Augusto Cid: Vencedor do X Festival Porto Cartoon World Festival
Augusto Cid foi o primeiro português, natural do Faial, a ganhar o Grande Prémio do X Porto Cartoon World Festival, organizado pelo Museu Nacional da Imprensa.
“A chama olímpica”, que apresenta um atleta chinês com a tocha olímpica em que as chamas são monges tibetanos, é o título do desenho, que aborda a questão da violação dos direitos humanos da China sobre o Tibete.
O desenho do faialense Augusto Cid, designado “A chama Olímpica”, arrecadou, por unanimidade do júri, o grande prémio da décima edição do festival, pela sua "actualidade e qualidade gráfica", referiram vários membros do júri.
Os “Direitos Humanos” foram o tema escolhido para esta edição e assumem nesta altura uma especial pertinência, pelos problemas levantados com a viagem da chama olímpica para a China.
Augusto Cid, cartoonista e colaborador do Semanário Sol, afirmou estar “muito feliz” e surpreendido com a distinção, visto tratar-se de um evento caracterizado por uma “elevada qualidade” e destacou ainda a crítica humorística como uma “arma de combate que denuncia situações tão graves como os recentes acontecimentos na China”.
Nasceu nos Açores, em 1941, e salienta ter sido “por acaso. Podia ter nascido noutro lado qualquer”. O pai foi colocado no Faial durante a guerra e regressou a Lisboa com toda a família, Augusto Cid era ainda “muito novo”.
Afirma ter despertado para o cartoon aos “18 ou 19 anos, quando esteve nos Estados Unidos e contactou com cartoonistas célebres, e com todo esse trabalho, que na altura trabalhavam nos principais jornais e alguns reformados que viviam na mesma cidade do que eu”.
O desenho, relata, tinha-o feito para o jornal Sol dentro da sua colaboração e quando soube que a temática a concurso era sobre os direitos humanos entendeu que era “importante” concorrer. Diz ser um pouco difícil de explicar como surgiu a ideia para o desenho, mas recorda-se de que nessa semana não havia “grande coisa” a nível nacional, “de maneira que me dediquei mais a temas internacionais e o tema que estava em foco na altura, e ainda está, eram as repercussões que estavam a ter em todo o mundo a luta dos Titans por uma certa autonomia e mesmo independência, a reacção da China a essa pretensão deles e, sobretudo, o papel dos monges nessas manifestações”.
Falando em termos futuros, o cartoonista pretende continuar a colaborar com o Semanário Sol, mas revela ter ainda projectos no campo da “escultura”, pois é também escultor. Augusto Cid frequentou o curso de Escultura e Belas Artes, da Escola de Belas Artes em Lisboa antes de partir para África e tem feito “vários trabalhos de escultura em Portugal e em Macau”.
Avança ainda que uma das suas peças, que irá ser inaugurada em Oeiras no próximo mês de Junho, incide sobre um dos temas que tem tendência a abordar “com frequência, que são os cavalos”.
“Publicar um livro com os meus melhores cartoons, desde 1974 até aos dias de hoje, apoiados num pequeno texto que ajude o leitor a situar os desenhos”, é outro projecto que “gostava” de ver realizado.
Luís Humberto Marcos, director do Porto Cartoon e do Museu Nacional da Imprensa, afirmou que “o desenho é de uma actualidade e impertinência extraordinárias, com uma dimensão estética e gráfica, capaz de ser lida em qualquer parte do mundo, que é a maior particularidade da linguagem do cartoon". O responsável frisou também ser "a primeira vez que o primeiro prémio é atribuído a um português, justamente num ano em que há um maior número de portugueses a participar".
"Os trabalhos deste ano apresentam a qualidade mais alta de sempre e uma forte polémica, relacionada com os jogos olímpicos"- salientou o director do festival.
Luís Humberto Marcos referiu ainda que "foi muito significativo para o Museu Nacional da Imprensa contar com a participação de países de zonas onde há falta de liberdade, em que três biliões de habitantes estão fora da geografia da liberdade". O tema do X Porto Cartoon, reconheceu, deste ano "é de grande preocupação mundial".
"É preciso levantar a bandeira dos direitos dos homens"- sustentou.
Os direitos humanos foram o tema escolhido para esta edição do Porto Cartoon, para relembrar que existem ainda “103 países que não têm liberdade plena”, referiu, citando o mais recente relatório da Freedom House.
O director caracterizou o cartoon como uma “instância fundamental para passar mensagens de liberdade” e elogiou também o facto de países onde as liberdades estão mais restringidas terem participado em força, como por exemplo o Irão, o terceiro país com mais trabalhos enviados.
Marlene Pohle, membro do júri, explicou que o trabalho de um cartoonista requer "reflexão e união entre o artista, os media e o público", considerando o Porto Cartoon como um dos três principais festivais de desenho humorístico do mundo. "O cartoon "era catalogado como uma arte menor e hoje é já considerado uma arma poderosíssima para criticar a política"- argumentou.
