiente” o que é transmitido “tanto no noticiário geral, como no político”, acrescentando haver, na sua opinião, um “aproveitamento insuficiente da própria capacidade desses canais”, o que é mais notório, sublinha, a nível da televisão.
“Há um aproveitamento insuficiente dos recursos humanos e técnicos que as várias televisões possuem e em primeiro lugar do serviço público, naturalmente, que tem responsabilidades especiais”- acentua, avançando ter estreado recentemente um noticiário de cerca de “quinze minutos”, transmitido pela RTP-N. O professor aproveita também para dizer, com todo o respeito pela RTP e pela RTP-N e sem deixar de “registar positivamente um progresso”, que ainda “não basta, mas já é um passo”. Resta esperar, que no seguimento desta mudança, “muitas outras coisas” se transformem. Mário Mesquita aproveita ainda para lembrar que na perspectiva do comentário político, por exemplo, houve uma época em que havia jornalistas, alguns deles até continentais, de alguma maneira “especializados nas questões açorianas”, o que se tem vindo a “diluir” e a surgir, apenas, em “momentos eleitorais”. Fora desses períodos especiais, fica tudo “reduzido ao silêncio”.
Quanto às razões que conduzem a esta realidade, Mário Mesquita aponta ser “fundamentalmente” uma questão de “critérios editoriais” das respectivas chefias. “Naturalmente, é legítimo que as pessoas tenham estes critérios, da mesma maneira que há histórias de Portugal que falam na Primeira Guerra Mundial e não referem que houve uma Base Naval Americana nos Açores, que teve um papel importante”- salienta, contrapondo que, no entanto, concedem muitas páginas às “intervenções dos corpos expedicionários” portugueses.
Referindo-se ao que pode ser feito para mudar esta situação, afirma que a mudança deve ser assumida, por quem está nos lugares de “decisão”. Em relação ao sector público, sobre o qual argumenta ser mais fácil responder, cada um deve “assumir as suas responsabilidades”, havendo do lado regional “alguma pressão” em relação a isso.
Sem querer definir o que é da competência dos jornalistas e editores, alerta, o jornalista defende que “nas várias áreas, há fenómenos e questões regionais que interessam ao todo nacional e que merecem” ser também transmitidos. Lembra, ainda, que há uns anos, houve em São Miguel um “debate regional” em período de campanha eleitoral, entre os vários líderes dos partidos, programa que considerou de “tão bom nível” como os nacionais. Este, salienta, “durou cerca de 50 minutos ou mais, e nem dois ou três minutos passou nos principais noticiários nacionais”- enfatiza, lamentando uma situação que sob o soeu ponto de vista está relacionada com a “mentalidade” das pessoas.
BIOGRAFIA
Nascido em Ponta Delgada no ano de 1950, Mário Mesquita tem a sua vida marcada pela política, pelo jornalismo e pela universidade. Fundador do Partido Socialista, deputado constituinte, jornalista no velho "República", director de dois grandes diários portugueses (DN e DL), esta personalidade respeitada pelo rigor, determinação e independência, é actualmente docente e investigador universitário na área da comunicação social, além de autor de vários livros e numerosos artigos científicos. No plano pessoal, sempre pretendeu fazer jornalismo, mas só por volta de 1971 entrou, juntamente com Jaime Gama, para o "República". Tinha 21 anos e começou como estagiário não remunerado, estando já inscrito na Faculdade de Direito.
Interessou-se pelo jornalismo ainda muito jovem, pois aos 14-15 anos já gostava de literatura e também pela intervenção cívica e política. Como Ponta Delgada era uma cidade pequena, com três diários e que permitia uma grande proximidade, começou a frequentar as redacções e a conviver com os jornalistas locais, que na altura eram semi-profissionais.
No jornalismo, para além de manter há 12 anos uma crónica semanal - primeiro no "Diário de Noticias" e depois no "Público", foi ainda vice-presidente do Conselho de Imprensa (84-85), membro do Conselho de Comunicação Social (86-87) e provedor dos leitores do "Diário de Notícias" (97-98).
Houve três jornalistas que o marcaram na sua juventude, Manuel Ferreira, autor d’ "O Barco e o Sonho", que foi adaptada por Zeca Medeiros para a RTP; Rui Guilherme de Morais, também ficcionista de novelas e contos e; o Gustavo de Moura, que chegou a director do "Açoriano Oriental", o mais antigo jornal português da actualidade.
Na área da educação, é professor coordenador na Escola Superior de Comunicação Social, professor convidado da Universidade Lusófona, membro da Comissão de Redacção da revista "Comunicação e Linguagens" (Universidade Nova) e do Comité Científico da revista "Recherches en Communication" (Universidade Católica de Lovaina).
"Portugal sem Salazar" foi o primeiro livro que publicou, em 1973. Onze anos depois, veio a público um livro de crónicas intitulado "Deve e Haver". A obra que se seguiu foi "A Regra da Instabilidade", publicada em 1987 pela Imprensa Nacional. Em 1998 deu à estampa "O Jornalismo em Análise - A coluna do Provedor de Leitores" e em 2003 "O Quarto Equívoco - o poder dos Media na sociedade contemporânea".
Obteve também vários prémios de prestígio, como o Prémio Reportagem do Clube Português de Imprensa (1986), Prémio Artur Portela, concedido pela Casa de Imprensa pela carreira profissional (1987), Prémio Gazeta de Mérito, do Clube de Jornalistas, pela actividade desenvolvida na qualidade de provedor de leitores (1998) e Prémio Nacional Manuel Pinto de Azevedo Jr, na modalidade de Investigação, atribuído pelo Primeiro de Janeiro (1999). Em 2000-2001 ainda foi bolseiro de honra da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Vigo.
Raquel Moreira
Public in Terra Nostra, Julho de 2008.
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