quinta-feira, 5 de junho de 2008

Viver a vida com calma

Santos e Pecadores vêm aos Açores

Os Santos e Pecadores comemoram este ano 16 anos de existência e estarão, amanhã, no Pico para um concerto íntimo acústico, ao qual se espera que os fãs adiram em massa. Lançaram o Livre-Trânsito em formato digital, trabalho que conta com a participação de vários músicos, como a fadista micaelense Kátia Guerreiro, pois pretendem uma proximidade das “novas tecnologias e da nova forma de consumo”.

Esquecer os problemas do dia-a-dia, desfrutar a vida com calma e a preocupação em preservar o ambiente, são os conselhos que Pedro Almeida, guitarrista da banda, envia aos nossos leitores.
A seu ver, os Media deveriam “investir” mais na divulgação da música portuguesa.
Olavo Bilac (voz), Pascoal Simões (teclas), Ruy Martins (metais), Pedro Cunha (bateria), Artur Santos (baixo) e Pedro Almeida (guitarra) formam os Santos e Pecadores, autores de Não voltarei a ser fiel, Fala-me de amor e Momento Final. Três grandes êxitos da banda, que conta já com oito discos gravados.
Pedro Almeida, guitarrista dos Santos e Pecadores, afirma que estes são uma banda de Pop Rock que está no mercado há 16 anos. “Já lançamos oito discos incluindo o disco digital, Livre-Trânsito, que está em distribuição online no nosso site de forma gratuita”-acentua, acrescentando que “basta fazer o download”. Sobre a história do grupo, afirma ser “difícil condensar 16 anos”, até porque a banda já é conhecida.
O Livre-Trânsito, continua, foi gravado em Agosto de 2007, no Auditório João Mota, em formato “acústico” e conta com a presença de vários convidados compilados, quer instrumentistas quer cantores, como “a Kátia Guerreiro e o Orlando Santos”.
Livre-Trânsito é composto por 10 temas e, passado um mês, 3 deles já se destacam como líderes de preferência. Falamos de John Big Dream, Fala-me de Amor e Silêncio da Noite, os dois primeiros do disco Voar (1999) e o terceiro de Horas de Prazer (2001).
Pedro Almeida explica que decidiram lançar um disco digital, porque “ainda ninguém o tinha feito”. Foi uma distribuição “gratuita” e lançaram o álbum “exclusivamente digital”, pois “queremos nos aproximar das novas tecnologias e da nova forma das pessoas consumirem e resolvemos fazer esta experiência”. Curiosamente, o álbum saiu a 15 de Abril e a 15 de Maio já tinham “460 mil” downloads realizados, o que para a banda é “muito gratificante”.
Santos e Pecadores, revela, surgiu como qualquer nome, como se fosse para uma filha, salientando que de entre os vários nomes de que se lembraram, acharam este “interessante, porque representa dois pólos distintos e simboliza também o equilíbrio. Há duas forças opostas e no meio é que está a virtude”.
Recorda ainda que a banda começou numa garagem em Cascais e toca desde 1992, mas “a formação criada em 2002 mantém-se até hoje”.
Quanto à mensagem que a banda quer transmitir, Pedro Almeida afirma ter a ver com a atitude da banda. Esta quer que as pessoas se “esqueçam dos problemas do dia-a-dia, se descontraiam, passem um bom momento a ouvirem a nossa música ou a assistirem aos nossos concertos, vivam a vida com calma e desfrutem dela”. É essa a postura, pois “para problemas já chegam os telejornais”- enfatiza.
Pedro Almeida aproveita ainda a ocasião para alertar as pessoas face às “questões ambientais, a um entendimento com as pessoas e à tolerância”, dizendo que estas devem “preocupar-se com o ambiente, preservá-lo, tentar melhorá-lo e fazer com que a sua participação na sociedade seja activa neste sentido”. E deve haver “tolerância” entre os povos e as raças”.
