terça-feira, 16 de setembro de 2008

Viajar para aprender!


Fórum Eurodisseia 2008

"Reforçar" a identidade regional numa Europa unida, para uma maior "empregabilidade" dos jovens, que adquirem assim novas competências no espaço comunitário, foi o objectivo principal do Fórum Eurodisseia 2008, realizado em Ponta Delgada. Segundo Michele Sabban, presidente da Assembleia das Regiões, o Eurodisseia visa "melhorar" as oportunidades dos jovens europeus, dando-lhes uma experiência de trabalho no estrangeiro e a possibilidade de conhecerem a cultura sócio-económica destas Regiões.


"O Eurodisseia é um programa de mobilidade e formação juvenil da Assembleia das Regiões da Europa dirigido pelos Açores, que pretende reforçar a identidade regional numa Europa unida e visa a empregabilidade dos jovens, que adquirem assim novas competências no espaço comunitário"- foram palavras de Rui Bettencourt, director regional do Trabalho e Qualificação Profissional, na Sessão de Abertura do Fórum Eurodisseia, realizado em Ponta Delgada, na passada semana.
O director avançou ainda que esta ligação tem de ser mantida, sendo a sua presença um "sinal" político neste quadro.
Álamo Meneses, secretário regional da Educação e Ciência, defendeu que a Assembleia das Regiões da Europa (ARA) deve ser um dos pilares da própria construção europeia e alegou ser essencial que a Europa se construa a partir das bases, das regiões e, dos que se encontram mais próximos dos europeus e das suas necessidades e anseios.
O governante açoriano defendeu também que a construção europeia deve assentar num alicerce regional, podendo fortalecer-se, caso os europeus conheçam melhor as diversas regiões da Europa e se conheçam entre si.
O secretário regional acrescentou que esse objectivo só poderá ser alcançado através de bons programas de mobilidade, permitindo aos jovens participantes criarem laços que materializem a construção europeia.
"A construção europeia não pode ser apenas um fenómeno de normas e cúpulas, devendo assentar nas bases, nas pessoas"- advertiu Álamo Meneses.
O governante realçou ainda a importância do Eurodisseia, criado em 1985, e sublinhou as vantagens do funcionamento dos programas operados no âmbito da Assembleia das Regiões da Europa, que permitem uma mobilidade na área profissional e uma troca de experiências profissionais extremamente interessante e valiosa para todos.
Preconizou, igualmente, uma maior proximidade entre as regiões da Europa e as suas respectivas estruturas políticas, de modo a que a força das ultraperiferias possa materializar-se na própria Assembleia das Regiões da Europa.
Na sua opinião, é importante que a Assembleia das Regiões da Europa assuma uma visão de união entre povos que partilham um destino comum. Referindo-se ao alargamento a Leste, Álamo Meneses adiantou ser vantajoso que isso ocorra, no pressuposto de uma unidade que abranja todos os povos e regiões da Europa.
Para Michèle Sabban, presidente da Assembleia das Regiões (ARA), os Açores são um arquipélago "mítico" pela sua beleza natural e seduzem drasticamente" os mais aventureiros. "O Eurodisseia dá a cada jovem todas estas experiências"- salienta, avançando que o objectivo é "consolidar" o programa e "reforçar parcerias" entre as Regiões, pois a Região pode ter um papel "fundamental" nas politicas de emprego.
O Eurodisseia, acentua, visa "melhorar" as oportunidades dos jovens europeus, dando-lhes uma experiência de trabalho no estrangeiro e a possibilidade de conhecerem a cultura sócio-económica destas Regiões, "alargando" a sua experiência profissional e os seus "horizontes".
"A Assembleia acredita neste programa e para bem da juventude temos de concretizar todos os nossos objectivos e de trabalhar para aperfeiçoar este programa"- acentua, acrescentando que o Eurodisseia tem muitas "vantagens".
Houve lugar ainda para um testemunho de Patrícia Navarro, uma espanhola da zona de Valência, que veio estagiar para o Instituto de Meteorologia de Portugal e está em São Miguel há oito anos. Patrícia conta-nos a sua experiência, começando por dizer que "procurava um estágio e encontrou um emprego". O Eurodisseia, salienta, fez de "tudo" para integrar os jovens nas sociedades que os receberam. A ex estagiária aproveita ainda para recomendar o programa a todos por ser uma experiência "muito enriquecedora" passar alguns meses com pessoas de culturas "diferentes".
Alfred Pilon, director da Mobilidade Profissional e representante do Governo do Quebec, explica que graças a factores como o desenvolvimento do Quebec que conta actualmente com oito milhões de pessoas; a forte emigração europeia; o facto deste ser o maior estado do Canadá; ter uma economia "forte" e uma taxa de desemprego de apenas 6%, levaram a que este estado fizesse parte da Assembleia das Regiões. A previsão para 2011, no Quebec, é de "1,2 milhões" de empregos disponíveis.
O director da mobilidade revela também que será celebrado um acordo com o Quebec, que permitirá aos jovens verem as suas competências "reconhecidas".
A juventude é uma "prioridade", pois são os jovens que formam o conselho da juventude e dão o seu parecer. O Quebec dispõe ainda de uma nova entidade para a juventude, o Logic. "Já 3600 jovens viajaram pelo Eurodisseia entre a França e o Quebec"- sublinha.
Referindo-se às perspectivas do Eurodisseia, Alfred Pilon avança que gostariam de estar em "toda a Europa".
No encontro participaram cerca de 170 representantes das regiões da Europa, nomeadamente, da Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Noruega, Croácia, Rússia, Itália, Roménia, Bulgária, Bélgica, Suíça e Polónia que debateram, com vários especialistas, as questões da identidade regional numa Europa unida.
O Eurodisseia foi o primeiro programa de mobilidade na Europa e é dirigido, desde Janeiro, por Carlos César, presidente do Governo dos Açores, que preside ao programa, e por Rui Bettencourt, director regional do Trabalho e Qualificação Profissional, investido nas funções de secretário-geral.
Alfred Pilon, director da Mobilidade Profissional e representante do Governo do Quebec, e Michèle Sabban, presidente da Assembleia das Regiões da Europa e vice-presidente da Região Parisiense, participaram pela primeira vez no Fórum Eurodisseia 2008, a convite dos Açores e por iniciativa de Carlos César, chefe do executivo açoriano. A presidente da ARA veio acompanhada do secretário-geral da organização, Klaus Klipp, que proferiu uma conferência sobre os desafios do regionalismo na Europa.
Carlos César foi reeleito por unanimidade para presidir ao programa de mobilidade e formação juvenil da Assembleia das Regiões da Europa (ARE), o Eurodisseia, em 2009 e 2010. Decisão que foi aplaudida por Michele Sabban, presidente da ARE.
Os Açores detêm a Presidência e o Secretariado-geral do programa europeu de mobilidade profissional desde Janeiro de 2007, mantendo a liderança e a sede do Eurodisseia até Dezembro de 2010.
A presidência açoriana do Eurodisseia constituirá um dos pontos da agenda da reunião do Bureau Político da Assembleia das Regiões da Europa, a 9 e 10 de Outubro em Paris, sendo validada pela Assembleia Geral da ARE em Tempere, na Finlândia, a 13 e 14 de Novembro.
Da equipa de direcção do programa da qual os Açores fizeram parte estiveram presentes a região belga da Valónia, as regiões francesas de Franco-Condado, Rhone-Alpes e Poitou-Charente (liderada por Segolène Royal), a região romena de Hunedoara e a região croata de Istria.
À margem do evento, Rui Bettencourt avançou que o Eurodisseia conta já com 23 anos e foi o "primeiro" programa de mobilidade profissional da Europa, tendo acabado depois por influenciar vários programas europeus como o Erasmus e o Leonardo da Vinci.
O programa teve início no âmbito da Assembleia das Regiões da Europa, é tutelado pela mesma e promove essa "mobilidade profissional", levando centenas de jovens por ano a fazerem o seu estágio profissional de seis meses, numa empresa situada noutra Região, que não a de origem. Este programa é emblemático e permite "adquirir competências" e também a cultura própria do regionalismo. "Fazemos intercâmbios e essa mobilidade é feita entre regiões e não entre Estados-Membros"- enfatiza, lembrando que a Assembleia das Regiões da Europa engloba "250 regiões europeias" e também Regiões russas, turcas e ucranianas. Trata-se de um programa "farol e exemplar" nesta área. Os Açores, sublinha, estão implicados a “vários” níveis, pois detêm a presidência e o cargo de secretário-geral. “Ousamos há dois anos atrás candidatarmo-nos à presidência deste programa e conseguimos, pois este tinha sido sempre dirigido por regiões muito centrais”- enfatiza, acrescentando que os Açores são uma “pequena” região de 250 mil habitantes e reconhecendo ainda que foi algo “ousado” pretender assumir a presidência e o secretário-geral de um programa deste género, que tem de ser gerido para “toda” a Europa. Ainda por cima, a nível geográfico a Região está numa ponta da Europa, numa zona periférica e dispersa, um palco europeu de “decisões”. Os Açores são ouvidos, têm “crédito” e torna-se interessante ver que os Açores estão implicados para além da gestão directa deste programa. “Surgem problemas como a gestão informatizada entre os gestores do programa e estamos implicados, porque como defendemos muito o regionalismo e a Europa das Regiões”- salienta, lembrando que demonstramos com esse programa a “eficácia” de uma Região, do regionalismo. O interesse é também demonstrar que uma região pequena como os Açores, pode “liderar” um programa como este, ressalva, o que está a acontecer.
Enquanto o Leonardo da Vinci está subjugado a uma burocracia muito “pesada”, o Eurodisseia é um programa muito “flexível”, que integra uma componente interessante, pois integra no estágio, um mês de “língua e cultura da região de acolhimento”, que funciona numa rede de coordenadores muito flexível. “Não enviamos jovens para região nenhuma sem uma garantia de que as pessoas que os vão receber são pessoas de um acolhimento bom e de qualidade, um alojamento bom e uma bolsa capaz”- evidencia.
Rui Bettencourt aproveita ainda para dizer que dos jovens açorianos que fizeram o Eurodisseia, 3 a 4 jovens por ano (cerca de 8 a 10%) deles “ficam a residir no país de acolhimento”, dando o exemplo de uma arquitecta da Ribeira Grande que está na Bélgica, outra de Ponta Delgada que está em Paris e, de uma jovem que “fez o curso de Design de Moda e foi convidada por uma estilista parisiense para fazer parte da equipa” dela. Isto além, de vários casos de estagiários europeus, que “ficam” nos Açores.
Este evento demonstra sobretudo que os Açores são capazes de “liderar” um programa destes, acentua, e de demonstrar às outras regiões europeias que o regionalismo e a Europa são factores “muito importantes para o desenvolvimento”. O regionalismo, porque dá uma “proximidade” muito grande aos cidadãos. “A dimensão região é a ideal para fazer essa proximidade com os cidadãos, o que se procura muito neste momento na globalização”. A segunda dimensão deste fórum é que a Europa, a UE no seu todo é muito “importante” para os Açores, pois não podemos pretender “desenvolvimento” sem implicar regionalismo e a Europa, a Europa das Regiões. O investimento neste Fórum foi de cerca de 20 mil euros.