O PortoCartoon-World Festival é considerado pela FECO (Federation of Cartoonists’ Organisations), um dos três principais festivais de desenho humorístico do mundo, o que coloca Portugal no pódio dos concursos internacionais de caricatura. A FECO é a mais importante organização internacional de cartunistas representando mais de 2000 artistas de 30 países.
O júri internacional do X PortoCartoon, presidido por Marlene Pohle, Presidente da FECO, integrou Xaquin Marin, director do Museo de Humor de Fene (Espanha); Júlio Dolbeth, da Faculdade de Belas Artes do Porto; Lucília José Justino, Presidente da Amnistia Internacional de Portugal; Naoki Seshimo, arquitecto japonês; Nuno Costa Santos, representante das Produções Fictícias; Raquel Almeida, em representação do Ministério da Cultura e Luís Humberto Marcos, director do PortoCartoon e do Museu Nacional da Imprensa. Organizado anualmente desde 1998, o PortoCartoon tem o Patrocínio Exclusivo da Caixa Geral de Depósitos e celebrou este ano o seu 10º aniversário.
Sempre com temas de grande impacto mundial, o festival internacional de cartoon já contabilizou a participação de mais de 4000 artistas dos quatro cantos do mundo, tendo já no seu espólio quase 13500 trabalhos, entre eles alguns dos meus renomados artistas mundiais.
Várias centenas de milhares de visitantes já visitaram as nove edições do PortoCartoon realizadas nas instalações do Museu Nacional da Imprensa, e nas diferentes cidades por onde passaram as exposições, incluindo Argentina, Brasil, Espanha e México.
O segundo prémio foi atribuído ao turco, Muhittin Koroglu, vencedor de uma das edições anteriores e, o terceiro a dois artistas - Dalcio Machado, do Brasil e Taeyong Kang, da Coreia do Sul.
Os vencedores do festival receberam um prémio monetário e garrafas de Vinho do Porto reserva especial, para além do troféu e diploma.
Augusto Cid foi o primeiro português, natural do Faial, a ganhar o Grande Prémio do X Porto Cartoon World Festival, organizado pelo Museu Nacional da Imprensa.
“A chama olímpica”, que apresenta um atleta chinês com a tocha olímpica em que as chamas são monges tibetanos, é o título do desenho, que aborda a questão da violação dos direitos humanos da China sobre o Tibete.
O desenho do faialense Augusto Cid, designado “A chama Olímpica”, arrecadou, por unanimidade do júri, o grande prémio da décima edição do festival, pela sua "actualidade e qualidade gráfica", referiram vários membros do júri.
Os “Direitos Humanos” foram o tema escolhido para esta edição e assumem nesta altura uma especial pertinência, pelos problemas levantados com a viagem da chama olímpica para a China.
Augusto Cid, cartoonista e colaborador do Semanário Sol, afirmou estar “muito feliz” e surpreendido com a distinção, visto tratar-se de um evento caracterizado por uma “elevada qualidade” e destacou ainda a crítica humorística como uma “arma de combate que denuncia situações tão graves como os recentes acontecimentos na China”.
Nasceu nos Açores, em 1941, e salienta ter sido “por acaso. Podia ter nascido noutro lado qualquer”. O pai foi colocado no Faial durante a guerra e regressou a Lisboa com toda a família, Augusto Cid era ainda “muito novo”.
Afirma ter despertado para o cartoon aos “18 ou 19 anos, quando esteve nos Estados Unidos e contactou com cartoonistas célebres, e com todo esse trabalho, que na altura trabalhavam nos principais jornais e alguns reformados que viviam na mesma cidade do que eu”.
O desenho, relata, tinha-o feito para o jornal Sol dentro da sua colaboração e quando soube que a temática a concurso era sobre os direitos humanos entendeu que era “importante” concorrer. Diz ser um pouco difícil de explicar como surgiu a ideia para o desenho, mas recorda-se de que nessa semana não havia “grande coisa” a nível nacional, “de maneira que me dediquei mais a temas internacionais e o tema que estava em foco na altura, e ainda está, eram as repercussões que estavam a ter em todo o mundo a luta dos Titans por uma certa autonomia e mesmo independência, a reacção da China a essa pretensão deles e, sobretudo, o papel dos monges nessas manifestações”.
Falando em termos futuros, o cartoonista pretende continuar a colaborar com o Semanário Sol, mas revela ter ainda projectos no campo da “escultura”, pois é também escultor. Augusto Cid frequentou o curso de Escultura e Belas Artes, da Escola de Belas Artes em Lisboa antes de partir para África e tem feito “vários trabalhos de escultura em Portugal e em Macau”.
Avança ainda que uma das suas peças, que irá ser inaugurada em Oeiras no próximo mês de Junho, incide sobre um dos temas que tem tendência a abordar “com frequência, que são os cavalos”.
“Publicar um livro com os meus melhores cartoons, desde 1974 até aos dias de hoje, apoiados num pequeno texto que ajude o leitor a situar os desenhos”, é outro projecto que “gostava” de ver realizado.