“Tentamos sempre positivar o perigo em relação à vida” - sublinha, acentuando que o que tenta passar é que as pessoas quando estão com a banda, “presencialmente, ou não”, passem o momento e se “olvidem dos problemas do dia-a-dia e das notícias”. O que interessa, a seu ver, é dar “o lado positivo da vida” - atitude que, diz, “não foi pensada”, mas foi a que tomaram.
Quanto às temáticas das canções, esclarece, são “histórias comuns a nós e a qualquer ser humano”, que abordam temáticas como as “relações afectivas e pessoais; os problemas que nos inquietam como a solidão e o medo; a alegria e o amor”, vertente que considera também “importante” na vida de uma pessoa.
O tema Não voltarei a ser fiel, recorda, tem música de Olavo Bilac e letra de Miguel Ângelo, Fernando Cluni e também de Olavo, argumentando que o que está patente na letra é um “sentimento de perda e de traição, que dá sempre um amargo na boca”. Não foi um tema que quisessem abordar, salienta, avançando que não significa que se esteja a “mostrar a depressão”, mas ainda por cima “toda a gente” tem uma situação dessas. Mas, “a canção não é bibliográfica” nesse sentido, até, porque foi escrita por três pessoas e tinham os três que estar a passar pelo mesmo.
Conta que já visitaram os Açores, “muitas vezes”, conhecendo todas as ilhas, excepto a Graciosa e ao Corvo, revelando que desta vez, a oportunidade surgiu, porque é “muito amigo de Rui Lima, que explora o Bar do Clube Naval no Pico”. Daí surgiu esta parceria para darem um concerto, que, lembra, faz parte desta campanha de promoção e de divulgação deste disco.
Questionado sobre se a música portuguesa ainda é preterida face à estrangeira, avança que “o público é bastante justo e interessa-se pelo que tiver interesse”. Por outro lado, defende os Media é que podem divulgar e têm a capacidade de fazer chegar este ou aquele produto ao mercado e, “muitas vezes, não o fazem, dando importância a notícias de maior impacto” - lamenta.
“Os Media não querem fazer um trabalho mais difícil, o de dar a conhecer coisas que ainda não são conhecidas, mas que daqui a uns tempos podem vir a ser algo sério no mercado nacional. É isso que está a faltar, um maior investimento dos Media de uma forma geral para dar a conhecer a música nacional. E isso faz falta, porque se as bandas tiverem qualidade, o público tanto vai gostar da música portuguesa, como da estrangeira”-sublinha, acrescentando que “não vai do público, mas dos canais que podem fazer chegar-lhe a informação”. E, ressalva, fala de uma “maneira geral”.
Referindo-se à possibilidade de escrever uma música sobre os Açores, contrapõe que a música “surge de repente”, e que não pensam, concretamente, em fazer algo sobre nada em específico. A música surge e “às vezes tem a ver com o local”, argumenta, avançando que, na sua opinião, “há possibilidades de isso acontecer nesta próxima viagem”. Mas, “não é uma obrigação, nem uma promessa”- alerta.
Em termos futuros, explica que o lançamento deste trabalho digital no fundo é o “emissário” para o novo disco. “Estamos a preparar o terreno para um disco que já estamos a compor e que, provavelmente, iremos gravar em Agosto ou Setembro deste ano e que temos pretensão que saia em Janeiro ou Fevereiro de 2009”, pois todo este processo já é uma “campanha de marketing” para este próximo disco.
Questionado sobre qual o maior ‘pecado’ da banda, afirma não saber, pois, argumenta, “é muito difícil termos consciência de nós próprios”, acrescentando poder ser este o ‘pecado’ do grupo.