Raquel Moreira

Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.

Liberdade total em viagem


Clube Motard de Santa Maria

Viajar de mota sem itinerário planeado e ao sabor do vento é o programa do passeio anual do Clube Motard de Santa Maria, que se prolonga até São Miguel, como já é habitual. Paulo Resendes, membro do clube, conta ainda que a ida à ilha Terceira era a novidade este ano, o que não foi possível, pois "a transportadora cancelou a viagem e inviabilizou o passeio, o que nos deixou desiludidos e chateados". Segundo Marco Soares, presidente do referido clube, nos anos anteriores o evento teve "bastante" adesão, sendo o objectivo fazer "novas amizades e conhecer novas paragens".

Viajar de mota sem itinerário planeado e ao sabor do vento é o programa do passeio anual do Clube Motard de Santa Maria.
Marco Soares, presidente do Clube Motard de Santa Maria, começa por dizer que todos os anos visitam outra ilha, normalmente São Miguel por motivos logísticos. O que este ano, lamenta, não foi possível por questões de "transporte". As edições anteriores tiveram "bastante adesão, mas este ano ainda não se sabe qual o número de participantes"- sublinha, avançando que os objectivos são "fazer novas amizades e conhecer sítios diferentes", dando praticamente a volta à ilha.
O programa ainda não é definitivo e "a viagem em si não está muito programada, preferimos ver o que vamos fazer, consoante a opinião de todos e não só da direcção"- enfatiza o presidente. Chegando aos respectivos destinos, o clube optou ainda por fazer "tudo o que passar pela cabeça na altura", mas o investimento é praticamente nulo, pois cada um é responsável pelas suas despesas.
"Para entrar no clube, basta ter mota e um mínimo de idade claro, 18 anos"- salienta Marco Soares, avançando que esta entidade já organizou vários eventos este ano, como "passeios e um ralie-paper de mota".
O clube nasceu "há cerca de cinco anos", relata, e comemorou no passado dia 6 de Abril o seu quinto aniversário. Ocasião festejada com um jantar, onde não podiam faltar o bolo e o champanhe. Mas Marco Soares não sabe de mais pormenores, visto ser presidente há "pouco tempo". O seu objectivo é mesmo a promoção de eventos, o que o presidente lamenta que tem sido "muito difícil" de alcançar desde há dois anos, pois "não há verba".
"Contratávamos artistas de motas e pensamos fazer o mesmo em 2007, mas não foi possível"- justifica.
Há dois ou três anos atrás, Marco Soares conta que puderam contar com Humberto Ribeiro, campeão mundial de Freestyle, e o ano passado queriam-no de volta, mas "não conseguimos verba de maneira nenhuma"- afirma, insatisfeito, lembrando que Humberto até pretendia trazer "um Ferrari" para fazer o espectáculo.
Apenas para a ida de artistas a Santa Maria, o presidente do Clube de Motards revela necessitar de uma verba de "5 mil euros". Além de que não têm "sede própria", apenas um espaço "provisório, pois nem o terreno conseguimos ainda".
Marco Soares lembra também que costumam fazer umas barraquinhas "para angariar alguns fundos" e desde o início do clube as várias direcções têm "batalhado ao máximo", para poderem ter sede própria, o que, na sua opinião, "irá certamente irá unir mais os sócios e proporcionar um maior convívio", no lugar de os "afugentar", como tem acontecido.
O balanço da actividade do clube tem sido "positivo", pois "embora sejamos pequenos somos bons"- conclui.
Por seu lado, Paulo Resendes, membro do Clube Motard, começa por confessar estar "muito chateado", pois, lamenta, a transportadora regional "cancelou" a viagem dos motards à ilha Terceira, "inviabilizando" o passeio. "A empresa dos barcos dificultou-nos ao máximo a realização desta viagem e agora verifico que é somente para dar jeitos a um ou outro amigo"- acentua.
"Em Santa Maria, o Santorini fez tempo no mar para levar somente os carros participantes (refere-se à volta dos clássicos), o que talvez nem chegue a 40 pessoas. Na sexta dia 12, entrou no porto um petroleiro, que descarregou combustível durante 36 horas, mas o Santorini esteve na noite de sexta para sábado. O petroleiro teve de parar a bombagem, aguardando no exterior até ás 8h da manhã, saindo o Santorini para o largo da ilha para, como se diz na gíria, fazer piscinas (matar tempo), até atracar novamente ás 17h. Isto, para levar de volta os carros antigos. E não tendo o petroleiro terminado a descarga, teve de voltar a entrar no porto. Ou seja, 3 entradas somente por causa de uma alteração de horário do navio por causa destes carros". – desabafa, alertando contudo ser "adepto destas realizações, mas não de se prejudicar uma ilha inteira por causa disto!".
Mas, sublinha, "soou aos ouvidos dos responsáveis que alguns órgãos de comunicação social já estavam a par desta situação e, inverteram-na". Logo, agora "em vez de ser o Santorini, a levar de volta os carros antigos e a fazer piscinas, será o navio tanque". Inverteram os papéis, argumenta, para "dar menos nas vistas" e uma operação comercial que "levaria 36 horas, passará quase a 50h (€€€ ai ai!!!!)".
Salientou ainda que, tendo em conta a "dimensão" da ilha, as actividades do clube não se cingem somente ao andar de moto, pois além dos passeios destacam-se "acções de âmbito social", como "dar sangue", que evolve "muitos marienses aficionados, ou não," das duas rodas. Daí, sublinha, os marienses terem muita "consideração" por este clube.
"Os Motard´s marienses não são aqueles motoqueiros que fazem barulho e provocam distúrbios..."- é o que afirma ouvir da boca das pessoas e é "bonito".
"Ajudar quem mais precisa"... foi o slogan que motivou, mais uma vez, os motards marienses a irem para a estrada juntamente com as companheiras ( motos e penduras) "distribuir pelas crianças mais carenciados brinquedos e guloseimas", algo que, reconhece, muitas vezes, estas têm alguma "dificuldade" em receber nesta época festiva.
Com o passar dos anos, "felizmente" esta associação mariense tem recebido dos seus associados "cada vez mais brinquedos e contributos" para oferecer, o que demonstra apenas a "generosidade" dos marienses e em especial dos seus aficionados pelas duas rodas.
No natal, os motards oferecem também um cabaz a uma família mais carenciada, revela, avançando que um ano o prémio coube ao Recolhimento de Santa Maria Madalena, instituição que acolhe idosas no seu seio. Foi "muito cativante observar aquelas idosas ao brincar com o pai natal motard, que lhes transmitia uma enorme boa disposição e alegria, respondendo estas com um enorme sorriso e o comentário que no seu tempo não existia aquele senhor vestido de vermelho, chamado de pai natal"- acentua.
Os rebuçados e o pai natal foram mais duas "importantes características" do peculiar passeio, que passou por "todas" as freguesias da ilha, enquanto as crianças corriam para a estrada na tentativa de "observar" o pai natal e que o mesmo fosse bondoso e lhe desse algumas guloseimas.
De salientar, é também a Via Sacra "Motard", que "conjuga a religião católica com uma actividade sobre rodas" e que considera ser algo "diferente".
"Com maior ou menor devoção, os 70 participantes na Via Sacra "Motard" tiveram na pessoa do padre Abel Maia um óptimo guia, pois este incentivou e concretizou a ideia de num percurso motard incluir a passagem em 14 das muitas igrejas e ermidas marienses, onde era feita uma breve resenha histórica sobre cada uma, algo que originava muitas vezes comentários curiosos"- esclarece.
A população da ilha, sublinha, tem grande "apreço" por esta actividade motard que, à semelhança doutras romarias, esperava pelos "peregrinos" nos templos.
Assim, os participantes para além de ouvirem algumas palavras com "fundamento religioso", puderam também "visitar templos católicos" pouco frequentados durante o ano e que, devido á sua qualidade de construção, são "autênticas" obras de arte.
O clube organizou ainda recentemente uma etapa do 1ºMoto Rallie dos Açores, na qual depois de terem iniciado a prova em São Miguel, os cerca de "70 Motard´s vindos do continente", visitaram Santa Maria.
O evento foi organizado em acção conjunta com o CATTT/INATEL /C Motard São Miguel, tendo em Santa Maria um apoio logístico do Clube Motard local, num trabalho muito "elogiado" por todos, pois não sem qualquer fundamento "competitivo", o CMSM levou os forasteiros a locais "muito bonitos" da ilha, e "foi visível o prazer dos motards" a percorrerem as estradas marienses.

