Ajustar a escolha do jovem às necessidades do mercado e optar por "licenciaturas de banda larga", são as missivas de Rui Bettencourt, para tentar melhorar a questão do desemprego na Região. O recibo verde e o seu abuso, por parte das empresas que através deste obtêm mão-de-obra grátis, são mais uma realidade que vem dar um aspecto ainda mais negro a este quadro.
Estágios no estrangeiro são outra forma dos jovens terem mais empregabilidade no mercado de trabalho, alem de poderem, assim, adquirir uma nova cultura.
Os Açores têm 4 mil desempregados, metade destes sem receber qualquer tipo de subsídio. Estagiar no estrangeiro através dos programas Leonardo da Vinci, Eurodisseia ou Erasmus, pode ser uma boa táctica de aumentar a empregabilidade destes estudantes, facilitando a sua entrada no mundo do trabalho.
Rui Bettencourt, director regional do emprego e qualificação profissional classifica estes programas como algo de "muito positivo", por várias razões. Justifica-se, dizendo que "aumenta muito a prioridade, pois um jovem que está uns meses numa região, num pais europeu a aprender outras realidades, outra língua, evidentemente que tem outra potencialidade em termos de emprego, porque, não só aprende novas técnicas no seu emprego, como já conhece novas culturas, novas realidades de trabalho, uma nova abordagem do mundo laboral"-salienta.
Lembra ainda que "raramente", um jovem que faça estes estágios tem dificuldade de inserção profissional, de empregabilidade. Afirma fomentar muito estes programas, abordando a existência de um estudo divulgado recentemente, "sobre as perspectivas dos jovens licenciados que se encontram a estudar no continente, 40% deles quer fazer estágios no estrangeiro".
E continua, avançando estarmos "numa época de grande cultura, de jovens açorianos a estagiar no estrangeiro".O que é óptimo para Região, pois a Europa "é para nós um palco privilegiado". Quando são europeus a virem para os Açores, isto "também abre os Açores à Europa".
"Neste momento, temos 50 jovens açorianos a irem para a Europa e temos 50 jovens europeus, que chegam em finais de Abril, para estagiar 6 meses nos Açores no âmbito do programa Eurodisseia"- enfatiza, afirmando tratar-se de um intercâmbio "muito interessante, que além de aumentar a empregabilidade dos jovens, tem também uma outra consequência que é a aproximação e a construção" da União Europeia.
Refere também que nos aproximamos da Europa, que também se aproxima de nós e conhece-nos e que "todos os anos, temos 50 jovens europeus a estagiar nos Açores". Alguns regressam, mas nem todos. "Há sempre 2 ou 3 que ficam, nos Açores".
Isto é fundamental, porque "faz com que os Açores sejam conhecidos"-realça, apelidando-os de "embaixadores dos Açores" nos seus países de origem.
Segundo o director regional, existem de momento, "2 programas de intercâmbio e mobilidade".
O Leonardo da Vinci é um programa de iniciativa comunitária que tem 30 jovens. Dura de "3 a 4 meses", e destina-se a licenciados e não licenciados.
O programa Eurodisseia, é geralmente utilizado por licenciados. "Termos 50 jovens, mas vamos aumentar para 70. Começamos por fazê-lo com licenciados e não licenciados, pois o programa permite, mas temos dado prioridade aos licenciados e alunos do ensino profissional a nível do 12º ano, num caso ou outro"- explica.
O Eurodisseia, além de "promover de uma maneira muito forte a empregabilidade dos jovens, aproxima os Açores da Europa" e vice-versa.
"Trata-se de um programa de âmbito transnacional, entre regiões europeias, uma vitrine do regionalismo e da eficácia dos parceiros regionais"-acrescenta.
Rui Bettencourt aproveita para dizer que há uma grande preocupação em "construir a Europa das regiões e as decisões regionais são de muito maior pertinência"- afirma, registando serem "290 regiões só para a União Europeia". Sim, porque há regiões russas, turcas, ucranianas que "não sendo da União Europeia, pertencem à história das regiões da Europa e participam no Eurodisseia".
Revela que a direcção regional dirige este programa com todas estas regiões desde "há 2 anos", 2007 e 2008; e tiveram de novo "candidatos para continuar até 2010" o que os coloca com "muita credibilidade" no palco europeu.
"Leva a que os nossos parceiros vejam que somos eficientes, levam-nos a sério"- esclarece.