A Banda

Em 1993, os Santos & Pecadores assinaram um contrato com a BMG e decidiram cortar radicalmente com o passado, repensar o estilo e as músicas que tinham composto, com apenas uma excepção à regra, tema "Não Voltarei Ser Fiel", que se tornou um dos grandes êxitos do grupo.
Em 1995 é editado "Onde Estás?", o primeiro disco do grupo. O álbum é gravado nos estúdios "1 Só Céu" (dos Delfins), e produzido por Fernando Cunha. As letras são também de sua autoria e de Miguel Ângelo. Este disco conta ainda com a participação de Rui Fadigas, Alexandre Frazão, Catarina Furtado (que participa no tema "Nada Mudou"), e Olavo Bilac (pai) que participa num dueto em "Fruto Proibido".
A música do grupo é apoiada num visual forte e numa presença enérgica em palco. Trata-se de um espectáculo que vai intercalando algumas baladas com um som mais funky. Argumentos estes que tornam os Santos & Pecadores numa das bandas que mais concertos realiza em 1995.
Para além do álbum "Onde Estás?", esta conta com temas incluídos noutros discos, como "Perdi a Memória", em homenagem a António Variações. Contribuíram com "Onde Estás?" e "Nada Mudou" para o disco “Primeira História de Amor”, uma colectânea inserida na campanha "Todos Diferentes, Todos Iguais". "Não Voltarei a Ser Fiel", um dos êxitos do grupo, é incluído na colectânea EMI Nº1 no Natal de 1995. O disco "Onde Estás?", incluindo duas novas versões do tema "Superstar" (versões eléctrica e acústica), produzidas por Mário Barreiros, é reeditado em Março de 1996.
Em Novembro de 1995, os Santos & Pecadores regressam com o seu segundo disco de originais - "Love?" - revelando que os muitos quilómetros de estrada, que já percorreram, e os inúmeros concertos que deram nos últimos dois anos, se traduzem num grande amadurecimento, que veio consolidar a sonoridade que a banda havia revelado no seu álbum de estreia.
Com este trabalho, os Santos & Pecadores dão um passo importantíssimo, afirmando-se como uma das bandas portuguesas mais promissoras e importantes na área do Pop/Rock. Inúmeros temas ganham destaque incontornável, tais como "Quando Se Perde Alguém", "Satisfaz-me", "Deixa Andar", "Sei Lá", "Falas de Mim", "Memória", com letra da autoria de Pedro Ayres Magalhães, "Love?" e "Momento Final", ainda hoje uma das canções mais emblemáticas do grupo.
O disco tem a produção a cargo de Carlos Maria Trindade (Madredeus). Na mesa de mistura conta com Jonathan Miller como Engenheiro de Som. Em Abril de 1997 conquistam o Duplo Galardão de Disco de Ouro para ambos os trabalhos editados.
No final de 1997, é editado o primeiro álbum ao vivo, como que em forma de recompensa para o vasto público que os acompanha. Gravado no Paradise Garage, "Tu" permite sentir a energia e emoção de um concerto dos Santos & Pecadores, imortalizando momentos inesquecíveis destas apresentações ao vivo.
Já em 1998, para além dos inúmeros concertos dados por todo o país, os Santos & Pecadores iniciam o processo de composição, pré-produção e gravação do seu próximo registo. O álbum "Voar", com produção de Mário Barreiros é editado em Maio do ano seguinte. Após um mês da edição, "Voar" entra para o número 1 no Top Nacional de vendas. Em atinge o Galardão de Disco de Platina.
No final do ano de 2000, depois de uma longa Tour, os Santos & Pecadores começam a trabalhar num novo disco: "Horas de Prazer", produzido e gravado em Espanha (Madrid) pelo produtor Carlos Martos, sai nas bancas em Setembro de 2001. O tema escolhido para single tem o mesmo nome.
2002 revela-se um ano muito importante na carreira do grupo: para além da digressão e promoção de “Horas de Prazer”, trata-se também do 10º aniversário da banda, com a formação actual. É também nesse ano que a banda compõe quatro temas exclusivamente para a telenovela "Amanhecer" da TVI.
O best of "Os Primeiros Dez Anos", que é lançado no inicio de 2003, inclui três temas originais chegando ao Galardão de Disco de Ouro em poucas semanas e alcança o terceiro lugar do top nacional de vendas. "Ondas" é o primeiro single escolhido. Seguem-se dois anos de estrada de palco em palco.
Entre Dezembro 2004 e Maio 2005, os Santos & Pecadores preparam o sétimo disco mas nunca deixam de tocar ao vivo nesse período. Para este trabalho a banda escolhe o produtor canadiano Jeffrey Holdip, também técnico de som da Luso-candiana Nelly Furtado. A gravação decorre no BBS estúdio do guitarrista da banda durante o verão de 2005 e origina o trabalho "Acção>Reacção", apresentado à imprensa em Janeiro 2006. "Miss Solidão" e "Lua Cheia" são escolhidos para singles e para fazer parte do elenco musical de telenovelas do canal nacional TVI.
Em 2008, depois de dois anos de muitos concertos, o grupo dá que falar. Pela primeira vez em Portugal disponibilizam, de forma totalmente gratuita, um trabalho discográfico. Através do seu site oficial, site do Sapo e da Rádio Comercial, dia 15 de Abril, “Livre-Trânsito” chega ao público através de download livre, sem qualquer encargo financeiro, como forma de carinho e reconhecimento ao público que os vem a acompanhar ao longo de 15 longos anos. As canções que o integram são cuidadosamente escolhidas, a fim de abrangerem toda a carreira do grupo, dando assim a possibilidade a todos de conhecerem grande parte do seu património musical. “NÃO VOLTAREI A SER FIEL”, “DEIXA ANDAR”, “QUANDO SE PERDE ALGUÉM”, “SILÊNCIO DA NOITE” (participação especial de Orlando Santos) – single do trabalho acústico, “ESTOU PERDIDO”, “ESPELHO D’ÁGUA”, “FALA-ME DE AMOR”, “JOHNY BIG DREAM”, “PERDAS” (em dueto com Kátia Guerreiro) e “LUA CHEIA”.

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