Luís Humberto Marcos, director do Porto Cartoon e do Museu Nacional da Imprensa, afirmou que “o desenho é de uma actualidade e impertinência extraordinárias, com uma dimensão estética e gráfica, capaz de ser lida em qualquer parte do mundo, que é a maior particularidade da linguagem do cartoon". O responsável frisou também ser "a primeira vez que o primeiro prémio é atribuído a um português, justamente num ano em que há um maior número de portugueses a participar".
"Os trabalhos deste ano apresentam a qualidade mais alta de sempre e uma forte polémica, relacionada com os jogos olímpicos"- salientou o director do festival.
Luís Humberto Marcos referiu ainda que "foi muito significativo para o Museu Nacional da Imprensa contar com a participação de países de zonas onde há falta de liberdade, em que três biliões de habitantes estão fora da geografia da liberdade". O tema do X Porto Cartoon, reconheceu, deste ano "é de grande preocupação mundial".
"É preciso levantar a bandeira dos direitos dos homens"- sustentou.
Os direitos humanos foram o tema escolhido para esta edição do Porto Cartoon, para relembrar que existem ainda “103 países que não têm liberdade plena”, referiu, citando o mais recente relatório da Freedom House.
O director caracterizou o cartoon como uma “instância fundamental para passar mensagens de liberdade” e elogiou também o facto de países onde as liberdades estão mais restringidas terem participado em força, como por exemplo o Irão, o terceiro país com mais trabalhos enviados.
Marlene Pohle, membro do júri, explicou que o trabalho de um cartoonista requer "reflexão e união entre o artista, os media e o público", considerando o Porto Cartoon como um dos três principais festivais de desenho humorístico do mundo. "O cartoon "era catalogado como uma arte menor e hoje é já considerado uma arma poderosíssima para criticar a política"- argumentou.
O PortoCartoon-World Festival é considerado pela FECO (Federation of Cartoonists’ Organisations), um dos três principais festivais de desenho humorístico do mundo, o que coloca Portugal no pódio dos concursos internacionais de caricatura. A FECO é a mais importante organização internacional de cartunistas representando mais de 2000 artistas de 30 países.
O júri internacional do X PortoCartoon, presidido por Marlene Pohle, Presidente da FECO, integrou Xaquin Marin, director do Museo de Humor de Fene (Espanha); Júlio Dolbeth, da Faculdade de Belas Artes do Porto; Lucília José Justino, Presidente da Amnistia Internacional de Portugal; Naoki Seshimo, arquitecto japonês; Nuno Costa Santos, representante das Produções Fictícias; Raquel Almeida, em representação do Ministério da Cultura e Luís Humberto Marcos, director do PortoCartoon e do Museu Nacional da Imprensa. Organizado anualmente desde 1998, o PortoCartoon tem o Patrocínio Exclusivo da Caixa Geral de Depósitos e celebrou este ano o seu 10º aniversário.
Sempre com temas de grande impacto mundial, o festival internacional de cartoon já contabilizou a participação de mais de 4000 artistas dos quatro cantos do mundo, tendo já no seu espólio quase 13500 trabalhos, entre eles alguns dos meus renomados artistas mundiais.
Várias centenas de milhares de visitantes já visitaram as nove edições do PortoCartoon realizadas nas instalações do Museu Nacional da Imprensa, e nas diferentes cidades por onde passaram as exposições, incluindo Argentina, Brasil, Espanha e México.
O segundo prémio foi atribuído ao turco, Muhittin Koroglu, vencedor de uma das edições anteriores e, o terceiro a dois artistas - Dalcio Machado, do Brasil e Taeyong Kang, da Coreia do Sul.
Os vencedores do festival receberam um prémio monetário e garrafas de Vinho do Porto reserva especial, para além do troféu e diploma.
Biografia
Augusto Cid nasceu na cidade na Horta, Faial, em 1941. O cartoonista e caricaturista político e ilustrador português estudou nos colégios Infante Sagres e Moderno e nos Estados Unidos da América e ainda frequentou o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Tendo colaborado já em jornais e revistas como A Parada da Paródia, A Mosca, Diário de Lisboa, Lorentis, Observador, Século, Vida Mundial, O Jornal Novo, Povo Livre, A Tarde, O Dia, O Diabo, Semanário, O Independente, Focus, Grande Reportagem, Sol e, com a estação televisiva TVI, este cartoonista provocador satirizou frequentemente figuras como Álvaro Cunhal, Pinto Balsemão e Ramalho Eanes (dois dos livros de Cid sobre esta personagem, O Superman e Eanito, el Estático, foram apreendidos judicialmente). A investigação do desastre aéreo de Camarate foi uma das causas que abraçou.
Actualmente colaborador do semanário SOL, Augusto Cid foi já alvo de uma exposição antológica por parte do Museu Nacional da Imprensa em 2004. Denominada “O Cavaleiro do cartoon”, a mostra apresentou cerca de 150 dos melhores desenhos feitos ao longo da sua carreira. Retratava as turbulências da vida política nacional, com destaque para os principais momentos da história portuguesa dos últimos 30 anos.
A exposição, cuja inauguração contou com a presença de Morais Sarmento, então ministro da presidência, entrou em itinerância por vários locais do país, tendo viajado até Angra do Heroísmo e ao Funchal.
Raquel Moreira