O director regional revela ainda, em primeira-mão, estar a organizar o Fórum das Regiões Europeias, sobre "a influência do regionalismo na construção da União Europeia". O evento realizar-se-á em Setembro deste ano, nas Portas do Mar e trará aos Açores um debate intitulado "A Identidade Regional e a Construção da Europa".
Através deste acontecimento, os Açores irão receber, não só todos os intervenientes no debate, como uma "mostra das regiões europeias".
"Os problemas de mobilidade têm efeito imediato na empregabilidade dos jovens e menos imediato, a médio prazo, sobre a construção da Europa", colocando os Açores no topo das decisões.
Explica que com estes programas da Eurodisseia, "criam-se paralelamente outras competências, como o facto, da Região pertencer agora ao bureaux político da Assembleia das Regiões", onde tem lugar fixo.
"Estamos envolvidos nesta dinâmica, com estas frentes de combate, tendo consciência de que a nossa participação europeia vai desde uma resposta muito individual a cada jovem até, de uma maneira mais global, colocar os Açores no palco das decisões"- evidencia.
Em termos de saídas profissionais, Rui Bettencourt considera estes programas como "uma mais-valia", pois os jovens são encaminhados "conforme as necessidades regionais" e os seus desejos. Além disso, estes jovens vão "criar competências" em diversos países europeus, regressando depois aos Açores, se assim o entenderem, e enriquecendo o mercado trabalho regional.
São vários os casos de sucesso. Desde jovens que vão para Barcelona nas áreas das Artes, da Arquitectura e do Design, a 3 jovens que vão para Paris também na área das Belas Artes e da Biologia. "Temos uma jovem que fez o curso de Biologia nos Açores, depois foi para o Instituto Pasteur, em Paris, e ficou lá a trabalhar - salienta, lembrando tratar-se uma "referência mundial".
O director regional vai ainda mais longe, ao afirmar que este é um "momento de viragem" neste programa de mobilidade, porque "as regiões de Leste vão entrar".
"Temos várias solicitações de empresas e de jovens da Europa de Leste, que querem estabelecer parcerias e receber estagiários nossos. Temos uma obrigação e um dever de dar a conhecer a Roménia, a Ucrânia e a Croácia, regiões com as quais vamos fazer intercâmbios". Lembra também que a Croácia é um país com características de turismo muito parecidas com as portuguesas e "podemos aprender muito com eles, pois têm uma tradição turística bastante grande". A Roménia tem um "desejo de crescimento bastante acentuado" e há empresas portuguesas a instalarem-se na Roménia e estão a solicitar alguns jovens para estagiar.
Na sua opinião, esta evolução da Europa tem se processado com uma "rapidez enorme", e os Açores querem "não só ir atrás, mas conduzi-la e temos a consciência que é uma época de completa viragem, que só conseguimos controlar conscientes do que há a fazer".
O importante é "unir os Açores à Europa" e permitir que muitos jovens açorianos consigam ir para lá. "Depois regressarão, ou não" - alerta, evidenciando que a taxa de regresso tanto dos açorianos, como dos europeus, "ronda os 80% e há 20% que fica", com a esperança de regressar mais tarde com outras competências.
Ainda existe muito pouco intercâmbio com os países de Leste, há que "dar um salto importante". Apesar de terem alguma experiência com jovens da Europa de Leste, também têm verificado um "acréscimo do fluxo entre países europeus de Leste/Oeste e vice-versa.
Conta que há pouco tempo, a Região recebeu uma jovem belga. "Ela trabalhou na SATA e foi-se embora a falar português impecavelmente e com uma óptima imagem dos Açores"-recorda, evidenciando que tudo isto, é um "indicador"de que a Europa está se está a construir com a participação dos Açores.
"O Erasmus é um programa universitário e tem uma lógica própria e características relacionadas com a aquisição de créditos universitários nos estados membros"- informa.
Existem outros programas que estão mais relacionados com a "inovação na área dos recursos humanos", nomeadamente a inovação de "políticas de instrumentos de recursos humanos".
Passaportes de Competências Profissionais
Rui Bettencourt aproveita a ocasião para falar sobre um projecto "muito interessante" e pioneiro a nível da Europa, que tem a duração de 2 anos, e está relacionado com Passaportes de Competências Profissionais.