Raquel Moreira

Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Camada de ozono recupera "em 2040"!


Preservar o Planeta Terra

O planeta terra deve e tem de ser preservado a qualquer custo, se é que queremos que a humanidade continue a existir. Um dos problemas que mais ameaça, actualmente, o ser humano é a camada de ozono. Esta sofreu uma destruição maciça em 1960, devido à revolução industrial, mas prevê-se que recupere em 2040, estando actualmente em situação de “inversão”. Diamantino Henriques, delegado regional do Instituto de Meteorologia, avançou que já há alguns “sinais, de que a camada de ozono está a recuperar”, em consequência das medidas tomadas, nomeadamente com o “protocolo de Montreal”.


O planeta terra deve e tem de ser preservado a qualquer custo, se é que queremos que a humanidade continue a existir. Um dos problemas que mais ameaça, actualmente, o ser humano é a camada de ozono. Esta sofreu uma destruição maciça em 1960, devido à revolução industrial, mas prevê-se que recupere em 2040.
Diamantino Henriques, Delegado Regional do Instituto de Meteorologia, começa por dizer que de acordo com o relatório científico de 2006 sobre o estado da camada de ozono, aparentemente esta encontra-se em situação de “inversão”.
“Já há alguns sinais de que a camada de ozono está a recuperar, principalmente nas latitudes médias, em consequência das medidas que foram tomadas, nomeadamente com o protocolo de Montreal e com as emendas feitas a seguir”- acentua, acrescentando que de momento “praticamente todas” as substancias que destruíam a camada de ozono, já estão “fora do mercado e já não são produzidas” industrialmente. No entanto, alerta, muitos sistemas como o de “refrigeração” estão ainda em uso e contêm essas substâncias nos seus circuitos. Líquidos que, mais tarde ou mais cedo, serão “libertados” para a atmosfera, se não forem devidamente reciclados. É também ser necessário ter em atenção, que estes na sua maior parte ainda estão “em vias de desenvolvimento e sem estruturas capazes dessa reciclagem”. Por isso, é natural que haja “lixeiras com milhares e centenas de milhares desses sistemas”, que têm algumas “toneladas de CFC’s (gases), que vão ser libertados e que lentamente entram na estratosfera”. Embora a concentração de CFC’s na atmosfera esteja a diminuir gradualmente, sublinha, há ainda emissões à superfície que não vão parar bruscamente, apenas “diminuem lentamente” na estratosfera e, em consequência disso o ozono destruído, vai ser “menor”. Esta situação reconhece ser “muito lenta”, pois os gases que entram na atmosfera permanecem lá algumas “dezenas de anos e demoram muito tempo a ser removidos” da estratosfera.
“Não há muito mais a fazer, para evitar que a camada de ozono se deteriore ainda mais”- enfatiza, avançando que resta apenas esperar, tentar “cumprir” os protocolos e esperar que não haja “efeitos secundários por parte das alterações climáticas”, que podem “dificultar a recuperação da camada do ozono”. Trata-se de um sistema isolado, que não se desenvolve “apenas” devido ao buraco de ozono e não tem uma causa “única”, os CFC’s, mas uma componente “dinâmica e física”, relativa ao clima.
Inclusivamente, “as alterações do ozono na estratosfera não sucedem exclusivamente devido aos CFC’s, mas à própria circulação atmosférica e ao clima”.
Ao Homem resta “esperar”, apesar de haver modelos que indicam e tentam reproduzir o passado e o futuro. Mas há alterações na atmosfera que são “previsíveis, como as erupções vulcânicas, que podem ter um efeito negativo e contrário” ao previsto, pois podem “ejectar material na estratosfera como os aerossóis fosfato, que destroem o ozono em determinados níveis da atmosfera e actuar como se fossem um CFC. Além de destabilizarem o equilíbrio de formação e destruição do ozono”, que pode “diminuir devido a estas emissões” de material vulcânico.
Quanto ao papel do homem, Diamantino Henriques salienta existirem duas componentes. Uma como agente que pode “alterar” qualquer coisa, como fez com o equilíbrio da estratosfera, que é “muito frágil”. O ozono é um componente “minoritário” que tem o seu máximo de concentração na estratosfera, mas, esclarece, o que era emitido é muito mais pequeno. “Uma única molécula de CFC pode destruir milhares e milhares de moléculas de ozono e a contribuição do homem é pequena, mas é suficiente para desequilibrar o equilíbrio da estratosfera”- salienta, contrapondo que esse mesmo equilíbrio, que é alterado, se pode “reverter” contra o próprio homem, tornando-se este sua vítima. Isto, porque o ozono tem duas componentes, uma de “protecção de filtro natural dos raios ultravioleta e também é um gás climático”.
Se não fosse o ozono na estratosfera, esta “não” existia como tal, pois constitui uma região da atmosfera com um determinado “perfil térmico e com uma estrutura vertical, meteorologia e clima completamente diferentes”. A maior parte dos fenómenos meteorológicos ocorre basicamente numa altitude “até 12 mil metros”. Depois, surge a estratosfera onde “estamos habituados a voar e a partir de certa altura já não há nuvens” e a estratosfera, uma zona “muito estável”, mas apenas devido ao ozono. Se esta não existisse, as nuvens possivelmente atingiriam uma altitude muito maior do que a que temos agora, logo “o clima era diferente. “O Homem pode alterar o ozono, mas este também o altera”.
Em termos de previsões, o delegado afirma serem vários os modelos baseados em diversos cenários, apontando “todos para uma recuperação da camada de ozono, a partir do ano 2040, com um erro de cerca de 10 anos”. Esta recuperação, esclarece, significa que “a camada de ozono irá atingir os valores de 1960”, altura em que se supõe que a estratosfera tenha começado a ser “afectada” pelos CFC’s, que foram inventados nos anos 50. Actualmente, encontramo-nos numa situação de inversão já numa fase “ascendente”, na qual o mínimo deve ter sido atingido por volta do ano 2000, o que não significa que haja situações tão “extensas”, como o buraco do ozono em 2000, que teve um significado muito maior. “Há formações do buraco de ozono da Antárctida, que vai começar a estabelecer-se e a crescer nos próximos dias”- revela.
Uma eventual destruição total da camada de ozono, teria como consequências imediatas um “aumento brutal da radiação ultravioleta, que é extremamente perigosa para todos os seres vivos e como tal seria o fim das condições de vida à superfície da terra, tal como conhecemos hoje”. Outro efeito seria também a “alteração da estrutura térmica da atmosfera e do próprio clima, que seria muito diferente” do actual, com tempestades mais “intensas” do que as de hoje. O que, curiosamente, não implica directamente que o clima passasse a ser “mais quente”, mas a tropo posa, o topo da troposfera, seria “muito mais” alta possivelmente. E dar-se-ia um desenvolvimento de nuvens de convexão muito mais altas do que o actual e uma maior instabilidade. “Haveria mais tempestades e mais violentas, com granizo e tempestades eléctricas maiores, do as que existem agora, como ocorre nos trópicos”.
Há regiões que podem ser “mais afectadas” do que outras, porque o ozono é um gás com origem nos trópicos, que é transportado de acordo com a situação estratosférica para os pólos, que constituem o “reservatório natural do ozono” na atmosfera. Essas regiões têm determinadas “configurações geográficas”, que permitem que o ozono esteja em equilíbrio e que em determinadas circunstâncias, no caso da Antárctida, se estabeleça um “vórtex, uma circulação fechada bastante estável”. Essa circulação, por sua vez, “favorece a destruição e o isolamento” de uma determinada área, no caso de “uma destruição da camada de ozono com essas substancias dentro e, a destruição exaustiva e maciça do ozono, que está dentro dessa área”. A destruição maciça num reservatório significa que quando este se desfaz, no final da época de um buraco de ozono, essa zona “desfaz-se e dilui-se” com o resto do ozono e, o resultado final é “menos ozono do que o que se tinha inicialmente.” Há um equilíbrio e um reservatório, mas se estamos a perturbar esse equilíbrio estamos a destruir este ozono. Logo, “vamos ter cada vez menos e menos ozono, porque esse reservatório não vai chegar para distribuir o ozono para as outras latitudes e se cada vez estamos a destruir mais, não vamos esperar ter o mesmo ozono no resto das latitudes”. E o buraco do ozono é um efeito localizado nos pólos, mas que tem efeitos à “escala global” e quando é distribuído ao fim de um ciclo, “não vai ter a mesma concentração”, num certo local.
Nem todos os países assinaram o protocolo de Montreal, lamenta, e mesmo os que o rectificaram, possivelmente nem todos estão a cumprir à risca as suas obrigações, “o que depende muito do interesse das pessoas nesses assuntos e o impacto que têm na sua vida”. Os países nórdicos têm muito interesse em que este problema seja resolvido, pois sabem perfeitamente que “uma diminuição da camada de ozono tem efeitos directos, essencialmente no aumento da radiação ultravioleta, à qual são muito sensíveis”. Os nórdicos quando vêm ao sul ficam mais expostos á radiação ultravioleta, o que acarreta complicações, pois não se trata apenas de ficar mais ou menos “bronzeado”. A radiação traz problemas “crónicos, como a formação de cataratas e a diminuição da capacidade do sistema imunológico”. Há outros efeitos que não são tão falados, como as cataratas que são uma doença crónica e que só aparecem ao fim de uns anos, mas que poderão surgir cada vez “mais depressa, se a pessoa for exposta à radiação”. Assim, sendo a esperança média de vida das pessoas maior, é natural que cada vez haja mais casos desses que têm de ser tratados “mais cedo”. Isso, já para não falar no cancro de pele, do qual cada vez aparecem “mais casos e em pessoas mais novas, em consequência directa da radiação ultravioleta pela diminuição da camada de ozono e, pelo comportamento” das pessoas.
Referindo-se a um eventual degelo dos pólos, Diamantino Henriques afirma que todos os modelos apontam para que haja um “aumento da temperatura à escala global”, o que levará a uma natural diminuição dos gelos polares. Degelo que poderá provocar também alterações “não lineares” no sistema climático, que quase “nunca” responde de uma forma linear. Mas “para o mesmo estímulo, há várias respostas”, de acordo com o estado actual da atmosfera e para o conhecer era preciso fazer muitas medições e conhecer muito bem o que está lá dentro. As alterações climáticas resultam basicamente de uma alteração na “composição da atmosfera, nos gases e componentes relevantes para o clima” fundamentalmente. “E essas alterações na atmosfera podem, por vezes, e numa primeira análise parecer uma coisa e depois a atmosfera pode reagir de outra forma um pouco inesperada”-acentua.
Em termos de previsões, o delegado avança que “as incertezas são tão grandes como as certezas”, acrescentando que Angra do Heroísmo dispõe de uma “estação de monitorização” do ozono.
Diamantino Henriques aproveita ainda para lembrar que foi feito um “esforço a nível internacional”, para resolver o problema da camada de ozono. O que acabou por ser “relativamente fácil”, pois havia soluções tecnológicas e substitutos, para substâncias que “destruíram” a camada de ozono, que foram “rapidamente” implementados. Isto, lamenta, enquanto o problema do “efeito de estufa não é tão simples, pois não há propriamente um substituto que seja eficiente”.


