Problemas de agressividade, impulsividade e excessiva agitação psicomotora associam-se, muitas vezes, ao insucesso escolar, desmotivação, abandono escolar e a dificuldades de aprendizagem. O que conduz os jovens cada vez mais cedo ao Psicólogo. Isto, já sem falar em rupturas e grandes transições de vida, como o divórcio dos pais, a morte ou doença grave de um familiar, o nascimento de um irmão, o ingresso na escola e a entrada na adolescência.
A Psicóloga Mónica Domingues aborda esta realidade.
Mónica Domingues, licenciada em Psicologia e actualmente Secretária e membro cooptado da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Vila Franca do Campo, em ambas as modalidades de funcionamento (Restrita e Alargada), defende que as pessoas recorrem ao psicólogo muito “mais do que antes”, devendo-se esta procura de apoio às “exigências quotidianas do mundo actual e à desmistificação da visão anacrónica de que um psicólogo só se consulta quando alguém está louco”.
Acrescenta ainda que a ideia de que um psicólogo é alguém a quem se recorre “apenas quando sentimos que estamos a ficar doidos, ou “à beira de um ataque de nervos”, ou em situação de grande perturbação emocional ou comportamental é, como já referi, arcaica e, infelizmente, cada vez menos frequente”- afirma, realçando que esta visão tem sido ultrapassada pelas mais recentes formas de fazer Psicologia, assentes em filosofias preventivas e de desenvolvimento de competências, “em detrimento das de remediação e tratamento de perturbações já instaladas”.
A psicóloga admite que “todos” temos dificuldades na vida, com as quais não somos capazes de lidar sozinhos, todos temos uma ou outra característica pessoal que pode ser melhorada, potenciada ou substituída para um melhor bem-estar. Por isso, se a pessoa sente que precisa de apoio especializado para lidar como os seus filhos, problemas pessoais, conjugais, ou na relação com as pessoas de família: “como alguém dizia, “não seja doido, vá ao psicólogo!”- afirma Mónica Domingues, brincando com as palavras.
Actualmente, os jovens começam cada vez mais cedo a recorrer a ajuda psicológica. A seu ver “estamos, sobretudo, perante crianças a quem se exige e se dá tudo, ou nada” –esclarece, explicando que a umas são impostas regras “rígidas e limites que não têm em conta as suas opiniões e sentimentos”. A outras, “é dada toda a liberdade e todo o poder de decisão sobre as suas vidas”.
“A umas, dá-se tudo, porque não temos tempo para nos “darmos a nós”. A outras, não se da nada, porque o seu melhor não é suficiente para nós”- acrescenta, lamentando o facto de vivermos “num tempo sem tempo, em que o tempo nos faz esquecer que é o equilíbrio entre a disciplina e o amor”. Sentimento que considera ser a “chave mágica” para a educação das crianças que queremos que se tornem em adultos “responsáveis, autónomos, seguros, tolerantes e felizes”.
Normalmente, estas crianças ocultam diversas problemáticas a nível dos “afectos, emoções, das relações com os outros, do comportamento”- afirma, salientando estar a falar de “depressão, ansiedade, isolamento social, agressividade e intolerância à frustração, entre outras”.
Quanto à relação destas problemáticas com o meio escolar, Mónica Domingues afirma que como as crianças e jovens passam grande parte do dia na escola, “é muitas vezes neste contexto que estas problemáticas são sinalizadas e diagnosticadas”. Por isso, é “fundamental” que os professores e auxiliares de acção educativa estejam atentos às vidas dos alunos e estabeleçam com eles “relações de proximidade, baseadas na confiança e na empatia”.
No que diz respeito à responsabilidade que pode ser imputada à família e à sociedade, a psicóloga entende que esta última apresenta “grandes desafios às famílias”, que não têm sido tarefa fácil de resolver da melhor forma.
“Mas mais importante do que apurar responsabilidades é equacionar soluções…”- enfatiza, conscienciosa.
Mónica Domingues levanta também a questão de um documento publicado pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES), que anuncia um “mal-estar difuso” entre os portugueses.
A nível da Região, a psicóloga defende que, tal como no continente, “os açorianos ‘trazem com eles’ uma cultura tendencialmente depressiva e pessimista”- revela, dando o exemplo do “fado, a nossa canção nacional, quantas vezes melancólica e reveladora de que o destino nos rege, ou a palavra ‘saudade’, que é tão nossa e sem tradução directa noutras línguas e que é vivida como uma obstinada nostalgia pelo passado”.
Além disso, acrescenta que vivemos num “momento histórico em que o drama, a desgraça, as maldades, incompreensões e os insucessos fazem notícia e cativam audiências”.
Aproveitando a ocasião, Mónica Domingues transmite ainda uma mensagem de optimismo, lembrando que “para quem acredita e tem esperança num futuro melhor”, a ciência prova que uma atitude “positiva” interveniente pode conduzir a uma “maior vontade de viver, melhor saúde física e mental e a uma maior estabilidade emocional”. Daí, ser fundamental que “estejamos todos conscientes que está nas nossas próprias mãos o destino que queremos construir, para nós e para os outros”-salienta.
Segundo a sua experiência profissional com crianças e adolescentes, Mónica Domingues afirma que as questões mais frequentes estão relacionadas com problemas de comportamento, como a “agressividade, a impulsividade, a excessiva agitação psicomotora e o seu desenvolvimento; rupturas e grandes transições na vida, como o divórcio dos pais, a morte ou doença grave de um familiar, o nascimento de um irmão, o ingresso na escola e a entrada na adolescência, para além de insucesso escolar, desmotivação, abandono escolar e dificuldades de aprendizagem”.