Já há o Euro Passe, que é um documento de registo, uma espécie de Curriculum Vitae disponível em todos os países da Europa. Agora, "durante 2 anos e liderados pela França, temos junto com 7 parceiros europeus a responsabilidade, dada pela comissão europeia, de fazer um passaporte de competências e um eportfolio (e de euro)"- explica, salientando que o objectivo é fazer com uma pessoa em qualquer país da Europa possa ter um registo, ao longo da sua vida, com todas as suas competências, validando-as em toda a Europa". É um Curriculum universal.
O director regional chama a atenção para o facto de tudo isto contribuir para a "mobilidade, pois um dos aspectos que a entrava era precisamente a falta de um documento desta natureza" – afirma, acrescentando ser com "muita honra" que faz parte deste projecto, pois os Açores são o representante português que irá ter responsabilidade de em 2009 e 2010, "divulgar em Portugal este documento", o que está consciente de ser "muito trabalhoso do ponto de vista de conceito, de elaboração de projecto e do documento".
Relata também ao Terra Nostra, que os Açores escolheram por temáticas próprias 2 actividades, a "Construção Civil e o Turismo e como preocupação central a certidão de competências dos trabalhadores açorianos e dos jovens que saiem do ensino profissional". Esta metodologia será divulgada pelas empresas açorianas e depois a nível nacional.
"Um factor constante é a preocupação com a metodologia estratégica, ver sempre o que está a acontecer e entrar na porta certa para um projecto"- ressalva, lembrando que o projecto não é gerido por cada país, mas sim "transversal a toda a Europa".
Referindo-se aos programas de intercâmbio, Rui Bettencourt afirma estarem em "velocidade de cruzeiro", com "50 estudantes envolvidos e, para o ano, poderemos ter 80", porque já houve jovens licenciados, a manifestarem o desejo de fazer um estágio na Europa.
"Há 10 anos atrás, tivemos alguma dificuldade de começarmos com 3 ou 4 jovens. Tínhamos 3 ou 4 jovens no Eurodisseia e 2 ou 3 no Leonardo da Vinci" – recorda, lembrando que o programa Leonardo começou nos Açores em 1997/98.
"Os que os jovens ainda tinham um certo receio em sair, interrogando-se sobre o que iria acontecer. Os próprios pais também estavam preocupados. Agora de uns para outros, vão contando como foi" – acrescenta, tornando claro que tudo isto "exige uma atenção muito particular na rede de acolhimento". Mas não há motivos para preocupações, pois têm tido "absoluta segurança" nos seus parceiros para que o jovem seja acolhido "com qualidade". Actualmente, a Região faz parte de uma rede com 280 parceiros, com os quais trabalha regularmente e que a visitarão todos em Setembro".
Rui Bettencourt menciona ainda um outro programa, que faz parte também de uma rede europeia de emprego, o European Employment Service (EURES), à qual qualquer pessoa se pode candidatar, se quiser ir trabalhar para fora do país.
"Evidentemente, gostaríamos mais de trazer pessoas para os Açores, do que de deixar sair os açorianos. A Região tem 250 mil pessoas, se tivesse 400 mil pessoas seria muito melhor"- confessa, lembrando que é toda esta mobilidade que permite que se tenha "inovação e novas ideias".
Na sua opinião e ao contrário do que se possa pensar, os Açores são a região europeia mais jovem, "temos o dobro dos jovens em relação aos idosos. A nível nacional, há praticamente o mesmo número de idosos e de jovens, temos o dobro.
Isto, apesar desta região de jovens representar "uma percentagem ínfima do todo europeu".
Quanto ao projecto com mais adesão, Rui Bettencourt revela que o Eurodisseia tem "disparado", com 50 jovens, contra 30-40 do Leonardo da Vinci. Justifica esta realidade, com o facto do estágio na Eurodisseia ser "mais acolhedor, com um mês de aprendizagem da língua e tem mais acompanhamento". Enquanto, no Leonardo que tem duração de 3 meses, "o acompanhamento não é tão grande".
"No Eurodisseia têm à chegada um mês de língua e de Historia e Geografia dos Açores, para conhecerem a nossa realidade. E depois também têm uma maior proximidade com os gestores, com os responsáveis e com a população. Porque o Eurodisseia é um programa que está muito regional. Temos uns panfletos escritos em inglês e francês, que enviamos por toda a Europa a explicar como funciona o programa"- explica.
Para quem queira aderir a estes programas, o director regional informa que "as inscrições estão sempre abertas".
O programa Leonardo tem prazos próprios, mas o Eurodisseia está sempre aberto, o que lhes permite negociarem com os outros países, para receberem mais 2 ou 3 jovens.