Raquel Moreira

Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.

"Os empresários são fundamentais" no desenvolvimento do turismo!

Encontro Internacional de Turismo e Bem-Estar

A necessidade de “articulação entre as várias entidades públicas e privadas”, de modo a “melhorar” as acessibilidades aos Açores e a sua oferta e; a imprescindibilidade dos empresários nesta área, foram das principais conclusões retiradas do Encontro Internacional de Turismo de Saúde e Bem-Estar. Teresa Ferreira, do Departamento de Dinamização do Turismo de Portugal, avançou ainda que nos Açores, pretende-se “diversificar um pouco os mercados”, de forma a não ficarmos “dependentes” de mercados específicos, como o “nórdico”.
O número de turistas na Região deverá atingir os “1,2 milhões até 2015”, acentuou, um “desafio” que pressupõe crescer “todos os anos 6 a 7%”.

“Basta de uma oferta indiferenciada e dispersa. Temos de entrar na segunda fase do desenvolvimento turístico dos Açores, segundo padrões baseados numa sazonalidade acentuada” - foram palavras de Carlos Santos, presidente do Observatório Regional de Turismo, na Sessão de Abertura do Encontro Internacional de Turismo de Saúde e Bem-Estar, realizado em Ponta Delgada.
Segundo o mesmo, importa “aconselhar” os Açores a implementarem uma oferta turística diferente, pois a Região tem potencialidades nas áreas do turismo de natureza, de saúde e bem-estar, naútico e de golfe.
“Os Açores possuem em abundância os recursos necessários ao seu desenvolvimento”- acentua, avançando que a massa “estratégica” é baseada em parcerias público-privadas capazes de “atrair” investidores e clientes.
Por isso, é fundamental ter uma “dinâmica” de futuro e aprender com os outros o mau e “sobretudo o bom”, para se “explorar sinergias e acções em comum”.
“Temos que contribuir para o progresso turístico dos Açores”-enfatiza.
Teresa Ferreira, do Departamento de Dinamização do Instituto de Turismo de Portugal, começa por dizer que o objectivo do PENT é “traçar procedimentos” na área do turismo em Portugal, que, sublinha, representa 15% do PIB nacional e, 15% de empregos (em 2005). Mas é essencial haver “formação a nível de Recursos Humanos e uma modernização” das empresas e entidades públicas. Além disso, importa proporcionar ofertas “personalizadas”, tendo em conta as características de cada zona.
Os Açores têm grandes factores competitivos como o mar e, o nível de satisfação dos turistas é “muito interessante”, pois em 2007, 74% das suas expectativas foram “superadas”.
Outro ponto essencial focado por Teresa Ferreira foi a necessidade de “articulação entre as várias entidades públicas e privadas”, de modo a “melhorar” as acessibilidades aos Açores e a sua oferta.
Por seu turno, Costa Martins, presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, salienta a necessidade de haver metas “flexíveis” a atingir nos Açores, cujo produto turístico por excelência é a “natureza”. O turismo de saúde e bem-estar é uma oportunidade que deve ser “aproveitada”. Além disso, a Região dispõe de produtos sem grande relevância ou sem a devida “estruturação”, como a vertente “cultural, religiosa e histórica”.
“O turismo é uma alavanca no desenvolvimento regional, realidade que é importante que os políticos assumam”.
Isabel Barata, directora regional do Turismo, evidencia a necessidade de estarmos “atentos e de se antecipar” aquilo de que o mercado precisa, o que é fundamental nesta área. A directora aponta ainda que a oferta deverá corresponder com “eficácia” aos desejos do consumidor, devendo ser encarada como estrutura “única” no mercado de “interacção”.
À margem do evento falamos com Carlos Santos, presidente do Observatório Regional de Turismo, que afirma tratar-se da “primeira” Conferencia Internacional sobre Turismo de Saúde e Bem-Estar. Esta surge no âmbito da estratégia definida pelo Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), que inclui o Turismo de Saúde e Bem-Estar como um “produto estratégico” para Portugal e que engloba os Açores como uma das regiões onde se este produto deve ser desenvolvido. Existe uma procura “crescente” do Turismo de Saúde e Bem-Estar no mundo e são vários os produtos que estão a ter “sucesso” nesta área e vários investidores em diversos destinos mundiais.
Os Açores têm condições “únicas” para desenvolver este tipo de produto e recursos endógenos ligados, nomeadamente à “geotermia, ao mar e à paisagem”, que facilitam o desenvolvimento deste produto para “atrair” clientes nacionais e internacionais. Isto, para posicionar os Açores como um destino de “excelência”. A Região tem condições ideais, que se prendem com a sua “riqueza” de recursos geotérmicos, podendo “aproveitar” os furos geotérmicos para fazer uma piscina, SPA natural, tal como fez a
Islândia que tem tido imenso “êxito” internacional. Nos Açores, há que explorar também o mar para os tratamentos de talassoterapia, feitos à base de “água salgada”. É essencial também definir “prioridades” de implementação nas ilhas e à medida que esta ocorra naturalmente, cobrir-se-ão outras ilhas com alguma “apetência” para desenvolver este tipo de produto. “O Pico já tem um estabelecimento de SPA, de Simas Santos e na Graciosa vai-se desenvolver o projecto das termas do Carapacho. Mas a talassoterapia exige um grande investimento, por isso o Observatório encomendou este estudo a uma equipa da Universidade Lusíada em Lisboa, para saber qual a possibilidade de implementação destes centros de talassoterapia, em ilhas mais pequenas com problemas de dimensão de mercado e de rentabilidade” – esclarece, avançando que importa “divulgar e promover” o Turismo de Saúde e Bem-Estar, para que os agentes económicos da Região e investidores externos encontrem uma “maior atractividade” neste investimento.
Teresa Ferreira, do Departamento de Dinamização do Instituto de Turismo de Portugal, começa por revelar quais as medidas a adoptar na Região, avançando que o PENT se prolonga até 2015, o que lhes dá algum tempo para implementação das respectivas estratégias e alcance de objectivos “ambiciosos, mas exequíveis”, que este define para “todas as regiões do continente e ilhas”. Em relação aos Açores, pretende-se “aumentar significativamente o número de turistas e diversificar um pouco os mercados”, de forma a não ficarmos “dependentes” de mercados específicos, como o nórdico (que está bem posicionado nos Açores). A nível regional estão todos em “sintonia”, o que a deixa “contente”. As componentes do turismo natureza e do turismo de bem-estar, que estão muito articuladas, são “determinantes”.
Referindo-se à natureza, Teresa Ferreira salienta haver todo um conjunto de factores “distintivos”, que a seu ver os açorianos talvez tenham “esquecido”, avançando ser necessária a presença de alguém de longe, para o “realçar” e lembrar. É este o grande “desafio aos empresários, porque sem eles não há actividade turística”. E continua, dizendo que o turismo é claramente uma actividade “económica”, logo precisa de os ter envolvidos nesta estratégia.
Esta conferência é importante, pois apresenta “experiências e soluções novas”, além de demonstrar ser possível construir “bons projectos”.
Agora, o importante é “identificar onde, que projectos e que conceito para esses projectos para podermos de facto dinamizar este produto e o turismo de natureza, que nos Açores tem todas as condições para resultar, de forma mais detalhada e sistematizada com os empresários”.
Referindo-se às metas e objectivos a atingir nos Açores até 2015, Teresa Ferreira afirma que “a previsão é a Região receber 1,2 milhões de turistas até 2015”, o que é um grande salto e um desafio, que “pressupõe crescer todos os anos 6 a 7%”. Encontrar a “estratégia e o ritmo regular” com os empresários, acentua, para incrementar este crescimento permanente, é outra meta a alcançar.
Quanto aos maiores entraves a um maior desenvolvimento turístico nos Açores, explica ser um pouco como acontece a nível nacional, sendo Lisboa, Madeira e Algarve destinos consolidados e o resto do país, incluindo os Açores, um “diamante em bruto”. Há “necessidade de articulação entre as entidades públicas” (que no fundo definem alguns parâmetros, os planos de ordenamento e identificam apoios financeiros) e os empresários, que são o “motor” de toda esta dinâmica, explica, acrescentando que os constrangimentos decorrem do facto de este ser ainda um destino em “construção e emergente”. Mas não há obstáculos “inultrapassáveis”, um sinal a dar aos empresários.
Portugal ser mais conhecido no estrangeiro, incluindo os Açores, passa muito pela “promoção internacional e pelas campanhas que desenvolvem, mas a seu ver o grande “desafio” destas campanhas que são muito caras, é o facto de estas conseguirem “corresponder a uma oferta efectiva de qualidade e competitiva”. Os serviços no âmbito do turismo são especializados nas campanhas promocionais e nos Açores a nova imagem é “bonita e apelativa”. O esforço tem sido feito, mas é preciso que a estruturação da oferta também corresponda a esse investimento. “Promoção muita obviamente, mas com a correspondente sofisticação e qualificação da oferta”.
Abordando a falta de animação que se denota na Região, a empresária avança ser um problema nacional, defendendo que “cada vez mais os empresários do sector do turismo têm de perceber que o turismo não é só proporcionar camas e um bom pequeno-almoço aos turistas”. É necessário que as equipas técnicas destes empreendimentos se rodeiem de “bons” colaboradores, que proporcionem toda uma experiencia aos seus turistas, não só dentro do hotel, mas fora. Dai a necessidade, acentua, de uma “articulação” entre os privados (que devem proporcionar essa experiencia e essas varias vivências) e as entidades públicas (que dispõem de jardins e programas culturais e religiosos). Todos devem colaborar para o objectivo de “transformar uma estadia que podia ser igual a qualquer outra, em algo claramente diferente e marcante” na sua vida.
Teresa Ferreira aproveita ainda para deixar uma mensagem aos empresários locais, dizendo-lhes que estes dispõem de uma “matéria-prima que precisa de ser trabalhada”, por isso são “imprescindíveis” nesse processo de posicionar os Açores nos grandes destinos turísticos mundiais. “Contamos com vocês”- conclui.
O Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) define o Turismo de Saúde e Bem-Estar, como um produto estratégico para algumas regiões de Portugal, incluindo os Açores.
O Observatório Regional do Turismo contribuiu para a implementação desse objectivo, promovendo esta conferência internacional que incluiu um estudo sobre os produtos de Turismo de Saúde e Bem-Estar e vários exemplos de sucesso, apresentados por reconhecidos especialistas e gestores de Spas e Centros de Talassoterapia, nacionais e internacionais. Trata-se do primeiro fórum, tanto a nível nacional como regional, para promover um debate alargado a todos os players do sector do turismo da Região Autónoma dos Açores e divulgar as melhores estratégias e práticas de benchmarking no domínio do Turismo de Saúde e Bem-Estar.
“Os Produtos de Turismo de Saúde e Bem-Estar: Avaliação das Possibilidades de Implementação nos Açores”; “A Importância da Alimentação num Projecto de Turismo de Saúde e Bem-Estar; a “Construção de um Destino de Saúde e Bem-Estar: A Perspectiva de um Operador Turístico”, “Promover a Oferta Portuguesa nos Circuitos Internacionais de Turismo de Saúde e Bem- Estar: O Conceito Aquameeting”; “Os Projectos das Termas da Ferraria e do Carapacho e Furnas Spa Hotel: Excelência no Turismo de Saúde e Bem-Estar”; “Choupana Hills: um Spa na Madeira”; “Caldea: Um Projecto Nacional e uma Fonte de Desenvolvimento Económico”, “Galiza: Um Destino de Turismo Termal na Espanha”, foram os temas abordados neste evento, que contou com a colaboração do Instituto de Turismo de Portugal, da Câmara do Comércio e Industria de Ponta Delgada e do Millenium BCP.
A Sessão de Encerramento contou com a presença de Carlos Santos, presidente do Observatório Regional do Turismo dos Açores, e de José Luís Amaral, director Regional do Comércio, Indústria e Energia.