Quando se trata de questões comportamentais, normalmente “ a intervenção de um psicólogo é mais solicitada para os rapazes”.
A Psicóloga Mónica Domingues aborda esta realidade.
Mónica Domingues, licenciada em Psicologia e actualmente Secretária e membro cooptado da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Vila Franca do Campo, em ambas as modalidades de funcionamento (Restrita e Alargada), defende que as pessoas recorrem ao psicólogo muito “mais do que antes”, devendo-se esta procura de apoio às “exigências quotidianas do mundo actual e à desmistificação da visão anacrónica de que um psicólogo só se consulta quando alguém está louco”.
Acrescenta ainda que a ideia de que um psicólogo é alguém a quem se recorre “apenas quando sentimos que estamos a ficar doidos, ou “à beira de um ataque de nervos”, ou em situação de grande perturbação emocional ou comportamental é, como já referi, arcaica e, infelizmente, cada vez menos frequente”- afirma, realçando que esta visão tem sido ultrapassada pelas mais recentes formas de fazer Psicologia, assentes em filosofias preventivas e de desenvolvimento de competências, “em detrimento das de remediação e tratamento de perturbações já instaladas”.
A psicóloga admite que “todos” temos dificuldades na vida, com as quais não somos capazes de lidar sozinhos, todos temos uma ou outra característica pessoal que pode ser melhorada, potenciada ou substituída para um melhor bem-estar. Por isso, se a pessoa sente que precisa de apoio especializado para lidar como os seus filhos, problemas pessoais, conjugais, ou na relação com as pessoas de família: “como alguém dizia, “não seja doido, vá ao psicólogo!”- afirma Mónica Domingues, brincando com as palavras.
Actualmente, os jovens começam cada vez mais cedo a recorrer a ajuda psicológica. A seu ver “estamos, sobretudo, perante crianças a quem se exige e se dá tudo, ou nada” –esclarece, explicando que a umas são impostas regras “rígidas e limites que não têm em conta as suas opiniões e sentimentos”. A outras, “é dada toda a liberdade e todo o poder de decisão sobre as suas vidas”.
“A umas, dá-se tudo, porque não temos tempo para nos “darmos a nós”. A outras, não se da nada, porque o seu melhor não é suficiente para nós”- acrescenta, lamentando o facto de vivermos “num tempo sem tempo, em que o tempo nos faz esquecer que é o equilíbrio entre a disciplina e o amor”. Sentimento que considera ser a “chave mágica” para a educação das crianças que queremos que se tornem em adultos “responsáveis, autónomos, seguros, tolerantes e felizes”.
Normalmente, estas crianças ocultam diversas problemáticas a nível dos “afectos, emoções, das relações com os outros, do comportamento”- afirma, salientando estar a falar de “depressão, ansiedade, isolamento social, agressividade e intolerância à frustração, entre outras”.
Quanto à relação destas problemáticas com o meio escolar, Mónica Domingues afirma que como as crianças e jovens passam grande parte do dia na escola, “é muitas vezes neste contexto que estas problemáticas são sinalizadas e diagnosticadas”. Por isso, é “fundamental” que os professores e auxiliares de acção educativa estejam atentos às vidas dos alunos e estabeleçam com eles “relações de proximidade, baseadas na confiança e na empatia”.
No que diz respeito à responsabilidade que pode ser imputada à família e à sociedade, a psicóloga entende que esta última apresenta “grandes desafios às famílias”, que não têm sido tarefa fácil de resolver da melhor forma.
“Mas mais importante do que apurar responsabilidades é equacionar soluções…”- enfatiza, conscienciosa.
Mónica Domingues levanta também a questão de um documento publicado pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES), que anuncia um “mal-estar difuso” entre os portugueses.
A nível da Região, a psicóloga defende que, tal como no continente, “os açorianos ‘trazem com eles’ uma cultura tendencialmente depressiva e pessimista”- revela, dando o exemplo do “fado, a nossa canção nacional, quantas vezes melancólica e reveladora de que o destino nos rege, ou a palavra ‘saudade’, que é tão nossa e sem tradução directa noutras línguas e que é vivida como uma obstinada nostalgia pelo passado”.
Além disso, acrescenta que vivemos num “momento histórico em que o drama, a desgraça, as maldades, incompreensões e os insucessos fazem notícia e cativam audiências”.
Aproveitando a ocasião, Mónica Domingues transmite ainda uma mensagem de optimismo, lembrando que “para quem acredita e tem esperança num futuro melhor”, a ciência prova que uma atitude “positiva” interveniente pode conduzir a uma “maior vontade de viver, melhor saúde física e mental e a uma maior estabilidade emocional”. Daí, ser fundamental que “estejamos todos conscientes que está nas nossas próprias mãos o destino que queremos construir, para nós e para os outros”-salienta.
Segundo a sua experiência profissional com crianças e adolescentes, Mónica Domingues afirma que as questões mais frequentes estão relacionadas com problemas de comportamento, como a “agressividade, a impulsividade, a excessiva agitação psicomotora e o seu desenvolvimento; rupturas e grandes transições na vida, como o divórcio dos pais, a morte ou doença grave de um familiar, o nascimento de um irmão, o ingresso na escola e a entrada na adolescência, para além de insucesso escolar, desmotivação, abandono escolar e dificuldades de aprendizagem”.
Quando se trata de questões comportamentais, normalmente “ a intervenção de um psicólogo é mais solicitada para os rapazes”.
Raquel Moreira
Public in jornal Terra Nostra, Março de 2008.
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