"Já aconteceu a Suíça ter 7 jovens açorianos ao mesmo tempo, pois estes demonstraram grande interesse na área do Turismo e Hotelaria".
É tal o pormenor a que chega, para tentar diminuir o desemprego na Região, que até os
Jovens açorianos, actualmente, a estudar no continente, "sabemos eles quem são e estamos em vias de os contactar quando acabarem a licenciatura"-revela.
Estes programas têm uma idade limite de 28/29 anos, mas admite haver "margem de manobra para os recém-licenciados".
"É um programa com uma vantagem muito grande, porque há apoios que são diferenciados. Um jovem a estagiar na Croácia, não gasta tanto como a estagiar em Paris"- evidencia.
No que diz respeito ao investimento feito pela Região, os valores são de "15 mil euros por estudante, pois assume-se as passagens e uma bolsa. Os jovens que nos chegam da Europa têm a viagem paga, o alojamento e recebem uma bolsa mensal de 700 euros" – esclarece.
O jovem candidata-se, tem uma conversa com um conselheiro que lhe explica como o estágio funciona, quais as condições. O conselheiro tenta ainda descobrir se o jovem tem "maturidade suficiente para ir para a Europa, sair da casa e da família que conhece e ir, para um pais ou região, onde, às vezes, não há ninguém que fale a mesma língua".
Há ainda um factor importante na divulgação dos Açores.
Os jovens que ficam no estrangeiro, depois iniciam relações pessoais de amizades, namoro e casamento, que "vão ter influência na construção desta Europa que se deseja".
Por outro lado, muitos familiares dos jovens que vêm para os Açores, visitam-nos.
Desemprego
Referindo-se à temática do desemprego, o director regional avança que, "apesar das flutuações", os Açores representam "metade da taxa de desemprego nacional, flutuando entre os 3,5% e os 4,9%". Nos próximos meses, temos um total de "4 mil desempregados".
Rui Bettencourt afirma que "há 10 anos atrás, a percentagem de jovens à procura do 1º emprego era de 30/40%. Agora, é de 10%. Deu-se uma quebra bastante significativa, pois deve-se fazer tudo para o jovem ter uma 1ª experiência, a dar um 1º passo.
Quanto à ideia de que estamos em crise, defende que "de qualquer modo estaremos sempre, mas não é tanto assim".
Fazendo um balanço dos últimos 10 anos, avança: "pusemos de pé, várias medidas, como estágios tanto europeus com regionais, formação profissional". Mas, chegou a altura de avançar para uma fase de "apostar na formação de activos, porque a maior parte desses jovens já são trabalhadores".
O jovem entra num posto de trabalho e depois tem 5 anos pela frente com grande capacidade, com ajuda e incentivos próprios para se "manter sempre ao nível da empregabilidade".
"Temos de ter uma grande preocupação nesta próxima década de acompanhamento e formação profissional, porque as escolhas são muitas, as expectativas nem sempre são boas e é importante que o jovem saiba da existência de um mecanismo que lhe ajuda" –declara.
Rui Bettencourt reconhece também que, enquanto, há uns anos atrás um jovem que terminasse um determinado curso, já "sabia conseguir emprego em determinado sítio. Actualmente, a realidade é bem diferente". Daí a necessidade de um "acompanhamento,
e de orientação profissional junto com a formação de activos – que são, aliás, os 2 grandes "desígnios para os próximos 10 anos".
Muitas pessoas se queixam de que, ao se dirigirem ao centro de emprego, encontram normalmente empregos apenas nos quadros inferiores. A seu ver, esta situação dá-se
devido a 2 problemas, 2 extremos da balança. Por um lado, temos "3/4 de desempregados, que não tem o 9º ano, não tem qualificação profissional e para eles é muito complicado"- admite, revelando que a estratégia de acção consiste em levá-los a ter " mais empregabilidade, formando-se". Para isso, existe o programa Reactivar e outros do género.
Por outro lado, "felizmente em muito menor número - falo de 130/150, em relação a pouco mais de 3 mil sem o 9º ano - temos os licenciados".
Nesta questão, Rui Bettencourt sublinha que o importante, não são os números, mas a "grande injustiça" que aqui se verifica.
"Um jovem, e família, que investe anos da sua vida na formação do 12º ano com toda a sociedade a dizer que se este tiver sucesso, tira a licenciatura e depois arranja emprego!" É uma "frustração social grande", afirma explicando que o facto é que algumas licenciaturas "não estão ajustadas ao mundo do trabalho". Por isso, tem de ser feito um grande esforço de "ajustamento da saída universitária ao mundo do trabalho". Caso contrário, corre-se o risco do jovem entrar numa frustração social grave ou, as universidades ficam "desacreditadas".