Raquel Moreira



Public in Terra Nostra, Setembro de 2008.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Uma "apologia" da diversidade humana


Pedro Mota

"Ainda existem muitas diferenças e muita diversidade entre as culturas de vários povos do mundo e no fundo é essa riqueza que quero mostrar às pessoas", é este objectivo de Pedro Mota, que lança no próximo dia 25 do corrente mês o seu último livro, intitulado "Quatro Ventos, Sete Mares", que dá também o nome à exposição de fotografia que inaugura na mesma data. Segundo o artista, nivelar o mundo, que está numa "globalização acelerada" pode ser "muito mau", pois podemos "perder muito" neste nivelamento que muitas vezes é feito "por baixo".

Viajou e visitou 35 culturas diferentes acompanhado apenas de algum papel e de uma máquina fotográfica. E são estas experiências e vivências com povos e etnias totalmente diferentes da nossa, que Pedro Mota, um viajante de longo curso, nos apresenta no seu livro "Quatro Ventos, Sete Mares". Destinos como a Rota da Seda, a Rota das Especiarias, o Pacífico Sul e a Papua, a Índia e Sri Lanka, o Alto Árctico e a Sibéria, o Tibete e a Mongólia Exterior, o refazer da expedição de Ivens e Capelo (mapa cor-de-rosa), o Sudão e Madagáscar, a Amazónia e a Patagónia, Timor e São Tomé, entre outros foram retratados na sua última obra, que será lançada conjuntamente com uma exposição, com o mesmo nome, onde o artista nos mostra as diversas fotografias que tirou nestas viagens.
Há mais de 20 anos, que Pedro Mota recolhe contos e lendas junto dos povos que visita e com os quais convive, partilhando com o público em geral a sua visão conciliadora e de respeito pelas tradições e pelos diferentes modos de vida humana no nosso planeta.
Nesta exposição, a incidência de povos ou territórios com histórias convergentes resulta da união de influências entre as várias culturas, dando origem a uma permuta enriquecedora com culturas, que funcionam como especiarias na cultura portuguesa, como intensificadores de "sabor" da cultura lusa.
Pedro Mota, investigador na área da Astrofísica, escritor e fotógrafo, nasceu em Ponta Delgada e vive em Lisboa há 19 anos, desde que foi para a Universidade. Formado em Física Teórica, com especialidade em Astrofísica, Pedro Mota anda desde há cerca de 20 anos pelo mundo a "recolher contos tradicionais, lendas e rituais, principalmente de povos que só têm oralidade". Explica fazer uma colectânea e depois escreve, baseando-se nestes contos e na sua própria pesquisa. Como geralmente fica "muito tempo" com os povos que visita, o autor acaba por ter já um "'insight' grande" em relação à cultura dos mesmos, e começa a "fazer" fotografia. Isto, pois, esclarece, "são pessoas que conheço, com quem convivi durante bastante tempo e com as quais já tinha alguma intimidade, muitas vezes até amizade".
Mas, sublinha, trata-se de uma fotografia "muito próxima e muito íntima", daí o fazer "muitos retratos" e um retracto muito próximo, em relação a estes povos de diferentes culturas.
Tudo começou com o seu "interesse" pelas viagens e pela escrita, explica, acrescentando que as suas viagens são a "materialização de sonhos, que nasceram dos livros". Porém, a "tónica essencial" está na parte literária, pois é sócio da livraria "Ler Devagar", em Lisboa e está ligado a um grupo de poesia, que já existe há oito anos, o "Grupo da Poesia Vadia". O suster-se com um pé nas ciências exactas e na Astrofísica e o outro na poesia, já vem de longa data, acentua, lembrando ter participado com mais duas pessoas, na elaboração num "livro sobre os Romeiros de São Miguel".
Pedro Mota acrescenta ter também um livro de poesia, além da obra que irá lançar no dia 25 de Setembro nos Açores, junto com a Exposição "Quatro Ventos, Sete Mares", que dá o nome ao livro, a oitava ou nona que realiza nos Açores.
"Quatro Ventos, Sete Mares" afirma ser um livro de fotografia, mas em que a parte literária tem uma "grande ênfase", explicando que os seus livros fazem uma "crítica" sobre a parte literária, que considera ser "bastante simpática".
O autor revela ainda ter em mãos um romance de cariz etnográfico intitulado Tempo Vazio", a lançar talvez em inícios de 2009. A história desenrola-se em várias ilhas dos Açores como São Miguel, a Terceira, o Faial e o Pico, pois diz ser um "açoriano das ilhas todas", entre os anos 20 e os anos 60 e ao longo de "duas gerações".
Questionado sobre se podemos considerar este romance um "Equador" nos Açores, na vertente do conhecimento cultural que a obra contém, o autor afirma ser uma questão "interessante", que já lhe tinha "cruzado o espírito", acabando por reconhecer no Equador", o mesmo grande "cuidado" que teve na sua pesquisa. Isto, apesar de reconhecer ser ainda um "neófito" nestas artes, enquanto que a Miguel Sousa Tavares coube a sorte de ter uma "grande carga de genes literários", sendo filho de quem é. Curiosamente, quando leu o "Equador" estava em São Tomé, relata, avançando que tudo o que pode prometer, é que o livro estará "fundamentado". Pedro Mota salienta ter também, por parte da sua editora, uma oferta para avançar com "dois livros de contos tradicionais", projecto que ainda está numa fase "inicial".
A fotografia surgiu "naturalmente", quase no princípio das suas viagens, pois apercebeu-se que, além dos contos tradicionais e das lendas, "a imagem em si contava a história daquele povo e era importante aquele exotismo para ajudar as pessoas a criarem uma semiótica diferente, dado que as culturas podem ser tão diferentes".
Passou algum tempo no Tibete, na Amazónia, em Madagáscar, no Sudão, no Vietname, na Sibéria, mas destino de que gostou mais foi o Tibete, pela "grande força e intensidade humana e espiritual" que viveu. Uma das viagens a que dá um maior destaque é a ida ao Alto Ártico, até ao Pólo Norte, com os esquimós, "pela dureza e pelas condições extremas". Outra viagem, também muito "rica" em termos de contactos com povos diferentes, foi a Rota da Seda, além da viagem de Roberto Ivens e Vergílio Capelo (mapa cor-de-rosa), em que fez uma "grande parte a pé" pelo deserto do Caoari. O tempo que passou na Nova Guiné é também de lembrar, porque esta constitui a "última fronteira pelo exotismo e é uma viagem ao passado em que nada está estruturado, nada é 'à turista' e há algum perigo". Trata-se mesmo de uma zona de "exploração" e não, de um "paraíso para os antropólogos".
É já naquele ponto, que já está "quase a branco" nos mapas e "a partir daqui há monstros"- adianta, bem disposto.