Na formação profissional, os recursos são ajustados às necessidades das empresas e são aprovados cursos em função disso. Rui Bettencourt vai ainda mais longe, ao afirmar que era necessário que houvesse, "por parte das universidades", uma certa interrogação sobre que cursos estão a fazer. "Senão, os jovens deixam de ir para a universidade ou vão para cursos que têm outra empregabilidade" - lamenta.
Outra opção para combater o desemprego, é o jovem escolher uma "licenciatura banda larga", que se ajusta a várias profissões, devendo apostar depois na formação de Pós-Graduação e, essencialmente, em "reconversões permanentes".
Isto, porque "é falso pensar que há muitos licenciados, há poucos. Temos cerca de 5% da população activa de licenciados, na Europa têm 22 e 30%. As empresas, por sua vez, têm de reconhecer que um licenciado é alguém que tem uma formação superior e há que preparar as universidades para que os jovens fiquem com cursos apetecíveis aos empresários" –enfatiza.
Quanto às necessidades do mercado, o director regional revela haverem "3 áreas ainda muito necessitadas". Começando por mencionar, a nível superior as "engenharias (com excepção de engenharia de cerâmica, por exemplo), a medicina, a gestão e cursos de intérprete. No prazo de 5/6 anos pensamos que as biotecnologias podem disparar em termos de importância na nossa indústria agro-alimentar".
Afirma também a existência de uma "grande sede de quadros médios, em algumas áreas da informática, técnicos de gestão, de energias renováveis e de hectare".
"São por volta de 4 mil desempregados, metade com e, metade sem subsidio de desemprego", pois a legislação está um pouco mais "apertada" em relação a esta questão.
Quanto ao Estagiar L (que funciona em todas as ilhas) e ao facto de, como é conhecimento geral muitas empresas se aproveitarem deste programa para conseguirem mão-de-obra grátis, Rui Bettencourt afirma que "isso é verdade e temos tentado reagir contra ".
E continua, afirmando que foram tomadas algumas medidas. Por exemplo, "desde 1998, temos feito com que não haja estágios em juntas de freguesia, câmaras, e outras entidades que não têm empregabilidade".
Também em 2008, já "demos um passo importante, porque fomos ver quais as empresas regionais, que sistematicamente fazem isso e, nestes casos, vamos tentar aconselhar os jovens a não irem. É iludir as pessoas"- salienta, revoltado.
Por outro lado, há empresas que geralmente "ficam com todos os estagiários" que por lá passam.
Nos casos em que as empresas querem realmente ficar com os jovens, "30 /40% ficam logo no mês seguinte, os restantes ficam nos 6 meses posteriores". Metade dos jovens, não fica na própria empresa, mas sim numa que fique ao lado, numa empresa concorrente.
Actualmente, um jovem que termine o Estagiar L pode também fazer o curso de empreendedorismo.
Recibos Verdes
Abordando a questão do recibo verde e do seu uso indevido por parte de algumas empresas, Rui Bettencourt afirma não haver legislação para abolir este regime de trabalho. O que fizeram, há cerca de 1 ano e meio, foi uma "regulação. Temos insistido com o Tribunal e com a Inspecção Regional de Trabalho, na questão da precariedade. É verdade que nem sempre a economia permite ou as empresas precisam de pessoas no seu quadro definitivo". Agora, outra coisa é a precariedade que, "às vezes, temos de combater e que não é fácil de detectar".
O recibo verde merece alguma reflexão, pois existe apenas "para quando uma empresa adquire serviços a uma pessoa, não podendo esta ser vista como alguém que está permanentemente com um superior hierárquico e com horário"- alerta, avançando que têm tido "muita atenção" junto com a Inspecção de Trabalho, que tem instruções para "detectar todos os casos de falsos recibos verdes".
O facto é que "em 5 anos, e o governo já apresentou estes valores, o número de trabalhadores em quadro definitivo aumentou 23,8%, o número global de trabalhadores aumentou 10%, tendo caído fortemente as situações atípicas, como a do recibo verde, para 34%" – relata, satisfeito.
Em 2007, tivemos "17 mil informações, de orais a escritas, num total de 10 inspecções por dia, 10 visitas às empresas".
Raquel Moreira
Public in Terra Nostra, Março de 2008.