A exposição subentende o livro e mostra algumas das suas fotografias, porque este é "muito rico em termos fotográficos"e no fundo é uma "súmula" seleccionada de 20 anos de viagens pelo mundo. Pedro Mota revela também que este contém alguns elementos muito "exóticos" e situações em que participou em alguns "rituais quase únicos no mundo", ou que muito poucos ocidentais tiveram a "sorte ou o privilégio" de poder assistir até hoje, em virtude de várias vicissitudes. "São 20 anos para além do limite desses 20 anos"- afirma, lembrando que a exposição já esteve Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, no Porto, irá estar em Ponta Delgada e; mais tarde na Nova Inglaterra e nos Estados Unidos, a convite do Consulado de Portugal em New Bedford. Pedro Mota caracteriza-a ainda como uma "apologia da diversidade humana ao longo do mundo" e retracta exactamente essa diversidade. "O mundo ainda não é monocórdico, ainda não é a Coca-Cola por todo o lado"- afirma, avançando que apesar de esta (Coca-Cola) lá estar, ainda existem "muitas diferenças e muita diversidade entre as culturas de vários povos do mundo". E é esta riqueza que deseja mostrar às pessoas e que "não se pode perder", é este o seu objectivo. "O que pretendo é tentar contribuir para as pessoas se aperceberem da grande riqueza, que é essa diversidade e terem isso em atenção". Sim, porque nivelar o mundo, que está numa "globalização acelerada", pode ser "muito mau", porque podemos perder muito neste nivelamento que, muitas vezes, é feito "por baixo".
Sobre as suas viagens e o intercâmbio cultural que estas proporcionam, Pedro Mota avança existirem diferentes maneiras dos povos se "adaptarem" ao meio ambiente onde vivem. Este viajante de longo curso constatou ainda que o exotismo, que existe numa primeira abordagem, "desaparece quando nos habituamos a ele", o que normalmente acontece no prazo de uma semana. "Ao fim de uma semana, já não vejo que as pessoas tenham um prato de madeira ou conchas enfiados num lábio, já não consigo ver este exotismo dessa maneira"-esclarece, avançando serem pessoas "iguais a nós, que têm os mesmos anseios, receios, sonhos, o medo das doenças e da morte, uma grande ligação aos filhos e à família e querem conhecer e interpretar o mundo em que vivem". Ao fim de muito pouco tempo, acentua, o exotismo, que os "pode separar ou tornar estranho o outro", desaparece, para ser muito fácil a "comunicação entre seres humanos, que são iguais na sua essência".
O autor classifica também as culturas que estiveram em contacto com a nossa ao longo de 500 anos, como "especiarias e intensificadores de sabor", tal como as especiarias em relação à culinária fazem "despertar essências mais profundas e realçam certos componentes do cozinhado". As culturas dos povos são como um "cozinhado", uma mistura de várias coisas que ficam a depurar, mas que os tornam únicos ao fim de algum tempo. A cultura portuguesa, por sua vez, é uma espécie de "caldeirada muito especial e única", à qual afirma dar "cada vez mais valor" à medida que o tempo passa, que viaja e que vê que há algo de especial. "Apesar de eu não ser de nacionalismos assoberbados, a cultura portuguesa tem algo de especial, que advém exactamente de ser fruto deste Melting Pot, deste Cadinho (recipiente usado em experiências), onde se fundiram várias culturas que interagiram, que é uma "grande riqueza". Factor que o ajuda a ser "tolerante, aberto, curioso", a entender e a ter alguma "facilidade de comunicação" com os outros povos e que deve aos seus "genes lusitanos".
"Só conhecendo as culturas que interagiram com a nossa é que podemos compreender melhor o que somos hoje, até mesmo em termos pessoais"- sublinha, avançando dar "muito mais valor à cultura portuguesa hoje, do que dava antes de ter esse contacto com os outros povos".
As culturas que são "totalmente diferentes" da nossa ajudam a dar "enquadramento" e a entender, que há várias formas do ser humano se adaptar ao seu meio ambiente. Além disso, pensando em costumes que podemos achar "bizarros ou estranhos", muitas vezes quando compreendemos a sua razão de ser, acabamos por entender que por trás daquele "prentenciosotismo", não estão mais do que razões de "pura sobrevivência".
Em termos de projectos, Pedro Mota revela ter, entre muitas outras, uma viagem planeada com os aborígenes na Austrália, pois estes têm um encontro anual no norte da Austrália de várias tribos e etnias e regressam a pé às zonas onde vivem. E eu gostava de o fazer, o que está mais ou menos alinhavado, vindo de volta com um dos grupos a pé pelo deserto australiano. Há uma no centro africano, na zona do Congo, que está também a ser pensada; outra no enclave indiano.
Na área literária, o autor está prestes a terminar o manuscrito do romance "Tempo Vazio", que, diz, estava a "fermentar" dentro de si há muito tempo. Não se trata de um romance histórico, mas etnográfico, aliás, como "tudo" o que escreve e muito "fundamentado", tal como aconteceu com o livro dos Romeiros, que "não poderia ser feito de outra maneira" e que implicou "quase quatro anos de pesquisa intensiva, em que fomos cavar, escavar em artigos e no pouco que havia escrito", para conseguir que este fosse "minimamente" fundamentado.
"É preciso ter atenção e não perder a riqueza, a diversidade do povo e dar muito valor às questões tradicionais"- ressalva Pedro Mota, avançando que costuma dizer que "os homens grandes são os que têm a cabeça nas estrelas e os pés no chão". Referindo-se à leitura em si, argumenta que "as pessoas gostam de ler", mas é uma questão de "hábito". E "há muita gente que ainda não descobriu o prazer de ler, mas que quando começa acaba por gostar muito", defende afirmando notar uma "melhoria" neste aspecto.

Raquel Moreira
Public in Agosto de 2008.

Descendente de micaelenses vinga no Canadá




Brian Melo

Venceu o Canadian Idol entre 10 mil concorrentes e veio pela primeira vez aos Açores, para actuar no Angra Rock e conhecer a terra natal dos pais, São Miguel.
A mistura de sentimentos nesta viagem foi "intensa" para Brian Melo, que afirma ter sido "muito bem" recebido pelos açorianos. "All I Ever Wanted" é um dos seus êxitos mais conhecidos.
Segundo a mãe, aos 6/7 anos já escrevia letras de canções, tendo ficado muito entusiasmado com o convite para actuar no Angra Rock no final de Agosto, que o trouxe aos Açores pela primeira vez. O vencedor do Canadian Idol entre 10 mil concorrentes, aproveitou também para conhecer a terra natal dos pais, São Miguel.



A mistura de sentimentos nesta viagem foi "intensa" para Brian Melo, que afirma ter sido "muito bem" recebido pelos açorianos. "All I Ever Wanted" é um dos seus êxitos mais conhecidos.
Brian Melo nasceu em Hamilton, Ontário, mas é filho de emigrantes micaelenses. "A minha mãe cresceu na Relva e o meu pai na Achadinha"- revela, acrescentando estar inserido na cena cenário musical desde "tenra" idade. O pai era presidente do clube português Vasco da Gama e "trouxe o folclore de lá", de modo que a música e cultura portuguesas fizeram parte da sua vida, desde "muito cedo". Os irmãos, relata, também se tornaram membros de bandas portuguesas, logo "a cultura portuguesa no seu todo exerceu uma grande influência" no seu crescimento. Brian começou por escrever canções "com amigos" e entrou para os “Stoked”, tendo concorrido a um programa de televisão, o Canadian Idol, do qual saiu vencedor entre 10 mil concorrentes, o que "mudou" a sua vida. "Todas as pessoas têm os seus sonhos e este foi realmente um ponto alto na minha história e ter a possibilidade de viajar e dar um pequeno passeio por Ponta Delgada foi magnífico"- enfatiza.
Os pais, sublinha, sempre lhe contaram muito sobre os Açores, sobre a paisagem e tudo o mais, claro que "a gastronomia sempre conheci, cresci com ela e é muito boa"-reconhece. Os açorianos também são "de uma hospitalidade inacreditável e muito simpáticos", afirma, acrescentando que desde que chegou foi recebido de "braços abertos". Do que aprendeu com os pais o que mais o marcou, foi a necessidade de "trabalhar arduamente, pois se trabalharmos bem, as coisas boas acontecem". Princípios, pelos quais admite que se regeu à medida que crescia, e que sem dúvida o "ajudaram" a chegar até hoje.
Começou a interessar-se pela música era ainda muito novo, tinha seis anos provavelmente. Como os irmãos actuavam em casamentos e festivais portugueses, Brian cresceu nesse ambiente e estava no seu "sétimo céu", quando estes lhe "davam de vez em quando uma pandeireta para as mãos". Desde então dedicou-se a escrever letras de canções e uns anos depois, pegou na guitarra e começou a compor, o que fez durante muito tempo. Passar a fazer parte da cena do rock no Canadá não foi tarefa fácil, explica, lembrando que, no início, lhe fecharam "muitas portas na cara", mas não desistiu.
Referindo-se ao Canadian Idol, o cantor recorda que já tinha concorrido dois anos antes, mas sem passar da primeira eliminatória. O que não o desanimou, levou-o, sim, a concentrar-se na sua música". Em 2007, o irmão convenceu-o a participar, "uma semana antes de começarem as audições". E Brian resolveu tentar, contando apenas com a sua "atitude e confiança", que jogaram a meu favor."Estabeleci alguns objectivos a alcançar em pequenos 'passos de ouro' e obviamente consegui o que queria"- ressalva.
"All I Ever Wanted" foi o seu single vencedor, esclarece, acrescentando estar muito "satisfeito" com todo o álbum, que considera mais de Pop Rock, mas que é ao mesmo tempo também muito diverso. "Tenho canções como Emily, que é mais de folk pop e "Stay", que é mais Hard Rock".
No Angra Rock, o artista mostrou as suas duas vertentes, "a mais suave e a mais pesada". O álbum é muito "diversificado" e tem algo "diferente" que o grupo traz à baila, "ao contrário de muitas bandas".
As suas canções falam de temas muito variados. "All I Ever Wanted" foi baseada no "alcançar dos sonhos, no desejar que estes se concretizem e na altura em que isto efectivamente acontece". Outras abordam as "relações falhadas e o caminho que se percorre até chegar até determinado momento, além das suas diferentes experiências de vida" com os amigos e família.
Antes de entrar no mundo da música, Brian já queria apenas ser "músico" quando crescesse. "Não havia outra escolha e quando as pessoas perguntavam que profissão que queira seguir, respondia sempre que seria músico. "Mesmo que tivesse de viver nas ruas, estaria no mundo da música, pois é uma paixão que tenho, é quase como o ar de que preciso" para respirar.
Falando na família, o cantor afirma que o que retira das suas raízes açorianas, é "a paixão" que os pais têm pela vida e pelos filhos. Eles tiravam a roupa do corpo pelos filhos se fosse preciso, acentua, acrescentando que tem visto como eles são capazes de "desistir de tudo" pela família. Por isso, enfatiza, o cantor dá o seu melhor para criar a melhor música possível e para lhes mostrar que eles não estavam "errados" ao acreditarem em si, avançando que irá" longe" nesta área e construirá uma carreira ""longa e duradoura.
"Os meus pais sempre tomaram conta de nós e se puder fazer algo para tomar conta deles, ai eles poderão descansar um pouco quando envelhecerem, o que obviamente me vai fazer sentir muito bem".
Em São Miguel esteve apenas umas horas, mas diz é uma ilha bastante "acolhedora". Quanto a um dia se mudar para São Miguel, lembra que "nunca" se sabe o que o futuro nos reserva, mas é definitivamente uma terra à qual gostava de "voltar".
Brian salienta ainda definir-se basicamente pelas suas acções. Podemos dizer que vamos fazer inúmeras coisas, mas isso "não" é importante. "Importa o que se alcança e os exemplos que se seguem".
"Sou uma pessoa muito apaixonada e melancólica, que se deixa levar pela maré e pelo vento"- revela, afirmando adorar pessoas "sinceras", que lhe consigam "olhar nos olhos e serem verdadeiras". Por outro lado, detesta o oposto disso, pessoas que "falem mal e nos apunhalem pelas costas".
O cantor aproveita também para dizer que respeita quem lhe diga as coisas "na cara". Mesmo que não sejam boas notícias, alerta, prefiro que me digam "de frente", pois não gosto de pessoas "desonestas e matreiras". Aprecia ainda a "amabilidade e as pessoas que se dão às outras e que gostam de as ver a praticarem o bem, porque seguramente precisamos de mais pessoas assim no mundo".
Segundo o descendente de micaelenses, se os Açores o quiserem de volta, Brian regressará, "de certeza". Este reconhece que foi preciso "coragem" para os pais se mudarem para os Estados Unidos, acrescentando que os tempos eram outros. Não havia muitos empregos na altura e eles emigraram em busca de novas oportunidades. "Se fosse comigo, teria feito o mesmo se tivesse objectivos a alcançar na música".
Em termos de projectos, o descendente de micaelenses lembra a final do Canadian Idol no próximo dia 10 de Setembro, mês em que já tem outro espectáculo marcado e está a preparar para o seu próximo álbum. Brian irá actuar também em Nashville e em Los Angeles. "É um círculo de emoções".
O cantor aproveita para agradecer o modo como o acolheram nos Açores, "de braços abertos", e o facto de lhe terem dado a "oportunidade" de actuar no Angra Rock, para fazer "aquilo de que mais gosta", cantar. Diz ainda estar muito "entusiasmado", pois todos dizem, que o espectáculo será "surpreendente" e algo de que "nunca" se esquecerá.
Biografia
Brian Melo nasceu em Hamilton, Ontário, e é filho de Maria e Augusto Melo, emigrantes micaelenses. Obteve treino profissional de voz na “Royans School for the Musical Performing Arts”, na qual também estudaram Rock Star Supernova, Lukas Rossi e Raine Maida, o líder dos Our Lady Peace. Ofereceu-se também para ajudar na gravação de vocais com alguns dos alunos da escola e em 1997, Brian Melo fez parte de um coro, que cantou com Shania Twain. Em 2003, o cantor era já o vocalista da banda alternativa/ indie "Stoked", composta também por Joe Cacioppo, guitarrista, Rick Fazendeiro, baixista, e o Paul Fontes, baterista.
No momento da sua audição para o Canadian Idol, Brian ainda estava a viver e a trabalhar em Hamilton, na construção civil. Teve audições para temporadas anteriores do Canadian Idol, mas nunca tinha 'seduzido' os juízes. No início de 2007, incentivado pelos seus melhores amigos e irmão resolveu tentar novamente, altura em que surgiu no grande ecrã pela primeira vez.
No final da competição, todos os juízes elogiaram Brian pelo seu desempenho e controlo no palco. Após o seu desempenho com "Karma Polícia", dos Radiohead, o público e os juízes fizeram-lhe uma ovação de pé. A esperança de Jake Gold, era que "as pessoas em casa compreendessem o que tinham acabado de ver. Um dos momentos mágicos do espectáculo.
Antes do final, Zack Werner, afirmou que Brian poderia muito bem ser o próximo Canadian Idol, pois dava "credibilidade" à música. E assim aconteceu, a 11 de Setembro de 2007 Brian venceu o Canadian Idol, apesar de ter sido considerado a "ovelha negra" no início da competição, batendo Jaydee Bixby.
O seu primeiro single, "All I Ever Wanted", foi lançado a 13 de Setembro de 2007 e teve como tema principal a canção "Livin' It". Em 2008, o cantor apresenta "Shine", pouco tempo depois lança o terceiro single do álbum, "Livin 'It", intitulado "Summertime". Participou ainda no vídeo de Faber Drive do vídeo, "Sleepless nights".



Raquel Moreira


Pulbic in Agosto, 2008.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

T2 não está à venda!


Ricardo Azevedo em São Miguel


O que mais aprecia nas pessoas é a simpatia e a generosidade, afirma salientando não estar a falar de “dinheiro”. Por outro lado, detesta o “vedetismo e a arrogância”.
Quanto a ser famoso, Ricardo Azevedo afirma que na maior parte do tempo não pensa nisso, nem se lembra que o podem reconhecer. Caso contrário “não estaria à vontade em sítio nenhum”. Do concerto que deu na Ribeira Grande, o simpático cantor leva a ideia de que as pessoas são “espectaculares”.


“Entre o sol e a lua” e principalmente “Pequeno T2”, são os seus êxitos mais conhecidos. Este último tema tornou o cantor mais conhecido do grande público, pois foi a música ‘chave’ de um spot publicitário, divulgado na televisão e rádios a nível nacional. Mas os “EZ Special” também fazem parte do seu percurso musical.
Ricardo Azevedo, compositor, músico e cantor, nasceu em Espinho, mas mudou-se com a família para Santa Maria da Feira, de onde sente ser natural. “Desde que me lembro sou de lá e faço o que gosto”- enfatiza, avançando que já tocava “desde os 15 anos”, mas a sua carreira começou a sério em 2002. Já teve muitas bandas, mas como todo o artista a certa altura decidiu que queria fazer algo a sério, “com pés e cabeça e, o resultado disso foi o nascimento dos EZ Special”. Por outro lado, o cantor reconhece que “nunca” pensou vir a ter tanto sucesso, pois pretendia apenas “fazer umas coisinhas engraçadas, alguns concertos e passar um bocadinho na rádio, se possível”. Mas, correu melhor do que esperava e foi, reconhece, um início “muito bom”.
No princípio recorda que “não queria cantar”, mas sim tocar guitarra e aprendeu uns acordes, sendo um pouco autodidacta. Teve aulas de voz para aprender a “respirar” com uma professora “fantástica”, que o levaram a dar um salto “muito grande” a nível de voz.
O cantor aproveita também para dizer que existem pessoas de todo o género, mas o que mais parecia é a simpatia e a generosidade, afirma salientando não estar a falar de “dinheiro”. Por outro lado, detesta o “vedetismo e a arrogância”.
Quanto a ser famoso, diz que na maior parte do tempo não pensa nisso, nem se lembra que as pessoas o podem reconhecer. “Só me lembro quando reparo que alguém olha e me reconhece. O resto do tempo nem penso nisso” - ressalva, acrescentando que caso contrário, “não estaria à vontade em sítio nenhum”. Mas afirma ser algo “normal”, que encara com “naturalidade” e que é também uma forma de “reconhecimento” pelo seu trabalho.
Tornou-se mais conhecido com o spot publicitário do "Pequeno T2", oportunidade que afirma ter surgido "por acaso" e numa altura em que a sua carreira a solo estava a arrancar, logo foi “muito importante”. Pelo que sabe, os responsáveis pela campanha publicitária “viram a música na televisão e acharam que tinha tudo a ver com o que queriam”- enfatiza, salientando que para si foi “espectacular”, pois isto poderia ter acontecido noutra fase da sua carreira e ter tido o seu lado “negativo”. Mas como se encontrava a desenvolver o projecto de uma banda, em que era conhecido em nome colectivo e “as pessoas sabiam que cantava em inglês”, foi muito importante para a “descolagem”.
O "Pequeno T2", explica, fala de uma fase da vida em que a pessoa vai sair de casa para ser “independente” e fazer frente às “adversidades”, que ocorrem no dia-a-dia de qualquer pessoa “normal”. É o sair de casa, encontrar uma pessoa e estar com ela nessa “aventura” de independência.
"Entre o sol e a lua" é uma música recente, uma das últimas que escreveu em 2006 quando preparava o álbum. Caracteriza-a como uma canção “romântica”, como uma forma de “declarar” à outra pessoa que se gosta dela e aborda as “contrariedades” da vida e o que impede uma relação de resultar. “A própria relação tem o seu desgaste e até pode ser que se combata a si própria”- salienta, avançando ser uma canção “positiva, que encara o futuro com um sorriso”.
Ricardo Azevedo inspira-se nas “experiências do dia-a-dia” e tenta que as músicas estejam relacionadas com a sua vida ou com a sua visão da vida, o que talvez vá mais de encontro ao que as pessoas são, pois estas “identificam-se mais” com a música.
Para si, a música é “comunicar de uma forma bonita e com energia”. Quando se trata de uma música romântica, sublinha, que seja “muito mais melódica do que ritmada”. No caso de uma música mexida, que seja “ritmada e com energia”, pois a melodia está “sempre” presente.
Quanto ao que sente em palco, depende das “condições”. Se houver muito público é “espectacular”, mas com pouco público, admite ter de fazer uma “concentração extra”, para dar o “melhor” de si.
“Uma pessoa habitua-se mal. Há pessoas habituadas a tocar com muito público e depois quando estão com menos público é um pouco mais difícil”- enfatiza, acrescentando que o público “realmente” transmite uma energia “fantástica”.
A vinda aos Açores e o concerto na Ribeira Grande afirma terem sido um pouco “atribulados”, porque foi tudo marcado “em cima da hora”. Além disso, recorda, não havia voo do Porto para Lisboa, o que os obrigou a ir de comboio. Foi um bocado “complicado”, ressalva, pois andaram de tudo menos de barco. “Foi desgastante e as condições podiam ter sido melhores a nível de som”. Mas de resto, apesar de admitir não ter sido o melhor concerto do mundo, derivado a essas dificuldades, o cantor acabou por constatar que as pessoas são “espectaculares”.
“Fiquei contente, pois foi o meu primeiro concerto a solo e vai ficado marcado para sempre na minha memória. Foi um concerto muito simpático, com muitas pessoas, e depois chamei-as para cantarem comigo o “Pequeno T2” e acabou por ser positivo”- acentua, afirmando que a sua música transmite diversas mensagens, que tanto podem ser de “alegria ou tristeza”, como de “frustração”, pois a música é isso “tudo”.
Na sua opinião, “as rádios passam mais música estrangeira, do que portuguesa”. Mas ultimamente o cantor reconhece que a situação se alterou um pouco. Devido às “quotas”, as rádios têm tocado mais música portuguesa e, sublinha, “sente-se um bocado como era antes”.
Caso contrário, as rádios passavam as músicas que queriam, o que a seu ver “não faz sentido”. Aliás, as rádios deviam ser “obrigadas” a tocar música portuguesa, pois “sente-se a sua falta”.
O cantor vai ainda mais longe ao afirmar, que “não faz muito sentido ouvir só música cantada em inglês, visto que se fala português nas ruas”. Além disso, é fundamental que isso aconteça, tanto em relação a novos projectos como aos artistas, para quando estes pensarem em criar um novo projecto “optarem pelo português”.
Ricardo Azevedo avança ainda que quando começou a cantar, fê-lo em inglês, pois “não havia nenhum” projecto que lhe chamasse a “atenção” e que o entusiasmasse e lamenta o facto de na altura não haver muitos projectos cantados em português. A música transmitida nas rádios e na televisão, era “quase sempre” em inglês e, reconhece, foi “necessário”.
Em termos de projectos, o cantor irá lançar um novo trabalho no início do próximo ano, “o mais tardar em Março”, espera. Este novo álbum terá “algumas diferenças”, revela, com a esperança de que sejam canções que “toquem mais” as pessoas e cuja produção deve ser um bocado mais “orgânica. Que as pessoas sintam que este trabalho subiu alguns degraus, em relação ao anterior”- é o desejo do cantor.
Biografia
Nasceu em
Espinho a 15 de Janeiro de 1977, mas era ainda muito novo quando se mudou com a família para Santa Maria da Feira, onde reside actualmente. A mãe foi quem o incentivou a entrar no mundo da música a cantar e a tocar viola.
Ricardo Azevedo foi membro de várias bandas efémeras de
Santa Maria da Feira, entre 1991 e 1999. Em 2000, ingressou na banda “EZ Special” como vocalista, onde permaneceu até finais de 2006. Por essas alturas, cansado de cantar em inglês decidiu ingressar numa carreira a solo, compondo e cantando em português. Em Maio de 2007, publica o seu primeiro álbum a solo “Prefácio”, com todas as canções da sua autoria, que contém o tema popular “Pequeno T2” e que representa a concretização de um sonho antigo do músico.
O tema fala de um jovem que vivendo com uma rapariga decide procurar uma casa para uma vida comum num andar com duas assoalhadas, pondo a sua vida de pernas para o ar, como diz o refrão da canção. Além de cantor é também compositor e músico.
A vontade de se expressar na língua mãe surgiu algures, em 2003, após o lançamento de "In n' Out", o primeiro disco dos “Ez Special”, quando o cantor sentiu que cantar em inglês poderia, de alguma forma, ser um obstáculo a uma melhor comunicação com os seus fãs, que lhe pediam, frequentemente, para cantar em português.
O registo foi gravado no Porto com a colaboração dos músicos Nuxo Espinheira (Blind Zero), Sérgio Silva (Jaguar Band) e Victor Silva e a produção foi entregue a Quico Serrano (Plaza) e a Saul Davies (James), que haviam trabalhado com o cantor na altura em que dava voz a temas como 'Daisy' e 'My Explanation'.
'Sonhos' foi a palavra escolhida pelo músico para definir o trabalho a solo numa palavra, já que o longa duração é encarado pelo próprio como o princípio da realização dos seus sonhos. A dificuldade em arranjar emprego, a crise do País, a falta de dinheiro e as ansiedades que essas questões criam, as paixões e os defeitos humanos são os temas abordados por Ricardo nas treze músicas de "Prefácio".
'Pequeno T2', que serviu de banda sonora para a campanha publicitária de uma entidade bancária, e 'Entre o Sol e a Lua' foram os primeiros temas do disco a chegar às rádios. Do longa-duração consta, ainda, um dueto com Rui Veloso, no tema 'Os Meus Defeitos'.


Raquel Moreira

Public in Terra Nostra, Agosto de 2008.